Procon constata alta de 5,99% no valor da cesta básica



Feijão carioquinha, carne, salsicha e cebola tiveram os maiores aumentos de preço

O valor da cesta básica de maio apresentou alta de 5,99%, revela pesquisa da Fundação Procon-SP, órgão vinculado à Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania, em convênio com o Dieese. O preço médio da cesta era de R$ 284,98 em 30 de maio e passou para R$ 302,04 em 30 de junho.

Dentre os produtos que compõem o grupo, destacamos os que registraram as maiores  altas de preço, neste mês: Feijão Carioquinha – pac. 1 kg. (34,50%); Carne de Segunda s/Osso – kg (21,34%); Salsicha Avulsa – kg (19,14%); Carne de Primeira – kg (10,29%) e Cebola – kg (9,35%).

Dos 31  produtos  pesquisados, 18 apresentaram alta, 12 diminuíram de preço e um permaneceu estável. Neste mês, o grupo Alimentação foi o que registrou a maior variação positiva (7%), seguido pelo Limpeza (2,12%) e, Higiene Pessoal (0,74%).

A variação no ano  é de  16,81%  (base 27/12/2007), e nos últimos 12 meses, de 33,71% (base 29/06/2007). O último recorde da Cesta Básica desde o Plano Real foi de R$ 302,04, em 30/06/2008.

É importante salientar que os aumentos ou quedas de preço dos produtos que compõem a Cesta Básica nem sempre estão atrelados a algum desequilíbrio entre oferta e demanda, motivado por razões internas (quebras de safra, política de preços mínimos aos produtores, conjuntura econômica do país, etc.) ou por razões externas (mudanças no cenário internacional, restrições políticas ou sanitárias às importações brasileiras etc.). As alterações de preços, especialmente as de pequena magnitude, podem refletir tão somente procedimentos adotados por determinados supermercados da amostra, seja para estimular a concorrência, para se destacar em algum segmento, ou simplesmente para "desovar" estoques através do rebaixamento temporário dos preços.

A análise a seguir pretende focalizar os produtos com maior participação na variação do valor médio da Cesta Básica deste mês.

Feijão

O feijão foi um dos produtos que mais contribuíram para a elevação da inflação no último ano.

Desde o final do ano passado, vários fatores desencadearam essa elevação de preços: variações climáticas, com longos períodos de estiagem na região sul; atraso no plantio e quebra da safra nas principais regiões produtoras de Goiás e Minas Gerais e redução da área plantada.

Com a colheita da segunda safra do Paraná e de outras regiões produtoras, o mercado voltou a ficar abastecido no período de fevereiro a maio deste ano, promovendo declínio temporário dos preços. Esse declínio não durou muito e o preço do feijão voltou a subir em junho, motivado novamente por problemas climáticos que comprometeram a oferta. Além disso, a alta do preço dos fungicidas para o combate da antracnose (fungo que prejudica a qualidade do feijão) aumentou os custos de produção.

Com as novas colheitas no segundo semestre, a expectativa é que os preços recuem. No entanto, os técnicos do governo estão preocupados com a competição com o milho, que tem se mostrado uma cultura mais rentável neste período, face à grande demanda por etanol nos Estados Unidos.      

Na pesquisa da Cesta Básica, o Feijão Carioquinha apresentou a maior variação positiva desde novembro do ano passado (quando registrou alta de 34,66% em relação ao mês anterior). O preço voltou, praticamente, ao patamar praticado em dezembro.

Carne Bovina

Os preços da carne bovina continuam em alta. A oferta menor de gado somada à liderança nacional nas exportações mundiais de carnes e ao consumo interno crescente, devido ao aumento da renda, fez com que os preços internos mudassem de patamar. Outros fatores interferem, ainda, nesse ciclo de alta, como o aumento dos insumos.

O custo dos fertilizantes depende, em grande parte, das variações do preço do petróleo, que também influenciam os custos de frete.

Problemas climáticos também interferiram nos preços. Em junho, com as temperaturas mais baixas, ficou mais difícil manter o gado no pasto e os produtores foram obrigados a confinar os animais, aumentando o consumo de ração e, conseqüentemente, aumentando o custo de produção.      

Na pesquisa da Cesta Básica, o preço da carne bovina vem apresentando variações positivas de preço desde o mês de março, sendo que nos dois últimos meses a altas foram significativas. O preço da carne de segunda apresentou, em junho, sua maior variação positiva mensal em dez anos.  

Carne Suína

As temperaturas mais baixas em muitas regiões do Brasil estimularam a demanda do produto e valorizaram o preço da carne suína em maio e junho.

O aumento das exportações brasileiras de carne suína, justificado pela demanda internacional, além da alta dos preços das commodities, como soja e milho, acabaram por pressionar também o preço dos suínos.

Na pesquisa da Cesta Básica, a Salsicha Avulsa (Kg) e a Lingüiça Fresca (kg) – derivados da carne suína – apresentaram alta de preço nos dois últimos meses. Em junho, o preço da salsicha apresentou sua maior variação positiva mensal em dez anos.

Carne de Frango

Produtores de frango, preocupados com a queda dos preços do produto, registrada no início do ano, aceleraram a partir do mês de março o descarte de matrizes, com o objetivo de reduzir o alojamento e a produção. O resultado foi um movimento de alta, na tentativa de recuperar os patamares anteriores.

No mês de junho o preço do frango voltou a subir, embora em menor escala. O aumento do preço do milho – principal insumo – continuou pressionando a alta. Do lado da demanda também houve um crescimento do consumo no mercado interno, por ocasião da concorrência com a carne bovina (que está mais cara). O crescimento das exportações foi outro fator de pressão altista sobre os preços. 

Na pesquisa da Cesta Básica, o preço do frango resfriado inteiro – kg apresentou uma variação acumulada no ano de 5,70%.

Cebola

A safra de 2008 vem sendo marcada pelo grande aumento de preço dos insumos agrícolas (o adubo comercializado em São Paulo valorizou mais de 50% no primeiro trimestre do ano), o que acarreta uma elevação considerável no custo de produção. Outros fatores vêm contribuindo para o encarecimento do produto: o reajuste do salário mínimo e o conseqüente aumento do custo da mão de obra; a saída dos trabalhadores do campo para a cidade e a chuva que motivou o transplante de mudas na primeira quinzena de maio e refletiu na alta dos preços pagos pelas diárias aos funcionários rurais.

No primeiro quadrimestre de 2.008, o Brasil importou um volume de produto argentino 10% superior ao do mesmo período de 2.007, devido à menor oferta brasileira. Ainda assim, não foi suficiente para inverter a trajetória de alta dos preços. Com a intensificação da colheita nas regiões produtoras de Minas Gerais e Goiás a tendência é que a oferta se normalize e os preços recuem.

Na pesquisa da Cesta Básica, a cebola foi o produto que teve a maior variação acumulada de preço no ano: 69,57%. 

Da Fundação Procon-SP

C.C.



07/10/2008


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