Pratini de Moraes condena protecionismo e prevê que Brasil será maior exportador mundial de carnes



O ministro da Agricultura, Pratini de Moraes, previu nesta quarta-feira (dia 14), em Plenário, que o Brasil se transformará, nos próximos anos, no maior exportador mundial de carnes. Para isso, observou, o país precisará reforçar seu sistema de vigilância sanitária e combater iniciativas de países desenvolvidos - como a recente proibição de importação de carne bovina pelo Canadá - destinadas a limitar o crescimento da participação brasileira no comércio internacional.

- Estou a cada dia mais convencido de que o constante recurso a barreiras sanitárias constitui, na verdade, o novo nome do protecionismo - afirmou Pratini aos senadores, durante sessão destinada à discussão do conflito comercial entre o Brasil e o Canadá. Ao mesmo tempo em que reduzem suas tarifas de importação, observou, os países ricos aumentam as barreiras não-tarifárias às exportações dos países em desenvolvimento.

A decisão do governo canadense de suspender as importações de carne brasileira, sob o argumento de risco teórico de contaminação do rebanho pela doença da vaca louca, foi adotada no início de fevereiro e seguida pelos Estados Unidos e pelo México, parceiros do país no Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta). Uma vez que o Canadá alegava não haver recebido informações técnicas solicitadas ao Brasil, o ministro relatou ter oferecido uma resposta imediata ao governo canadense.

O Ministério da Agricultura foi informado, porém, de que já havia sido tomada em nível ministerial a decisão de suspensão das importações de carne, só retomadas depois da visita ao Brasil de uma comissão composta por técnicos dos Estados Unidos e do México. Ao relatar o episódio, Pratini disse não ter dúvidas de que a motivação canadense não se inspirou na proteção aos consumidores. "Tratou-se de iniciativa marcadamente política, que deve ser analisada contra o pano de fundo do acirramento do contencioso comercial entre os dois países no tocante a medidas de incentivo às exportações de aeronaves", afirmou.

Além das medidas protecionistas, o ministro condenou os subsídios - que calculou em US$ 1 bilhão por dia - concedidos pelos países desenvolvidos a seus produtores. A utilização desses recursos, observou, está na origem da introdução de métodos intensivos de criação de gado que, combinando confinamento à alimentação à base de proteína animal, teriam levado ao surgimento da doença da vaca louca.

O gado brasileiro, ao contrário, é quase exclusivamente alimentado a pasto. Quando existe suplementação alimentar, informou o ministro, ela utiliza matérias-primas de origem vegetal. E o gado bovino importado vem sendo utilizado apenas para a reprodução, o que também afasta a possibilidade de contaminação. Mesmo assim, Pratini defendeu o reforço do sistema federal de defesa agropecuária, com a presença garantida de profissionais no controle dos rebanhos nas unidades de abate, nos portos e aeroportos.

A crise no comércio internacional de carnes, deflagrada após o surgimento de casos de contaminação de animais com a doença da vaca louca, também pode - na opinião do ministro da Agricultura - abrir novos espaços para o Brasil. "Para a carne bovina brasileira, é uma oportunidade de crescimento para os próximos meses, quando o consumo voltar a crescer", previu Pratini. "Mas para a carne de frangos e suínos, que substituem boa parte da demanda de carne bovina, a oportunidade é extraordinária e imediata", afirmou.

14/03/2001

Agência Senado


Artigos Relacionados


Produtores brasileiros contam em livro como País tornou-se maior exportador mundial de carne de frango

Brasil será maior produtor mundial de carne

São Paulo é o segundo maior exportador de calçados do Brasil

Valter Pereira: FAO prevê que Brasil será maior produtor agrícola até 2019

Appio defende Pratini de Moraes

Protecionismo e vigilância sanitária foram principais temas de debate com Pratini