Randolfe: analfabetismo no Brasil é vergonhoso e reflete descaso dos governantes



Há 25 anos, em seu histórico discurso durante a promulgação da Constituição de 1988, o deputado Ulysses Guimarães (1916-1992), afirmou que “a cidadania começa com o alfabeto”, chamando a atenção para a baixa escolaridade da população. Foi o que lembrou nesta segunda-feira (7), o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), para quem a persistência do analfabetismo no Brasil reflete o descaso dos governantes.

- Ainda temos 13,2 milhões de brasileiros que não têm reconhecidos seus direitos de cidadãos, metade desses localizados no Nordeste do país. E mais, não temos tido as políticas, por parte do Estado, para este número ser traduzido a zero – afirmou.

Na época da promulgação da Constituição, disse Randolfe, o Brasil tinha 30,4 milhões de analfabetos, que correspondiam a 25% da população. Atualmente, observou, o país tem 13,2 milhões de analfabetos, ou 8,7% da população. Randolfe afirma que é de causar vergonha o fato de o Brasil não ter conseguido erradicar o analfabetismo depois de duas décadas e meia. Estados como Alagoas e Maranhão continuam com mais de 20% de analfabetos, acrescentou o senador.

- Nestes 25 anos o estado brasileiro se mostrou incapaz de erradicar o analfabetismo – pontuou.

Durante esses 25 anos, afirmou o senador, países como Tailândia, Equador, México, Venezuela, Guiana, Colômbia, Paraguai e Suriname conseguiram reduzir o analfabetismo em seus territórios de maneira muito maior e significativa do que o Brasil.

- E o que é trágico, é para nos deixar rubros de vergonha, a República do Zimbábue, na África, que tinha índices de analfabetismo maiores do que o nosso, nestes 25 anos reduziu mais o analfabetismo do que nós – acrescentou.

O senador salientou que, dos 13,2 milhões de brasileiros analfabetos, 7,1 milhões estão na região Nordeste. Nestes 25 anos, observou Randolfe, a maioria dos estados nordestinos não conseguiu queda significativa dos índices de analfabetismo.

- Os dados do Nordeste se comparam a São Vicente e Granadinas, Dominica, Guiné Equatorial, Barém, Namíbia, São Tomé e Príncipe, República do Congo. Os dados de analfabetismo do Nordeste brasileiro são iguais aos da Suazilândia, Ilhas Salomão, Vanuatu, Camboja, República do Quênia, Madagascar, Djibuti, Argélia e Líbia. Há regiões do Nordeste brasileiro com dados piores de analfabetismo do que países africanos que recentemente estiveram envolvidos em guerra civil – registrou.



07/10/2013

Agência Senado


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