Reportagem da 'Nature' destaca artigo de físicos do IFT
Estudo levanta possibilidade de se expor o centro do buraco negro
A edição de 8 de novembro (vol. 450) da revista Nature traz reportagem em que destaca artigo dos físicos George Matsas e André da Silva, respectivamente, professor e doutorando do Instituto de Física Teórica (IFT), de São Paulo. O referido trabalho foi publicado no periódico científico Physical Review Letter, vol. 99, em 1 de novembro.
No artigo intitulado “Overspinning a nearly extreme charged black hole via a quantum tunneling process”, Matsas e Silva sugerem a possibilidade de se “desnudar” o centro de um buraco negro por meio de um processo da mecânica quântica conhecido por “tunelamento”.
Pelo método, pequenas partículas com alta quantidade de movimento angular são introduzidas no núcleo do buraco negro, desfazendo o horizonte de eventos – região fronteiriça interna ao próprio buraco negro, a partir da qual a força da gravidade é tão forte que nem a própria luz escapa.
Ao quebrar a proteção de tal horizonte, segundo o estudo, pode-se revelar o núcleo, que contém a singularidade. De acordo com a Relatividade Geral, uma singularidade é o ponto no espaço-tempo onde as conhecidas Leis da Física se quebram. Expondo essa região, parte do universo pode sofrer perturbações imprevisíveis.
Na Nature, o artigo mereceu destaque em texto do jornalista Philip Ball, por contradizer uma conjectura da Relatividade Geral, cunhada em 1969 pelo físico britânico Roger Penrose, em que não seria possível existir singularidades “nuas”, isto é, não revestidas pelo horizonte de eventos. Essa conjectura recebeu o nome de “Censor cósmico”.
Contudo, ao se aplicar a mecânica quântica, normalmente aplicada com objetos muito pequenos, pode-se subverter a Física clássica descrita pela Teoria da Relatividade. Matsas salienta que há a necessidade de um aprofundamento nas teorias que levam em conta os fenômenos da mecânica quântica. “Nosso estudo é uma possibilidade”, ressalta. "O veredicto final sobre os efeitos da singularidade “nua” seria dado por uma teoria de gravitação quântica acabada, o que ainda não temos”.
História - A possibilidade de se ter um exemplo de singularidade “nua” gerou uma aposta entre importantes físicos estudiosos da Relatividade Geral, em 1991. Stephen Willian Hawking, em contradição com John Philip Preskill e Kip Stephen Thorne, confirmava a conjectura do “censor cósmico”, e defendendo a impossibilidade da existência de singularidades “nuas”. Segundo as regras da aposta, o perdedor deveria cobrir sua nudez com uma camiseta com dizeres de reconhecimento da derrota.
Da Unicamp
11/16/2007
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