Reitora da Ufac diz ser difícil manter um professor doutor na Amazônia



Ao falar em audiência pública da Subcomissão Permanente da Amazônia e da Faixa de Fronteira - vinculada à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) -, a reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Olinda Batista Assmar, afirmou que a maior dificuldade das instituições de ensino da Amazônia é manter na região professores mestres e doutores. A senadora citou como dificuldades os baixos salários pagos aos professores titulados e o alto custo de vida na região: em Cruzeiro do Sul (AC), município onde se situa um campus da Ufac, um quilo de tomate chega a custar R$ 8.

A reitora - que falou à subcomissão nesta terça-feira (16) por requerimento assinado por seu presidente, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), e pelo presidente da CRE, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG) - disse que, como não há autorização para concursos, tem que contratar professores substitutos, com um "salário vergonhoso" de R$ 800, para ela "um acinte". A professora lamentou a extinção do Adicional de Fronteira, pago a professores de instituições federais de ensino superior situadas nessas áreas.

- A gente não faz educação sem privilegiar a educação - afirmou.

A reitora afirmou que os pesquisadores da Amazônia competem por financiamentos com propostas de todo o Brasil. Para ela, as universidades da região deveriam ter compensações para a menor experiência de seus profissionais, que os leva a perder muitas oportunidades. Ela lamentou a extinção de outra iniciativa que ajudava a região, o Projeto Norte de Pós-Graduação (PNOPG), que focava o fomento à atividade de pesquisa nas universidades dos estados da região.

A reitora - que está no cargo há seis meses - informou que a universidade saltou de cinco para 42 cursos desde sua fundação, há 35 anos. Hoje tem também cinco cursos de mestrado. No entanto, manteve a mesma estrutura física e burocrática que tinha em seu início. Ela afirmou que, como a universidade apresenta bons projetos ao governo, não sente falta de recursos para aplicação em infra-estrutura. Faltam, porém, recursos para manutenção, além de salários melhores para os professores.

O senador Geraldo Mesquita Júnior (PMDB-AC) afirmou que é necessário mudar a forma de repasses de recursos para as universidades federais da Amazônia, que hoje disputam em igualdade com suas congêneres de outras regiões. O senador Mozarildo Cavalcanti afirmou que a sociedade brasileira tem de mudar seu pensamento e investir na população da Amazônia. Ele citou dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) segundo os quais há 90 mil jovens analfabetos na Amazônia e 160 mil jovens de até 14 anos fora das escolas.

Estudos

A subcomissão aprovou a realização de estudos de medidas de proteção da Floresta Amazônica, a partir de proposta do senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), relatada na comissão pelo senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA). O relator desses estudos será o senador Geraldo Mesquita Júnior. Também foi aprovado requerimento de Flexa Ribeiro para realização de audiência pública visando discutir o Programa Amazônia Sustentável.



16/06/2009

Agência Senado


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