Projeto busca soluções para sustentabilidade dos pomares



O manejo e a conservação dos pomares de laranja, limão e tangerina (os cítricos) virou tema de pesquisa e transferência de tecnologia. O projeto é coordenado pela Embrapa Amazônia Ocidental, unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). A iniciativa busca viabilizar alternativas de manejo conservacionista e sustentável para pomares no estado do Amazonas.

O projeto inclui tanto ações de pesquisa voltadas para gerar e adaptar tecnologias para as condições locais quanto a capacitação de produtores em boas práticas agrícolas. A ideia é consolidar um sistema produtivo que promova a redução dos riscos de contaminação ambiental, do homem e dos frutos produzidos. 

Cultivo de citros no Amazonas

Por meio de um esforço conjunto, pretende-se solucionar vários problemas tecnológicos que ameaçam a citricultura no Amazonas. O cultivo de citros é um dos ramos mais promissores da fruticultura no Estado, envolvendo 2.400 produtores nos municípios vizinhos a Manaus.

A pesquisa busca gerar conhecimento científico adaptado ao ecossistema amazônico, além de oferecer alternativas para manejo adequado do solo, de coberturas vegetais/adubosverdes, além do manejo e controle de plantas infestantes, nutrição e adubação de citros, entre outras questões. 

Desafios

Entre os problemas que desafiam a citricultura no Estado, o pesquisador da Embrapa Mandioca e Fruticultura, José Eduardo de Carvalho, cita que 99% dos plantios de citros são feitos em cima de apenas uma variedade de porta-enxerto, que é uma parte da plantação que fica mais na superfície. “Isso não dá sustentabilidade e é um risco grande, pois se vier uma doença pode arrasar essa citricultura”, afirma. “Por outro lado, uma variedade só para mercado também não dá uma sustentabilidade mercadológica para o produtor”, complementa. 

Entre os estudos realizados pelo projeto, destaca-se a avaliação de combinações de copas e porta-enxertos de citros introduzidas no Amazonas e que se mostram com alto potencial de adaptabilidade ao ambiente, tolerância a pragas e permitem aumentar as opções do citricultor na oferta de frutos. 

Experimento

Está sendo feito experimento para avaliação dessas novas combinações de copas e porta-enxertos em área do produtor rural Sebastião Siqueira de Souza, no município de Rio Preto da Eva (a 90 km de Manaus). O agricultor, que trabalha na área de citricultura há 13 anos, e conta com 225 hectares de área plantada, destaca que o estudo será importante para mostrar novas alternativas para a citricultura regional.

“Hoje temos um problema seríssimo, porque a grande maioria dos pomares tem como porta-enxerto apenas o limão-cravo, e ele é um dos mais suscetíveis a pragas e doenças, como a gomose. Além disso, esta possibilidade de diversificar as combinações permitirá a produção da fruta o ano todo, porque tem variedade que é precoce, semiprecoce, de meia estação, tardia e supertardia”, conta.

O experimento também contempla a avaliação de variedades de porta-enxerto “ananicantes”, que formam uma arquitetura de copa menor. Para o produtor, esta é uma boa opção para aumentar a produtividade da propriedade. “No passado, nós trabalhávamos aqui em uma densidade de 204 plantas/ha. Hoje já trabalhamos com 571 plantas/ha. Caso estas variedades que estão sendo testadas se adaptem bem aqui, nós poderemos aumentar esta densidade para 700, 800 plantas/ha. Ou seja, em uma mesma área você produz muito mais. Isso vai dar um lucro maior, sem contar que não será necessário abrir novas áreas de floresta”, destacou Sebastião. 

Outros problemas a serem enfrentados são o uso inadequado do solo e alto uso de agrotóxico no controle de plantas infestantes. Para responder com alternativas a essas questões, o projeto conta com estudos para geração, adaptação e adoção de tecnologias poupadoras de insumos químicos, priorizando métodos biológicos de controle. O projeto também busca definir para as condições amazônicas um modelo de manejo do solo com foco em práticas agrícolas sustentáveis. 

Entre as ações que estão sendo feitas inclui-se, ainda, o monitoramento da ocorrência de importantes doenças que afetam plantios de citros em outras regiões, como HLB e CVC e que ainda não ocorrem no Amazonas. Além disso, pretende propor a redução de aplicações de agrotóxicos em pomares de citros através de técnicas de manejo integrado de pragas. 

Capacitações

O coordenador do projeto, pesquisador da Embrapa Amazônia Ocidental, Marcos Garcia, cita que estão previstas capacitações aos produtores em de boas práticas agrícolas, para controle de pragas, para otimizar insumos como adubos químicos e para reduzir o uso de agrotóxicos. 

O atual projeto dá continuidade e amplia as ações de um projeto anterior, denominado “Desenvolvimento da Citricultura e implantação do modelo de Produção Integrada no estado do Amazonas”, também realizado sob coordenação da Embrapa Amazônia Ocidental, com financiamento da Fapeam, e participação de vários parceiros. As ações que foram realizadas sobretudo no município de Rio Preto da Eva, com várias capacitações para produtores e técnicos. 

O coordenador do projeto destaca que é possível ver resultados do projeto anterior a partir de mudanças entre produtores de Rio Preto que participaram das capacitações oferecidas pelo projeto passado e já adotam boas práticas agrícolas. “Hoje eles têm uma visão diferente, embora não estejam ainda trabalhando em um sistema de Produção Integrada, mas estão em transição”, afirma Marcos Garcia. Um exemplo disso é que muitos produtores deixaram de basear-se em “calendário” para aplicação de produtos contra pragas e estão passando a fazer monitoramento para observar se há necessidade de aplicação, fato que reduz o uso de agrotóxicos. 

Nas ações do projeto atual, serão trabalhadas várias frentes, desde o melhoramento envolvendo variedades para porta enxerto, além de questões relacionadas à fitossanidade, manejo e conservação de solo, manejo de cobertura, manejo de plantas infestantes, nutrição e adubação de citros. As capacitações vão apresentar os resultados dos experimentos que estão sendo feitos. “Nessa fase se espera levar para o produtor a tecnologia já existente e fazer as adaptações de tecnologias que são necessárias para o Estado. Essas adaptações serão através de pequenos experimentos feitos 

Fonte:
Embrapa



08/10/2013 14:35


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