Projeto Guri abre horizonte para a garotada da periferia



Atualmente sete mil crianças participam do programa

“Graças ao Projeto Guri, meus filhos estão entrando na sociedade”. Emocionada, a costureira Neide Neusa da Silva, de 40 anos acredita que seus filhos terão um futuro promissor por integrarem o programa de formação musical clássica e popular, desenvolvido gratuitamente pela Secretaria Estadual de Cultura há quatro anos e meio. Por meio do Projeto Guri, sete mil crianças e adolescentes da Capital e do Interior estão tendo a oportunidade de dar um novo rumo as suas vidas. Desde o final de 1995, o programa vem ampliando o universo dos benefícios culturais a todos os segmentos da sociedade, formando orquestras e corais com crianças e adolescentes de baixa renda, que não tinham nenhum conhecimento musical. Antes de ingressar no programa, o filho caçula de dona Neide, Danilo, de 11 anos, brincava pelas ruas do bairro onde mora na Ponte Rasa, Zona Leste. Há três anos ele trocou o jogo de futebol pela arte do violão. “Não fico mais nas ruas. Minha vida mudou para melhor”, conta o pequeno. Orgulhosa, dona Neide, sempre que possível acompanha as apresentações e recorta as fotos que saem nos jornais. “Meus filhos terão um bom futuro. Muitos criticam o Estado mas eu só tenho a agradecer”, afirma a costureira cujo sonho é ver os filhos integrarem a Orquestra Sinfônica do Estado. Além de Danilo, sua filha mais velha Patrícia, de 12 anos, toca violino há quatro anos no Projeto Guri como também já se apresentou em casamentos. Na cidade e nos assentamentos rurais “Ocupar o tempo dos jovens com atividades de lazer e cultura e ensiná-los novas atividades são mecanismos, que além de ajudar na formação acaba afastando-os da marginalidade e da violência”. A afirmação é feita pela coordenadora do Projeto Guri, Elizabeth Parro (foto), que está à frente do programa desde sua criação. “O Guri trabalha com a auto-estima da criança, além de dar oportunidade para o filho do trabalhador de baixa renda que não pode comprar um instrumento. Aqui ele aprende a ouvir música clássica e passa a fazer parte de um novo público”, explica. Os adolescentes que pretendem seguir a carreira são encaminhados para a Escola de Música na cidade de Tatuí ou para a Universidade Livre de Música (ULM) na capital. Sem qualquer custo. Atualmente na Capital, o Guri atende 450 adolescentes em suas três unidades: a Oficina Amácio Mazzaropi, no bairro do Brás, com 130 adolescentes; a da Febem Tatuapé, com 250 integrantes, e o Programa de Orientação Familiar (POF) na favela de Paraisópolis, beneficiando 70 jovens. O programa conta ainda com 25 pólos e 25 corais espalhados pela Grande São Paulo e Interior. A idade varia entre 8 e 18 anos. A exceção é o grupo da Febem, do qual o limite se estende até 21 anos. Desde sua criação, o programa já atendeu 25 mil adolescentes. Outra região onde o programa é bastante atuante é em Pontal do Paranapanema. “Lá atendemos 500 crianças em oito assentamentos”, afirma a coordenadora do Guri. Cada unidade do Projeto Guri tem custo mensal de R$ 3 mil para o Governo do Estado. Na Capital, o gasto é de R$ 5 mil por mês. O Governo do Estado é o principal patrocinador do projeto. “Os custos com instrumentos, professores, uniformes, lanches e hospedagem - quando viajamos- ficam todos a cargo do Governo”, destaca Elizabeth. “Estamos atrás de patrocinadores para poder estender o programa a mais cidades”, revela a coordenadora, observando que mais de 100 municípios estão na fila de espera. Na capital, o programa conta com o apoio da Sociedade Amigos do Projeto Guri. A entidade recebe incentivos da Lei Rouanet – lei de incentivo cultural do Ministério da Cultura- e foi criada para angariar recursos. Participam tanto pessoas físicas quanto jurídicas. Elizabeth destacou o empenho da atual administração no projeto. “O Guri é um grão de areia no oceano. Se todo mundo fizesse um pouco pelo social teríamos mais meninos trocando uma arma por um violino”, analisa. “Somente um Governo aberto e democrático como o do governador Mário Covas e do secretário Marcos Mendonça, poderia resgatar a cidadania das crianças de baixa renda, dando a elas a oportunidade de se profissionalizarem”, conclui a coordenadora do Projeto Guri. Emoção nas apresentações Desde sua criação, parte dos integrantes do Guri participa do Festival de Inverno de Campos do Jordão, patrocinado pela Secretaria Estadual de Cultura. Em algumas apresentações, acompanharam o cantor e compositor Toquinho. Os integrantes também já tocaram e cantaram na Sala São Paulo, inaugurada no ano passado, e no Memorial da América Latina. A cada apresentação, o nervosismo mexe com o emocional das estrelas mirins. “A gente se sente importante ao ser aplaudido de pé por milhares

05/22/2000


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