Recesso poderá ser em agosto, diz Sarney



O presidente do Senado, José Sarney, e o presidente da Câmara dos Deputados, João Paulo Cunha, propuseram ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o recesso constitucional de julho do Congresso seja adiado para agosto. Assim, os trabalhos do Legislativo poderão se estender por maior período antes das eleições municipais de novembro. A informação foi dada por Sarney em entrevista nesta terça-feira (8), durante a realização de evento que discutiu o tema -Agenda para o Desenvolvimento Sustentável da Infra-Estrutura-.

O presidente da Câmara, João Paulo Cunha, também participou do seminário e informou que a sugestão foi feita a Lula para garantir a votação de seis matérias importantes. -Se a proposta for aceita, trabalharemos com esforço concentrado para votar esses projetos até o fim de julho-, disse. Na Câmara será prioridade a votação das leis que tratam das Agências Reguladoras, incorporações imobiliárias e inovações tecnológicas. No Senado terão prioridade nesse período o projeto que institui as parcerias público-privadas, a Lei de Falências e a Lei de Biossegurança.

Durante o evento que debateu os investimentos em infra-estrutura, o presidente José Sarney destacou que o Brasil conseguiu, ao longo de sua história, solucionar questões de infra-estrutura políticas e institucionais com as quais muitos países ainda se debatem. O país tem unidade territorial, fronteiras definidas, convivência racial pacífica, e boa convivência religiosa. -Isso é um patrimônio extraordinário-, disse.

Sarney destacou ainda que, com a eleição de Lula para a presidência, todas as classes sociais já chegaram ao poder.

- Isso conclui o ciclo republicano. É um trunfo enorme para o Brasil. Mais pra frente, ninguém poderá reclamar que não teve oportunidade de governar o país - afirmou. José Sarney lembrou que as áreas de telecomunicações e energia conseguiram se modernizar no Brasil, mas há um -extraordinário- gargalo no setor de transportes. O senador destacou a importância de haver mais investimentos em portos e em estradas de ferro. Já o setor de infra-estrutura compreende áreas de energia elétrica, telefonia, transportes e saneamento básico.

O Ministro da Casa Civil, José Dirceu, que também participou do evento, afirmou o Brasil vive uma situação -esquizofrênica-, porque tem demanda de infra-estrutura mas não consegue suprir as necessidades do setor. Dirceu afirmou que as reformas, que se reiniciam no Congresso no próximo ano, vão proporcionar mais investimentos em infra-estrutura, gerando mais justiça social e também maior crescimento econômico.

O presidente da Associação Brasileira da Infra-Estrutura e Indústrias de Base (Abdib) - instituição que promoveu o encontro -, José Augusto Marques, afirmou que o país precisa vencer o gargalo da infra-estrutura para poder crescer. O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, disse que falta segurança para os investidores de infra-estrutura.

- Isso gera um paradoxo. Há demanda, tecnologia e investidores, mas tirando o setor de telecomunicações, em todos os outros o investimento é insuficiente - disse.



08/06/2004

Agência Senado


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