Presidente do Senado paraguaio pede aos senadores aprovação de acordo sobre Itaipu



Em reunião na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), o presidente do Senado paraguaio, Miguel Carrizosa, pediu aos parlamentares brasileiros que aprovem o novo acordo de Itaipu, que aumenta a remuneração ao Paraguai sobre o excedente de energia comprado pelo Brasil.

O acordo faz parte da declaração conjunta firmada em 25 de julho último pelos presidentes Lula da Silva e Fernando Lugo, que, entre outros itens, define um novo fator de multiplicação a ser aplicado aos valores recebidos pelo Paraguai a título de compensação pela energia elétrica cedida.

O presidente da CRE, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), disse que irá colaborar para que a matéria tramite normalmente, mas registrou que se preocupa com as consequências do acordo para o consumidor brasileiro.

- O Brasil assumiu todo o custo da construção de Itaipu. Com relação aos financiamentos do BNDES ao Paraguai, às linhas de financiamento, aos projetos de incentivo na área de infraestrutura, não há nenhum questionamento da oposição. Queremos que o Paraguai se desenvolva com seus recursos próprios, mas estamos preocupados com a questão da revisão do preço da energia, que pode significar aumento de custos para os consumidores - disse Azeredo, nesta quarta-feira (26).

Em entrevista, Azeredo informou que a CRE aprovou convite ao ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para explicar as propostas do governo em relação a Itaipu. O senador considera que o Brasil, a fim de contribuir para a integração regional, tem cedido demais ao Paraguai e ajudado muito esse país, mas alertou que é preciso que o governo ajude os brasileiros mais pobres.

Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse esperar que a declaração conjunta signifique nova fase de relacionamento entre o Brasil e o Paraguai e garantiu que se empenhará pela aprovação do documento. O mesmo compromisso foi assumido pelo senador Flávio Torres (PDT-CE).

Carrizosa e outros cinco senadores paraguaios foram recebidos pelo presidente do Senado, José Sarney, e por Azeredo antes da reunião na CRE. Segundo o parlamentar paraguaio, Sarney declarou que apoiará o documento firmado entre Lugo e Lula. Carrizosa manifestou a esperança de que o espírito de integração seja forte entre os deputados brasileiros para que a votação do acordo, que começará a tramitar na Câmara, seja rápida. Referindo-se às eleições de 2010, ele lembrou que no ano que vem terá início um novo "período político" no Brasil, e que os paraguaios não gostariam que a questão de Itaipu fosse "contaminada pela época".

Sobre os "brasiguaios", Carrizosa afirmou que há hoje cerca de 500 mil brasileiros vivendo no Paraguai e que o governo do seu país já iniciou um processo para que eles tenham sua situação legalizada, possam trabalhar e ter trânsito livre. Informou também que cerca de 50 mil paraguaios vivem no Brasil.

Quanto à posição do Senado paraguaio sobre o ingresso da Venezuela no Mercosul, Carrizosa disse que esse é um tema polêmico e que, no momento, a maioria dos senadores paraguaios preferiu esperar um pouco mais antes de decidir sobre a proposta.

- No momento, diferenciamos a Venezuela e o seu povo das coisas que eventualmente possa realizar Hugo Chávez - afirmou, citando em seguida o fechamento de emissoras de TV naquele país e o cerceamento à liberdade de expressão como questões que estão adiando uma decisão do Senado paraguaio.

Rita Nardelli e Koiti koshimizu / Agência Senado



26/08/2009

Agência Senado


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