Procon orienta população de baixa renda sobre consumo consciente
Programa de educação da Fundação abrange peças teatrais para crianças e adolescentes e incentivo à leitura
Cartazes coloridos, livros, folhetos informativos, fantoches, cenário, textos de teatro, muita criatividade e disposição compõem a bagagem da técnica de Defesa do Consumidor da Fundação Procon-SP Leda Carolina de Faleiros Costa. Em jornadas quase diárias a regiões da capital consideradas de maior vulnerabilidade social, Leda leva noções de cidadania e consumo consciente a centenas de pessoas de bairros com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), onde o acesso à informação e aos serviços é restrito. Também visita, regularmente, mais de 200 Centros de Integração da Cidadania (CICs) e associações civis cadastrados.
Seu programa de educação para o consumo abrange duas peças teatrais para crianças e adolescentes – sobre alimentação saudável e publicidade – e outra para idosos, sobre preservação de recursos naturais. Há ainda a Biblioteca Animada, com livros sobre cidadania e consumo para estimular o hábito da leitura em crianças e adolescentes e ao mesmo tempo educá-los sobre seus direitos. Para isso, Leda conta com o apoio da bibliotecária Ana Lúcia Lopes Meira, que costuma acompanhá-la nas jornadas.
Leda visita as entidades, leva boletins informativos sobre direitos do consumidor, participa de reuniões e propõe que o tema seja trabalhado pela comunidade, em forma de leituras coletivas, discussões e trabalhos com jovens. Depois, faz acompanhamentos para, em seguida, atualizar seu cadastro com os resultados. “Criamos instrumentos para que se possam trabalhar conceitos de defesa do consumidor de maneira leve e lúdica”, explica a advogada.
Frutas, árvores e TV – Nas edições do Sabadania, projeto da Secretaria da Justiça e Defesa da Cidadania, Leda e Ana são presenças garantidas. Dirigem-se à biblioteca do CIC, onde o evento está sendo realizado, e lá montam seu circo. Nas paredes, cartazes coloridos com imagens de frutas, legumes e verduras; sobre a mesa, livros de autores conhecidos da literatura infantil, como Ruth Rocha e Fanny Abramovich; na frente da sala, um cenário colorido para fantoches e, num pequeno varal, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) em versão de cordel.
A peça sobre alimentação saudável, Como é bom ter um amigo experiente, fala da importância de consumir alimentos frescos, de observar com atenção as embalagens dos produtos industrializados, de nunca comprar um alimento cuja embalagem esteja amassada
uja ou aberta, além de não se esquecer de verificar a data de validade. Há também o trabalho de associação entre as frutas e suas árvores, por meio de cartazes coloridos. “Fazemos com que eles admirem a variedade de cores e formatos dos alimentos. A criança urbana, especialmente a de regiões mais carentes, é muito dissociada da natureza”, explica. “Muitas ainda acreditam que as frutas nascem no supermercado”.
Na dramatização sobre publicidade, as crianças são orientadas a só comprar brinquedos com o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (Inmetro), garantia de que o produto foi fabricado de acordo com normas de segurança e que oferece adequado grau de confiança. Assistem à peça Não acredite em tudo o que o comercial apresenta, na qual uma vovozinha conversa com o neto sobre as propagandas da televisão. O objetivo é desenvolver visão crítica sobre a publicidade, por meio de questões como: “Será que esse brinquedo é mesmo tão bacana?”, “Será que só é possível brincar se tivermos brinquedos?”. Discute-se a importância dos jogos e brincadeiras ao ar livre, tão conhecidas do universo infantil, como pega-pega, amarelinha, esconde-esconde. “É muito rica a variedade de brincadeiras que elas conhecem; a gente observa que nessas comunidades as crianças têm um contato saudável com os jogos em grupo, de correr, pular, porque brincam na rua, o que em outras regiões é mais difícil”.
Mágica – Depois de assistirem à peça, Leda propõe que as crianças montem o seu próprio comercial e apresentem à platéia. É talvez nesse momento que ela percebe a importância do seu trabalho. Os alunos expressam, ao manipular os fantoches, muitos de seus anseios e carências. Retratam nos textos o seu próprio universo, como se o cenário e os bonecos lhes permitissem falar o que muitas vezes não lhes é perguntado. Outros demonstram compreender muito bem os artifícios da publicidade. Leda conta que não é raro aparecerem “camas mágicas”, “sapatilhas mágicas” e outros produtos “mágicos”, todos capazes de satisfazerem os sonhos mais impossíveis e sempre a preços incrivelmente baixos.
Biblioteca Animada – Os livros são cuidadosamente selecionados por Ana, com títulos sugestivos, referentes à cidadania e ao consumo. São espalhados na biblioteca, para que a criançada veja e sinta-se à vontade para ler. “Tentamos fazer da biblioteca um espaço vivo, alegre, não um ambiente intimidador”, explica a bibliotecária. “Daí a nossa preocupação com o colorido dos cartazes, bonecos e cenários; mas infelizmente muitos espaços que visitamos não têm estrutura”. Ana acredita na importância do trabalho de mediação entre os livros e o leitor e destaca que o papel dos pais é fundamental nesse aspecto. No final do evento, surpresa: um dos livros expostos desapareceu. Ana e Leda entreolham-se: “Bom sinal, pelo menos
10/08/2008
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