Região de Campinas quer prioridade de FH









Região de Campinas quer prioridade de FH
BRASÍLIA. O prefeito de Vinhedo e presidente do Conselho de Desenvolvimento da Região de Campinas, Milton Serafim (PSDB), pediu ao presidente Fernando Henrique Cardoso que dê prioridade ao combate à criminalidade nas 19 cidades da região. Ele solicitou que o Ministério da Justiça elabore um projeto de segurança específico para a área.

Segundo o prefeito, Fernando Henrique pediu ao ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, que estude a proposta. Em setembro do ano passado, o prefeito de Campinas, Antônio da Costa Santos, o Toninho do PT, foi assassinado.

O prefeito tucano apresentou ao presidente a experiência de trabalho unificado das polícias em Vinhedo. Milton Serafim disse que conseguiu uma atuação coordenada entre as polícias Militar e Civil e a Guarda Municipal, com redução dos índices de criminalidade.

Em Vinhedo, município de 50 mil habitantes, o prefeito criou uma central, onde as polícias Civil e Militar e a Guarda Municipal atendem às ocorrências. Segundo Serafim, com o trabalho unificado das polícias na cidade, distante 75 quilômetros de São Paulo, houve uma queda dos furtos de veículos em 62%. Além disso, o número de homicídios teria caído e o de prisões de traficantes, aumentado.

— A idéia é pegar a experiência de Vinhedo e pôr em prática na região de Campinas. Afinal de contas é uma região que representa 10,2% do Produto Interno Bruto (PIB), e abriga 2,3 milhões de habitantes — disse Serafim.


ONU: combate ao crime precisa da sociedade
BRASÍLIA. A alta comissária das Nações Unidas para Direitos Humanos, Mary Robinson, em visita ao Brasil, disse ontem que a sociedade deve participar de programas de combate à violência e ajudar a reduzir a incidência de crimes como o assassinato ao prefeito de Santo André, Celso Daniel. Ontem, em palestra no Itamaraty, a alta comissária reconheceu que o problema de segurança é muito difícil de ser combatido a curto prazo.

Mary disse que tem acompanhado os recentes casos de violência no Brasil pela imprensa e em conversas com autoridades brasileiras. Segundo ela, os últimos crimes contrariam o programa de direitos humanos que vinha sendo bem desenvolvido pelo Brasil ultimamente.

A alta comissária da ONU tomou café da manhã ontem com o ministro da Justiça, Aloysio Nunes Ferreira, e almoçou com o presidente Fernando Henrique Cardoso. A ambos, ela disse estar satisfeita com a melhoria da situação brasileira em relação ao racismo. Para Mary Robinson, o país adotou medidas eficientes para combater o preconceito.

Ela anunciou, durante a palestra no Itamaraty, que a ONU manterá um funcionário no Brasil por seis meses. Com um orçamento de U$ 500 mil, o representante das Nações Unidas será responsável por articular parcerias com a sociedade civil e o governo em programas para a promoção de melhoria da qualidade de vida dos brasileiros. Em março, visitará o país o comissário das Nações Unidas Nigel Rogers. Relator especial de Direito e Alimentação, o advogado atenderá a um convite feito pelo presidente Fernando Henrique em dezembro passado.


Campanha de Serra causa racha no PSDB
BRASÍLIA. Os tucanos não estão falando a mesma língua. Na organização da campanha do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, os coordenadores, entre eles o presidente do partido, José Aníbal (SP), e o secretário-geral, Márcio Fortes (RJ), divergem sobre tudo: do aluguel de um comitê à contratação do publicitário.

Alegando que ainda não é hora de se gastar dinheiro, Fortes diz que só será alugado um imóvel para a instalação de um grande comitê, como quer Aníbal, em julho. Fortes também argumenta que não é necessário investir agora na contratação de um publicitário de peso, como Nizan Guanaes, para a criação do programa do dia 6 de março, já que a campanha em rádio e TV só começará em agosto.

— Eles podem até querer. Mas o partido não vai pagar nada — avisou Fortes.

Apesar de uma corrente do governo defender a saída conjunta de todos os ministros-candidatos da Esplanada num único dia, o ministro da Saúde, José Serra, deverá deixar mesmo o cargo antes de seus pares. Ele sairá do ministério e voltará ao Senado até dia 18, mas seus colegas de governo ficam até abril, no fim do prazo legal, numa tentativa de impedir o rompimento da aliança com o PFL neste momento. A reforma ministerial precipitaria o afastamento de pefelistas da base aliada.

Os tucanos, que esta semana apertaram o cerco ao PMDB e conseguiram avançar nos entendimentos com o PPB para um futuro apoio, ainda alimentam a expectativa de que, mais adiante, o PFL poderá recuar e acabar apoiando a candidatura Serra.

Segundo um líder tucano, se os pefelistas quiserem um acordo em torno de Serra, a própria escolha do governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), para vice servirá para uma composição regional. Candidato à reeleição em Pernambuco, Jarbas sairia da disputa e poderia dar espaço a um candidato pefelista que teria o apoio da aliança.


Na TV, programa pefelista prioriza a segurança
BRASÍLIA. Em sua despedida nesta série de aparições na TV, ontem à noite, a governadora do Maranhão, Roseana Sarney, deu ênfase as suas realizações no setor de segurança pública no estado. Ela disse que prendeu 38 pessoas envolvidas com o crime organizado e com o roubo de cargas, entre elas dois deputados estaduais. Roseana também contou que, numa fuga em um presídio maranhense, mandou prender todos os policiais que estavam trabalhando até que o foragido fosse recapturado.

— Segurança tem que ser responsabilidade do governante. Não pode dizer que é responsabilidade de A, B ou C. Tem que assumir. No caso do Maranhão, eu assumi — disse.

Em outro trecho, a governadora foi mais explícita:

— Eram 38 envolvidos (com o crime organizado e o roubo de cargas). Botei todos na cadeia. Até hoje tem deputado preso.

Num cenário semelhante a um programa de auditório, Roseana, de terno claro e tênis, respondeu perguntas de cidadãos comuns e pessoas selecionadas por seus publicitários.

— Não se tira o atraso de séculos em menos de uma década, nem no Brasil e nem no Maranhão, onde todos os indicadores sociais melhoraram, a maioria acima da média brasileira — disse Roseana, ao responder a uma pergunta sobre os problemas sociais de seu estado.


Jarbas conversa com PPB e alerta sobre Garotinho
BRASÍLIA e RECIFE. Convidado para ser o vice da chapa do tucano José Serra, o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB), alerta para a possibilidade de o governador do Rio, Anthony Garotinho (PSB), chegar ao segundo turno das eleições, no lugar de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Por isso, aconselhou Serra a não partir para o confronto com nenhum partido da base, especialmente com o PFL de Roseana Sarney.

— Temos chances de vencer com unidade. Se for cada um para um lado, ficará mais difícil — disse.

Jarbas avançou ontem em direção ao PPB: esteve com o presidente nacional em exercício do partido, Pedro Correia (PE), que prometeu levar à executiva do partido a proposta de adesão a Serra.


Lula: “A direita jogará nas nossas costas o que der errado no mundo”
PORTO ALEGRE. O virtual candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem em Porto Alegre, no Fórum Social Mundial, que “a direita vai tentar jogar nas costas da oposição tudo o que der errado no mundo”, até a crise argentina e o terrorismo internacional.

— Mas já temos experiência e vamos provar o contrário — disse o pré-candidato do PT.

Segundo Lula, os setores mais conservadores estão tentando convencer os eleitores de que, se o P T vencer a eleição, o Brasil enfrentará crise semelhante à da Argentina.

— Em 1998, Menem disse que se eu ganhasse as eleições o Mercosul iria quebrar. Vamos ter que mostrar que as relações internacionais de comércio independem da origem ou da cor dos olhos do presidente. O que querem saber é se terão retorno nos investimentos.

Para Lula, o Mercosul não funcionou porque seus principais países, Brasil e Argentina, têm economias em crise.

Programa de segurança depois do carnaval
O pré-candidato petista anunciou que, logo depois do carnaval, vai entregar um projeto de segurança pública ao presidente Fernando Henrique, aos 27 governadores e aos parlamentares.

Lula considerou que a Prefeitura de Porto Alegre e o governo gaúcho, ambos do PT e anfitriões do Fórum Social Mundial, estão contribuindo de forma positiva para melhorar a imagem do Brasil no exterior.

— Espero que nós estejamos contribuindo para que vocês levem essa outra imagem do Brasil para fora, para que ela não seja só a da violência, do futebol e do carnaval — disse ele aos jornalistas estrangeiros.

O presidente nacional do PT, deputado José Dirceu, reafirmou ontem que o partido está empenhado em ampliar sua política de alianças, principalmente com o PL e o PMDB. Dirceu considerou que a queda de Lula nas pesquisas de intenção de votos não é preocupante.

Dirceu está certo que Lula irá para o segundo turno
Para ele, é certo que Lula disputará o segundo turno das eleições e, assim que o ministro da Saúde, José Serra (PSDB), assumir que é o candidato do governo, as perspectivas eleitorais tendem a sofrer grandes mudanças.

— Quem tem mais chance de ir para o segundo turno é a gente. E nós também temos força publicitária. Quando formos à TV, as coisas mudam. E, além de campanha, nós vamos fazer mobilização social — disse o presidente do PT.

Dirceu atacou o presidente Fernando Henrique e o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), a quem culpou pela onda de violência. Ele comparou Alckmin com o governador de Minas Gerais, Itamar Franco (PMDB), cortejado pelo PT para uma aliança nacional.

— São dois problemas: o crime organizado e a segurança pública. O governo federal tinha que assumir o primeiro e o estadual, o segundo. Mas não assumem nenhum. Sou obrigado a dizer isso: a situação está fora de controle. Vejam a diferença entre o que Alckmin fez depois das mortes dos nossos prefeitos e o que Itamar fez sobre a morte do promotor — afirmou José Dirceu.


Garotinho transfere R$ 23 milhões da Saúde para secretaria de Rosinha
O governo estadual destinou R$ 23 milhões da Secretaria estadual de Saúde para projetos comandados pela secretária de Ação Social, Rosinha Mateus, o nome preferido no PSB para disputar a sucessão do governador Anthony Garotinho. Com a decisão, publicada no Diário Oficial do último dia 23, Rosinha ganhou mais recursos para três projetos, considerados pelo decreto do governador como iniciativas de combate à desnutrição: restaurante-popular, cheque-cidadão e leite-saúde. Para beneficiar esses programas, foram prejudicados outros serviços, como o de assistência hospitalar e ambulatorial, que perdeu R$ 12,5 milhões.

Secretaria de Saúde diz que uso de verbas é legal
Ao tomar essa decisão, Garotinho abriu uma nova frente de batalha com o PT. A deputada estadual Cida Diogo e o seu colega de bancada, Paulo Pinheiro, ambos petistas, ameaçam recorrer à Justiça para impedir a destinação desses recursos. No decreto do governador, está prevista a liberação do dinheiro em três parcelas. A primeira, de R$ 7,5 milhões, já foi liberada. As demais, segundo o decreto, serão efetuadas pela Secretaria de Controle-Geral, sem interferência da Secretaria de Saúde.

— Onde fica o Conselho Estadual de Saúde que, por lei, deve fiscalizar a aplicação dos recursos do Fundo Estadual de Saúde? Dizer que o restaurante popular e o cheque-cidadão são projetos de combate à desnutrição, francamente, é brincadeira — diz Cida.

A Secretaria estadual de Saúde, no entanto, garante que a iniciativa de Garotinho é legal e está prevista na Lei Orçamentária aprovada pela Assembléia Legislativa. Técnica em orçamento da secretaria, Denise Nabuco disse que os deputados aprovaram a vinculação de recursos do Fundo Estadual de Saúde ao programa de combate à desnutrição. Esse projeto, segundo Denise, não foi elaborado pela Secretaria de Saúde e por isso não foi apresentado previamente ao Conselho Estadual de Saúde.

— A Constituição dá ao Poder Legislativo a prerrogativa de mudar a proposta orçamentária. Não há nada de errado — disse Denise.

O representante da Central Única dos Trabalhadores (CUT) no Conselho Estadual de Saúde, Salvador Alves de Oliveira, discorda. Ele afirmou que, na próxima segunda-feira, vai propor à comissão executiva do conselho que cobre uma explicação do secretário de Saúde, Gilson Cantarino, que assina o decreto junto com Garotinho e o secretário de Fazenda, Fernando Lopes.

— Acho que devemos buscar na Justiça a anulação desse decreto, que fere a Lei Orgânica da Saúde. Essa lei determina que toda a movimentação de verbas dos fundos de saúde tem que ser fiscalizada pelos conselhos e nós não fomos ouvidos. Já enviamos um ofício ao secretário.

A assessoria de Cantarino informou que o secretário ontem passou o dia em Basília e não foi encontrado para se pronunciar.

Deputado pretende acionar Ministério Público
Segundo Salvador, a próxima reunião do conselho — um órgão paritário com 28 integrantes, incluindo representantes do governo estadual, dos trabalhadores do setor e dos usuários — está marcada para o próximo dia 22. Salvador disse temer que até lá o governo libere as duas parcelas restantes e por isso tentará aprovar uma decisão contra o remanejamento, no encontro da comissão executiva, do qual é um dos quatro integrantes.

O deputado Paulo Pinheiro, integrante da Comissão Especial de Saúde da Alerj, disse que na próxima semana deverá enviar ao Ministério Público uma representação contra a destinação dos recursos. Para o deputado, programas de combate à desnutrição não devem privilegiar apenas os que pagam um real para comer nos restaurantes populares ou os escolhidos para ganhar cheques usados na compra de alimentos.

— Queria saber onde o secretário estudou para dizer que restaurante popular é combate à desnutrição. Isso é e uma palhaçada — disse o deputado.

Cida diz que, dos três programas, o único que pode ser incluído como de combate à desnutrição é o leite-saúde que, em parceria com o governo federal, beneficia gestantes e recém-nascidos.


Artigos

Um cenário novo
Augusto Marzagão

Salvo alguns setores do conservadorismo petrificado e preconceituoso, a cultura política brasileira já estava preparada para admitir a hipótese da eleição de uma mulher à Presidência da República; mas essa possibilidade vagava, até há pouco, numa atmosfera teórica e ideal de baixa tangibilidade, a partir da simples razão de que o cenário nacional dos presidenciáveis era praticamente um deserto de viabilidades femininas na disputa do supremo poder do país.

Por falta de tradição, de preparação político-partidária, de adesão do próprio eleitorado feminino, pela omissão e miopia dos partidos, as mulheres até hoje ainda constituem uma presença rarefeita nos mandatos executivos e legislativos, sobretudo no nível federal. Logo, não havia sequer uma massa crítica insipiente para produzir, a breve prazo, o resultado que povoava mais a imaginação do que a realidade da nossa classe política mais avançada e esclarecida. Entretanto, o exercício da atividade política democrática não está sujeito a diretr izes e perspectivas dogmáticas e imutáveis. Alterações substanciais no quadro estabelecido podem acontecer a qualquer momento. Tudo depende do jogo das circunstâncias, muitas vezes estranhas a qualquer projeto calculista.

E foi mais ou menos num contexto espontâneo dessa ordem que a sucessão presidencial brasileira viu uma candidatura não escrita no plano das prioridades governistas sair rapidamente do seu casulo nordestino, ganhar asas e se tornar uma pedra preciosa nas pesquisas de intenção de votos para o Palácio do Planalto.

Todas as forças em causa, as da opinião difusa, as de centro-esquerda, centro-direita, as do PT linha-dura, do PT light , as dos esquerdistas radicais, dos evangélicos, dos comunistas, viram-se confrontadas com a proposta inteiramente desligada da lógica rigorosa dos acontecimentos sucessórios.

O fenômeno tinha o nome de Roseana Sarney, estrela do PFL maranhense e nacional, ex-deputada federal, exercendo com eficiência e brilho seu segundo mandato de governadora do seu estado. Como governadora de um estado notoriamente pobre, ela se entregou à tarefa inusitada de desburocratizar e dinamizar a administração local. Tudo isso, incluindo o que fez de excepcional na área da educação e do emprego, lhe valeria uma rara aprovação popular de 80%.

Acostumada desde cedo ao ambiente da política e do poder, testemunha ocular de anos de sucessos e insucessos da nossa modernidade republicana, Roseana Sarney chega como uma novidade sem surpresas.

É verdade que a estratégia de exposição do presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen, muito favoreceu publicamente na mídia escrita e eletrônica (tempo de TV) a presença de Roseana na arena da sucessão. Mas todo o esforço da liderança do maior partido da aliança governista não fincaria raízes, nem galgaria tão rapidamente os degraus do pódio eleitoral, se Roseana não trouxesse consigo o estofo da qualidade fora de série. Pouco demorou para que grande parte da opinião pública logo passasse a considerá-la não apenas um nome para disputar a vice-presidência da República, mas candidata com todas as chances de ser a cabeça-de-chapa da solução sucessória destinada a dar continuidade à administração Fernando Henrique. É extraordinário que no começo deste 2002 o instituto Datafolha já tenha contabilizado a probabilidade de Roseana Sarney derrotar, no segundo turno das eleições de outubro, a poderosa candidatura petista de Lula, de 30% dos votos do eleitorado brasileiro. Quem poderia, meses atrás, admitir uma reviravolta de tão vastas proporções?

Cresce em todos os círculos o sentimento de que os destinos da República brasileira precisam experimentar mãos, mentes, capacidade de trabalho, determinação ética e sensibilidade femininas para o seu principal comando. Isso não tem nada a ver com fórmulas e tabus feministas e similares. É a bandeira igualitária dos sexos, já consagrada em tantas atividades, procurando atingir agora seu ponto culminante.

Como qualquer candidato do outro sexo, Roseana dependerá naturalmente de consistente base político-partidária, de expressiva maioria no Congresso, de um ministério de primeira ordem, se quiser realizar um governo consolidado e bem sucedido. Não há dúvidas, porém, de que as suas ações no campo social e humanistas farão diferença.

Se os fados continuarem favorecendo Roseana, que venha Roseana, protagonista e não mais coadjuvante. O Brasil tem tido uma coleção de primeiras-damas, muitas delas com participação significativa no desempenho da Nação e nos assuntos do interesse do povo. Talvez já seja a hora de tentar preencher o lugar de primeira-dama com uma estrela feminina de primeira grandeza.

Nada de vetos, nada de bloqueios, de manobras preconceituosas e desleais. O século mudou, a República está mais do que centenária, o Brasil também está mudado. O lugar da mulher, neste país, caminha agora a passos largos para suas conquistas definitivas.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO – Tereza Cruvinel

Arrufos, nada mais
Na política, para uns é fascinante para outros abominável a capacidade de seus atores de esquecerem o passado e apagarem diferenças em nome das conveniências. Por exemplo, a disputa entre o PSDB e o PFL pelo apoio do PMDB. Na era FH, o presidente do PFL, Jorge Bornhausen, e o ministro tucano Pimenta da Veiga muitas vezes conspiraram para tirar o PMDB do governo.

O próprio FH mais de uma vez ameaçou tirar os cargos dos peemedebistas nos surtos de ambivalência do partido. Mas deve ser sincero agora o interesse do PFL pelo PMDB, e não apenas um jogo para tirá-lo da nau dos tucanos, pois isso significaria que, no fundo, os pefelistas admitem voltar à antiga sociedade conservando o papel de parceiros preferenciais. E todo o esforço deles agora é para convencer que a viagem com Roseana é definitiva.

Não é mesmo de se jogar fora, como reconhece o dirigente pefelista Saulo Queiroz, o apoio de um partido com a estrutura, a história e a empatia que o PMDB ainda desperta. As brigas no governo FH, diz ele, nunca impediram boas alianças regionais e sociedades em governos estaduais. Já o tucano José Serra, individualmente, nunca escondeu sua maior afinidade com o PMDB. A disputa seria interessante, se o final já não fosse bastante conhecido: sobrará pedaços do PMDB para um e para outro (caso não se juntem) e mesmo para Lula, que já teve da outra vez o apoio do senador Roberto Requião e outros.

Quando o PFL estrila e ameaça romper alianças regionais em resposta a uma possível aliança tucano-peemedebista, deixa transparecer alguma insegurança com sua candidata. Em verdade, diz Saulo, o PFL está preocupado é em garantir palanques estaduais para Roseana. Aproveita para responder ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que diante do possível lançamento da candidatura do pefelista Romeu Tuma a governador, pediu um encontro para dizer que a eleição estadual é distinta da eleição presidencial.

— Ele sabe que estamos num projeto nacional que para nós é absolutamente prioritário.

Exerce o PFL o legítimo direito à pressão mas a realidade mostra que, na maioria dos estados, os três partidos são interdependentes, variando apenas aquele que ocupa a hegemonia. Um exemplo é Pernambuco, onde os pefelistas ameaçam romper a aliança com o governador Jarbas Vasconcelos, agora importante articulador de Serra. Na prática não podem fazer isso. Inviabilizariam a eleição do vice-presidente Marco Maciel para o Senado. Administrar estas situações estaduais será mais complicado do que conviver em palanques diferentes no plano nacional, onde poderão se juntar no segundo turno.

A coincidência da eleição de governadores com a de presidente tem muitos inconvenientes. Dificulta as alianças, amarra um pleito ao outro e joga para segundo plano a escolha do governador, desviando inclusive a atenção do eleitor. Numa reforma política seria importante descasá-las, o que será impossível sem um alongamento ou encurtamento de mandato.

Arranca penas
O ministro da Educação, Paulo Renato, pode estar repetindo na busca de sua candidatura ao Senado o mesmo erro que cometeu como pré-candidato a presidente: a superestimação de suas forças e o descaso com a instância partidária.

Em defesa de sua postulação, declarou anteontem que o candidato precisa ter elevada projeção na sociedade e que o PSDB paulista tem quatro figuras com esta qualidade: FH, José Serra, Geraldo Alckmin e ele próprio.

Segundo alguns tucanos, o presidente do partido, José Aníbal, que também pretende concorrer ao Senado, teve ganas de revidar no seu melhor estilo espanhol. Mas foi contido e continua disposto a disputar a indicação. Se isso acontecer, tem chances de levar a melhor.Desencontro

A prefeita de Natal, Wilma Maia, do PSB, rompeu com a candidatura do peemedebist a Henrique Alves ao governo do Rio Grande do Norte. Resolveu ser ela mesma candidata ao cargo. Com pouco tempo de TV, está buscando uma aliança com o PDT local. Brizola já ficou sabendo e se mexeu. Não vai admitir que o PDT ajude a montar palanque para o desafeto Garotinho.

Outro exemplo dos efeitos nefastos do casamento da eleição de governador com a de presidente.Comerciais

Roseana Sarney não fez com o programa de ontem sua última aparição televisiva antes de começar a campanha oficial. Entre março e maio irão ao ar as mini-inserções do horário regional, que o PFL picotou ao máximo para manter sua imagem no imaginário coletivo.

Um dos encontros que Roseana terá em sua licença será com o ministro Pratini de Moraes, já falado como seu vice. O presidente do PPB, Pedro Correa, avisa: ele é pré-candidato mas não o negociador do partido.

TASSO JEREISSATI esteve no Líbano, está na Arábia Saudita e vai a Nova York. Deve encontrar-se com José Serra no Fórum Econômico Mundial. Já aqui, na campanha, nada agendado.


Editorial

A ARMA VITAL

Uma guerra se ganha com canhões e informações. E, sem estas para mostrarem os alvos, a artilharia pouco pode fazer.

No combate do Estado do Rio à epidemia de dengue, a única informação incontestável é a de que a doença não pára de crescer — tanto na forma mais benigna como na muitas vezes fatal dengue hemorrágica.

Em quase todas as frentes de combate, as denúncias de subnotificação repetem-se a todo momento. E controvérsias: Nilópolis tem 1.461 casos, segundo a Secretaria de Saúde, e apenas 235, de acordo com as autoridades municipais. Na Barra da Tijuca, há informações de que um hospital particular tem atendido, em média, a cerca de cem casos de suspeita de dengue. Oficialmente, só há duas ocorrências no bairro. Na verdade, a maioria dos hospitais e clínicas particulares estão sob suspeita de subnotificação.

A própria secretária estadual de Saúde coletiva, Yolanda Bravin, admite que, por causa da subnotificação, a epidemia pode ser quatro vezes maior. Ou seja, na realidade, teríamos, hoje, no Estado do Rio, 40 mil doentes de dengue — e não 10 mil.

Existem episódios que beiram o ridículo, como o do súbito aumento do número de notificações num subúrbio do Rio — provocado pela suspensão das férias do funcionário encarregado de anotar os casos de dengue.

Pode estar ocorrendo, até, alarmismo em alguns casos — e certamente incompetência em muitos outros. Há certeza apenas de que existe a epidemia, e de que ela mais dificilmente será derrotada se a arma da informação não for manejada com extremo senso de responsabilidade.


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02/01/2002


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