Produção de petróleo no Brasil deve atingir 6,1 milhões de barris em 2020



A meta do Brasil para os próximos 10 anos é triplicar a produção anual de petróleo e gás, fazendo com que o setor seja responsável por 67% do investimento previsto de R$ 1 trilhão para todo setor energético do País. Segundo o presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), Maurício Tolmasquim, que apresentou nesta segunda-feira (6), no Rio de Janeiro, o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2020), a produção brasileira de petróleo deve passar dos atuais 2,1 milhões de barris diários para 6,1 milhões em 2020, como consequência da exploração do pré-sal.

“O consumo vai aumentar, mas o grosso disso vai para o mercado externo”, explicou Tolmasquim, alertando que o volume considera tanto a produção da Petrobras como do setor privado. De acordo com o PDE, metade da produção será destinada às exportações.

Em relação ao gás natural, a estimativa da EPE é um salto da oferta dos atuais 58 milhões de metros cúbicos (m³) por dia em 2011, para 142 milhões m³/dia em 2020. O percentual de participação do conjunto das fontes renováveis de energia (hidráulica, eólica, etanol, biomassa, entre outras) também vai aumentar na matriz energética brasileira nos próximos dez anos. A presença destes recursos, que somou 44,8% em 2010, chegará a 46,3% em 2020.

O PDE, que está aberto à consulta pública no site do Ministério de Minas e Energia, projeta aumento expressivo da demanda por etanol no mercado brasileiro como resultado da expansão dos veículos bicombustível, que atualmente representam metade da frota nacional, mas que devem chegar a 78% dos automóveis em circulação no País em 2020. Além disso, a EPE projeta que o preço do etanol será competitivo em relação ao da gasolina. A oferta de etanol concentra quase a totalidade dos investimentos previstos para a área de biocombustíveis, que somam R$ 97 bilhões.

“Quando aumenta o flex [carro bicombustível], aumenta também o consumo do etanol. Historicamente, 70% das pessoas que têm carro flex consomem etanol em vez de gasolina”, disse Tolmasquim. A projeção é que a oferta de etanol acompanhe o aumento de demanda, afastando a possibilidade de faltar o biocombustível em função do preço, das condições climáticas e das sazonalidades de safra.

Em relação à energia elétrica, Tolmasquim também apresentou um cenário otimista. Segundo o PDE, o Brasil já contratou 70% da energia elétrica necessária para atender o aumento da demanda projetado até 2020, de 4,7% ao ano, em média (para um crescimento da economia estimado em 5% ao ano). Os 30% restantes, que ainda precisam ser contratados, terão como origem prioritária as fontes renováveis, com menos participação das hidrelétricas, que hoje representam 75% da capacidade instalada, mas que deve cair para 67% até 2020.

“No que diz respeito à geração, a hidreletricidade continua sendo a prioridade, acompanhada de perto pela energia eólica e a biomassa. Não podemos descartar as térmicas à gás já que, com o pré-sal, houve uma grande descoberta de gás natural e o gás poderá também ter um papel importante nessa matriz”, explicou o presidente da EPE.

Sobre energia nuclear, Maurício Tolmasquim mostrou cautela e lembrou que o PDE já previa a construção da terceira usina em Angra dos Reis como única planta nuclear projetada para esta década. “Após esse período, podemos esperar uma discussão sobre qual o papel da energia nuclear na matriz brasileira. Tem um grande debate apos [o vazamento de radiação nas usinas de] Fukushima, no Japão. Houve a desativação das usinas na Alemanha. Mas temos que considerar que o Brasil tem um grande potencial, domina o enriquecimento [de urânio] e tem a sexta reserva de urânio do mundo. Portanto, não devemos considerar que vamos abrir mão dessa tecnologia, mas devemos discuti-la olhando os prós e contras para ver em que ritmo devemos explorá-la”.

 

Fonte:
Agência Brasil
Empresa de Pesquisa Energética



06/06/2011 20:47


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