Revista 'Em Discussão!' com panorama do crack no Brasil é lançada na CAS



Com o tema "Dependência química: crack e outras drogas", a oitava edição da revista Em Discussão!, produzida pelo Jornal do Senado, foi lançada na manhã desta quarta-feira (14). A publicação traz um panorama do trabalho realizado pela Subcomissão Temporária de Políticas Sociais sobre Dependentes Químicos de Álcool, Crack e Outras Drogas, cujas atividades foram iniciadas no primeiro semestre e se estenderão até novembro deste ano.

A apresentação da revista foi feita pelos senadores Wellington Dias (PT-PI) e Ana Amélia (PP-RS), presidente e vice-presidente da subcomissão, que elogiaram o trabalho da Secretaria de Comunicação Social do Senado.

Os senadores também chamaram atenção para a gravidade do aumento do consumo das drogas no país, especialmente o de crack.

- A questão sempre foi considerada apenas um problema de segurança. Mas é muito maior, de âmbito social e de saúde pública - afirmou Wellington Dias, que reivindicou ainda a realização de uma conferência nacional sobre o assunto e a articulação de estados e municípios na elaboração de políticas públicas mais eficientes.

Rede pública

A revista mostra que a falta de opções na rede pública de saúde para os dependentes é um desafio a ser superado e traz o dado alarmante de que cerca de dois milhões de brasileiros já devem ter experimentado o crack, número que pode estar subestimado diante da falta de estatísticas atualizadas e confiáveis sobre o real universo de viciados.

Diante dos poucos leitos disponíveis para internação, resta às famílias procurar por comunidades terapêuticas, geralmente ligadas a entidades religiosas, responsáveis hoje por cerca de 80% das vagas para internação. Por isso, a senadora Ana Amélia sugeriu que essas instituições recebam recursos públicos.

- Tais entidades assumiram papel fundamental para os dependentes e as famílias e a necessidade de recursos estará no relatório final da subcomissão - adiantou. A ideia foi apoiada pelo 1º secretário do Senado, Cícero Lucena (PSDB-PB), que citou o exemplo do bom trabalho realizado pela Fazenda Esperança no atendimento a dependentes.

O presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), senador Jayme Campos (DEM-MT), por sua vez, alertou para avanço do consumo das drogas no interior do país.

- O crack já chegou às cidades pequenas, ao interior e até às zonas rurais, degradando o tecido social brasileiro - afirmou.

Tiragem

Diante da importância do tema abordado e da qualidade da publicação, o senador Wellington Dias pediu o aumento da tiragem da revista de 2,5 mil para 14,5 mil exemplares, para que possa ser enviada a todos os municípios, inclusive para escolas e universidades públicas e privadas.

- A revista teve a felicidade de dar um panorama da situação do crack no Brasil e dos trabalhos da subcomissão, abordando questões como prevenção, segurança, tratamento e os desafios - disse o senador.

Prorrogação

Vinculada à Comissão de Assuntos Sociais (CAS), a Subcomissão Temporária foi criada por iniciativa de Wellington Dias e Ana Amélia que já pediram a prorrogação dos trabalhos até 11 de novembro.

Os senadores querem, até o fim do ano, apresentar um diagnóstico e sugerir soluções ao governo federal, estados, municípios e à sociedade. Para tanto, estão agendadas viagens ao exterior para que os parlamentares conheçam experiências de outros países:

- Vamos conhecer, por exemplo, a política adotada pela Suécia, onde a tolerância é zero; e a internação de dependentes, compulsória. No outro extremo, vamos à Holanda, país de tradição liberal nesta questão - explicou a senadora.

Propostas em discussão pela Subcomissão:

* Realizar conferência nacional, com todos setores envolvidos, para elaborar uma política completa;

* Financiar as comunidades terapêuticas com recursos da União;

* Apoiar a elaboração de padrões mínimos de organização às comunidades terapêuticas;

* Dar à Secretaria Nacional de Política sobre Drogas (Senad) status de ministério para trabalhar com as demais pastas, estados e municípios;

* Controlar as drogas lícitas, com maior restrição à venda, inclusive com maior taxação, e à propaganda de bebidas alcoólicas e de tabaco, dificultando o acesso dos jovens;

* Aumentar o orçamento da Polícia Federal para reforçar a atuação nas regiões de fronteira;

* Envolver centrais sindicais e Sistema S na reinserção dos dependentes.

O flagelo do crack:

* Segundo a ONU, o mercado do crack movimentou US$ 100 bi em 2009;

* A fumaça inalada após o aquecimento da pedra de crack a 95 graus leva cloridrato de cocaína diretamente aos pulmões. Dez segundos depois, a substância já está no cérebro;

* Pesquisadores afirmam que efeito do crack no cérebro é de cinco a seis vezes mais intenso que o da cocaína;

* No Brasil, o primeiro relato de uso do crack foi feito em 1989, na cidade de São Paulo;

* Comunidades terapêuticas dizem recuperar entre 40% e 80% dos viciados;

* Um ano e três meses depois do anúncio do Plano Integrado de Enfretamento ao Crack, governo investiu R$ 274,3 milhões dos R$ 410 milhões prometidos.



14/09/2011

Agência Senado


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