Projeto Verde é Vida inicia trabalhos para remodelar Parque da Água Branca
Protocolo de intenções, que visa a recuperar e revitalizar também outros parques da cidade, já foi assinado
Um oásis na zona oeste, de fácil acesso, com segurança, qualidade de vida, várias opções de lazer e cultura. Pode-se dizer que o Parque Dr. Fernando Costa, ou Parque da Água Branca, em Perdizes, brindado com 137 mil metros quadrados de área verde, afina-se com tudo isso. Afina, principalmente, com o recém- lançado Projeto Verde é Vida, iniciativa que visa a recuperar e revitalizar os parques urbanos da cidade de São Paulo.
Da idéia inicial, voltada para uma simples arrumação estética, em que a jardinagem seria destaque, surgiu o projeto, bem mais abrangente, amparado em diversas parcerias. “As raízes se espalharam de tal modo que o chão ficou todo cheio de calombinhos, dificultando a prática de exercícios tanto para jovens quanto para os idosos. Ao entrar mais a fundo nos problemas, percebemos que um parque tem coisas muito mais complexas. No nosso caso, envolve ainda fiações elétricas, do lençol freático, das edificações dentro do parque, como essa que abriga o Fundo de Solidariedade e Desenvolvimento Social e Cultural (Fussesp)”. Quem conta é Mônica Serra, presidente do Fussesp, que assinou o Protocolo de Intenções do projeto Verde é Vida. Fazem parte do acordo as Secretarias Estaduais do Meio Ambiente, da Agricultura e Abastecimento, da Cultura, e de Saneamento e Energia, além das Secretarias Municipais de Coordenação das Subprefeituras e do Verde e Meio Ambiente.
Projeto de muitas mãos – As intervenções começaram pelo Parque da Água Branca, onde funciona a sede do Fussesp. Numa primeira etapa, serão recuperados o tanque das carpas, a tubulação de esgoto, sistemas de águas pluviais e água potável e também as vias de circulação. Outras obras, já em andamento, prevêem a demolição da caixa d’água com risco de queda, a reforma dos bancos e dos brinquedos infantis, a implantação de 20 postes de iluminação, elaboração de projeto paisagístico, contratação de equipe de jardinagem e de engenheiro agrônomo para cuidar da área verde.
Mônica Serra diz que a idéia de deixar o Parque da Água Branca mais bonito a persegue desde que assumiu a presidência do Fussesp. “Não era apenas uma questão estética, pois todos os prédios do Parque são tombados e é nossa obrigação cuidar deles”. Fez contatos com outros secretários e, assim, construiu-se um projeto a muitas mãos. Dele participam órgãos do governo estadual, municipal, sociedade civil e iniciativa privada.
O projeto, que possibilitará a preservação de um patrimônio histórico, segue com mais novidades para o próximo ano. Entre as atividades incluem-se o restauro do Bosque das Palmeiras e do Lago Preto, dos prédios em estilo normando, com vitrais art déco, assinados por artistas de renome, do estacionamento, das baias, construção de praças de alimentação e recuperação do Relógio do Sol.
Usuário é prioridade – Segundo Hudson Pacífico da Silva, assessor técnico do Fussesp e coordenador do Verde é Vida, as necessidades técnicas detectadas no local englobam cinco etapas de intervenções – na área verde, nas águas e saneamento, energia e iluminação, infraestrutura e sinalização. Os usuários também foram ouvidos e muitos apresentaram sugestões. “Ao elaborar o plano levamos em conta as solicitações da população”.
Freqüentadora assídua do Água Branca, a aposentada Maria Stela Siqueira Cunha, de 90 anos, festejou as mudanças. “Temos aqui a menor área com a maior variedade de árvores. Cinco minutos de permanência no Parque são suficientes para respirarmos oxigênio por muitas horas, segundo pesquisas internacionais. Não há valor que pague a terapia de caminhar por essas alamedas. Se o parque for bem tratado, o usuário respeita, sente orgulho de ter uma área como esta na cidade”.
Maria Stela e a amiga Flora Vicente de Carvalho gostam de dizer que têm “um caso de amor” com o parque. “A gente briga, reivindica melhorias há muito tempo, isso porque somos freqüentadoras antigas, conhecemos palmo a palmo este chão”, diz Flora. Maria Stela também já comprou boas brigas em favor do parque. Chegou até a encabeçar um grupo contra a privatização. “Imagine, queriam transformar este paraíso todo num shopping center para cavalos mangalarga!” Recentemente, sugeriu outras medidas, como a dos bancos novos, dos postes e luminárias.
Mas há ainda muito o que fazer, de acordo com Mônica. Em 2008, os usuários terão não só as calçadas esticadinhas assim como as mesas novas. Poderão usufruir de uma biblioteca ao ar livre nos quiosques. “Penso em instalar um kit de aparelhos de ginástica destinados aos idosos, como existem em algumas cidades do interior. Não custa além de 4 mil reais, só falta patrocinador”, garante. “Depois de tudo pronto, vamos implantar um projeto de educação ambiental para atingir as crianças, os melhores transformadores de conhecimento e de novidades”.
Trata-se de uma intervenção total, explica. A sinalização interna, por exemplo, será de grande benefício. O acordo foi feito com o Senai que se encarregou do projeto visual de sinalização. Será importante para que as pessoas não se percam ao procurar uma casa de pão de queijo ou outro comércio. Haverá cartazes em cada uma das entradas, com um mapinha geral, inclusive das baias que terão outro uso – exposição de alimentos, legumes e frutas sem agrotóxico, na promoção da vida saudável, especialmente para o pessoal do interior que se dedica à agricultura familiar, artesanal. “Enfim, nosso objetivo é facilitar a vida do usuário e tornar esse espaço o mais agradável possível”.
Uma bênção – Desde cedo, o que se vê no Parque da Água Branca são pessoas – jovens, adultos, grupos de crianças de escola, idosos – em busca de ar puro, momentos de lazer, praticando exercícios, “jogando conversa fora”, como diz Maria Stela.
A atriz Vida Vlat vem todos os dias praticar exercícios e tomar água de coco na banca da Rosete Sales de Oliveira (“Trabalho há mais de 30 anos aqui, conheço todas as primeiras-damas”, comenta Rosete, orgulhosa). Vida considera o parque patrimônio raro e valioso, “que deve ser tratado exatamente como está sendo feito agora, com projeto que funcione”. Ficou feliz com a nova iluminação (“todos poderão freqüentar à noite, como no Ibirapuera”).
O antes sedentário Carlos Wantuil conhece o Parque há mais de 30 anos, mas só passou a curtir depois que chegou aos 50 anos de idade, quando bateram a diabetes e a hipertensão. Graças às caminhadas, perdeu 20 dos 100 quilos anteriores. “Este parque é uma bênção e, pelo jeito, vai ficar melhor”.
Maria das Graças Leocadio
Da Agência Imprensa Oficial
11/23/2007
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