Projeto pretende criar rede de cooperação entre comunidades afrorrurais da América Latina



Quilombos, palenques, cumbes, maroons e cimarrones são denominações dadas em diferentes países da América Latina para comunidades rurais de afrodescendentes. Locais que trazem o traço comum de luta contra a escravatura. 

No Ano Internacional dos Afrodescendentes, estabelecido pela Organização das Nações Unidas, em 2011, essas comunidades serão tema do projeto Quilombo das Américas. O objetivo é fazer um levantamento dos aspectos sociais, econômicos, alimentares, institucionais, tecnológicos e culturais de comunidades afrorrurais no Brasil, Equador e Panamá. A pesquisa tem o objetivo de construir, a partir desses dados, uma rede de articulação de políticas públicas e cooperação entre essas localidades. 

“São comunidades em países latino-americanos e caribenhos com trajetórias históricas similares aos quilombos no Brasil e com uma realidade muito próxima da que ocorre no País”, explica o pesquisador Edson Guiducci Filho, da Embrapa. 

A coordenação das atividades é da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (Seppir), em conjunto com a Embrapa, a Agência Brasileira de Cooperação, o Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas (Ipea), dentre outros. 

De acordo com Edson Guiducci Filho, o projeto conta com dois eixos, o primeiro é o acesso a direitos econômicos sociais, culturais e políticos. O outro eixo trata da soberania alimentar, com ações voltadas à promoção da segurança alimentar desses locais. Ele explica que, até o final de novembro, um grupo de pesquisadores irá visitar comunidades afrorrurais no Brasil, no Equador e no Panamá para caracterizar esses locais. 

Os estudos vão levantar informações sobre questões como acesso à terra, à saúde e à educação, mercado de trabalho, recursos naturais, sistemas produtivos e organização social. 

As informações recolhidas pelos pesquisadores servirão como subsídio para a formulação de políticas públicas e projetos de cooperação. “Obviamente cada país tem sua constituição e suas especificidades. Mas em linhas gerais a necessidade é garantir direitos sociais essenciais, mínimos”, afirma o pesquisador do Ipea, Josenilton Marques. 

“Conhecer comunidades com os mesmos problemas em outros países está sendo impactante. Graças ao projeto foi possível ver que há muita coisa que pode melhorar e muitas coisas nas quais nós podemos ajudar. Sinto que essa luta vai servir a todos, pois todos esses países têm o mesmo problema, que vem da época da escravidão”, afirma Martha Quintana, prefeita de Santa Fe, distrito da província de Darién, no Panamá.

Para o secretário executivo da Corporación de Desarrollo Afroecuatoriano (Codae), José Chala Cruz, o Quilombola das Américas é uma oportunidade para os países participantes conhecerem os avanços das nações vizinhas sobre temas como soberania e segurança alimentar. “O governo equatoriano tem uma grande expectativa de ter uma relação de aprendizagem e intercâmbio de conhecimentos que vai dar oportunidade de reflexão sobre a segurança alimentar”, disse. 


Fonte:
Embrapa



01/09/2011 09:07


Artigos Relacionados


USP sedia encontro internacional de comunidades judaicas da América Latina

Educação: Secretaria assina termo de cooperação com Memorial da América Latina

Delegação brasileira participa do Fórum de Cooperação América Latina e Ásia do Leste

Rede difunde informações sobre justiça de transição na América Latina

MDA apresenta Rede Brasil Rural em principal feira agrícola da América Latina

Empreendimentos de São Paulo estão entre os 100 maiores da América Latina