Professores apresentam decálogo de medidas contra a crise
1. Criação de um programa de governo que estimule a cogeração de energia elétrica, por iniciativa de empresários e de produtores, determinando-se através de lei que as distribuidoras sejam obrigadas a adquirir o excedente de energia desses cogeradores, como acontece nos Estados Unidos;
2. Criação de um programa de implantação de usinas alternativas de energia, que se utilizem da biomassa e de resíduos agrícolas, como a palha de milho, o bagaço de cana e outros, com financiamentos do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O Brasil já detém tecnologia avançada em várias dessas áreas. Esse programa é de rápida implantação e teria, ainda, segundo o professor Sauer, a vantagem de aproveitamento de mão de obra e de tecnologia nacionais;
3. Obrigar as empresas distribuidoras de energia a distribuírem lâmpadas mais econômicas para a população de baixa renda. As lâmpadas de luz branca custam cerca de R$ 20 a unidade e não podem ser adquiridas pela população mais pobre. As lâmpadas comuns custam R$ 1. Como as distribuidoras até agora, segundo o professor Pinguelli, não foram convocadas a pagar nada pela crise da qual elas também têm grande fatia de responsabilidade, a decisão seria bem recebida pela sociedade.
4. Aceleração do programa de usinas termelétricas de unidades geradoras de energia, movidas a gás natural, cuja instalação (pequenas unidades) leva de três a quatro meses;
5. Fortalecimento das condições estruturais para maior troca de energia entre as diversas regiões do país;
6. Renegociação com o governo do Paraguai do modo de operação das turbinas de Itaipu, de modo a tornar possível a instalação de novas linhas de corrente alternada, que podem trazer mais energia para o Brasil dentro de um ano a um ano e meio.
7. Conclusão das usinas de grande porte cuja construção já tenha sido iniciada;
8. Repotencialização das hidrelétricas já instaladas (troca de velhos por novos equipamentos mais potentes), de modo a aumentar a capacidade instalada de várias usinas, sobretudo das mais antigas.
9. Convocação de representantes de toda a sociedade (empresários, trabalhadores e parlamentares) para a definição de um pacto social que estabeleceria as formas aceitáveis de racionamento.
10. Redução de 50% da produção dos setores intensivos de consumo de energia elétrica, tais como alumínio, cloro-soda e ferro-ligas, através um desligamento ordenado. Somente o setor de alumínio, para que se tenha uma idéia, segundo o professor Sauer, responde atualmente por 10% de todo o consumo nacional de energia elétrica. O governo, diz o professor da USP, deve agir mais sobre esses setores e "parar imediatamente de fazer terrorismo com a população, ameaçando-a com o aumento de tarifas" que ele considera absurdo e injusto, e com o corte de energia, que ele e o professor Pinguelli consideram uma "medida fascista" e "stalinista".
22/05/2001
Agência Senado
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