Renda dos brasileiros mais pobres cresceu 90% em 10 anos



Em dez anos, a pobreza no Brasil caiu mais de 55%, fazendo com que o País cumprisse em menor tempo o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de redução de metade do número de pessoas vivendo em extrema pobreza até 2015

 

Nos últimos dez anos, entre 2001 e 2011, os 10% mais pobres do País tiveram um crescimento de renda acumulado de 91,2%, crescimento 5,5 vezes maior do que a parcela mais rica da população nesse mesmo período, que foi de 16,6% da renda acumulada. O dado é do estudo "A Década Inclusiva (2001-2011): Desigualdade, Pobreza e Políticas de Renda" realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Nesses dez anos, pessoas que vivem em famílias chefiadas por analfabetos tiveram 88,6% de aumento da renda, contra 11,1% de decréscimo para aquelas cujo chefe familiar possui 12 anos de instrução regular ou mais.

No Nordeste, a renda cresceu 72,8%, já no Sudeste, região mais rica do País, essa taxa foi de 45,8%. Entre aqueles que se consideram negros, o aumento de renda foi de 66,3%, e a população declarada como parda obteve melhoria de 85,5% do ganho pelo trabalho. Para os que se dizem brancos, o crescimento de renda foi de 47,6%.

Desde 2003, a economia brasileira cresceu em todos os anos, compondo uma taxa acumulada de 40,7% até 2011. Neste mesmo período, a taxa de crescimento do PIB per capita acumulada foi de 27,7%.

O estudo foi elaborado a partir da recente Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2011, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE), complementado por dados inéditos até agosto de 2012. “Estatisticamente, em 2011 o Brasil atingiu o menor nível de desigualdade de sua história”, declarou o presidente do instituto, Marcelo Neri.

O ajuste nominal do salário mínimo e programas sociais como o Brasil Carinhoso, Brasil sem Miséria, Minha Casa Minha Vida são os responsáveis pela melhoria da renda do trabalhador. A redução da desigualdade pode ser decomposta pelas diversas fontes de renda: Trabalho (58%), Previdência (19%), Bolsa Família (13%), Benefício de Prestação Continuada (BPC 4%) e outras rendas (6%) como aluguéis e juros.

Para o Ipea, o processo de redistribuição de renda é sustentável, pois tem como principal causa o aumento do emprego. No entanto, sem as políticas redistributivas patrocinadas pelo Estado brasileiro, a desigualdade teria caído 36% menos na década. “Cada real que você gasta com o Bolsa Família reduz a desigualdade 350% mais que cada real que você gasta com Previdência”, afirmou Neri.

Pobreza

Em dez anos, a pobreza no Brasil caiu mais de 55%, fazendo com que o País cumprisse em menor tempo o primeiro dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, de redução de metade do número de pessoas vivendo em extrema pobreza até 2015.

O Índice Gini, que mede a desigualdade, chegou a 0,527 em 2011. Segundo essa metodologia, quanto mais próximo de 0, menos desigual é um país. Em 2001, o Índice Gini do Brasil era 0,61 e, em 1960, era 0,535.

Pnad

Segundo o Pnad 2011, divulgado no final de setembro, os trabalhadores que estão entre os 10% que ganham salários mais baixos tiveram um aumento maior do que os outros 90% que ganham mais. Os salários na faixa mais baixa passaram de R$ 144 mensais para R$ 186, o que significa um aumento de 29,2% entre 2009 e 2011. No período, a média dos rendimentos vindos do trabalho de todos os brasileiros cresceu 8,3%, passando de R$ 1.242 para R$ 1.345.

De acordo com o IBGE, os rendimentos aumentaram proporcionalmente mais nas faixas menos favorecidas e, quanto melhor posicionado o trabalhador no mercado, o ritmo de aumento de ganhos diminui. Considerando os trabalhadores domésticos com carteira de trabalho assinada, por exemplo, o aumento no rendimento foi de 5,2%, enquanto para os sem carteira foi de 15,2%.

Em 2011, os empregados com carteira de trabalho assinada obtiveram ganho real de 4,9% em relação a 2009. Também tiveram acréscimo no rendimento do trabalho principal os militares (6,2%) e estatutários (11,6%). Em 2011, os 10% da população ocupada com os rendimentos de trabalho mais elevados concentraram 41,5% do total de rendimentos de trabalho.

O trabalho infantil diminuiu em todas as faixas etárias, em todas as regiões e em números absolutos. A queda mais expressiva foi entre crianças de 5 a 9 anos, da ordem de quase 30%. Nos últimos dois anos, quase 600 mil crianças e jovens deixaram de trabalhar.

 

 

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Fonte:
Ipea
Portal Planalto
IBGE
Agência Brasil

 



08/10/2012 19:49


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