Roberto Gurgel prestará informações à CPI por escrito



O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, deve prestar esclarecimentos por escrito à CPI mista que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados. De acordo com o requerimento aprovado nesta terça-feira (15), Gurgel terá cinco dias úteis para esclarecer dúvidas levantadas sobre a atuação da Procuradoria Geral da República (PGR) nos inquéritos das operações Vegas e Monte Carlos, da Polícia Federal, que investigaram Cachoeira.

Os parlamentares querem esclarecer o motivo da falta de continuidade das investigações da operação Vegas. Iniciada em 2008, a operação teve os autos enviados à PGR devido ao envolvimento de pessoas com foro privilegiado. Um mês depois, a subprocuradora da República Cláudia Sampaio, esposa de Gurgel, teria respondido à Polícia Federal que não havia elementos suficientes para denunciar os envolvidos com prerrogativa de função.

O pedido de informações por escrito foi apoiado pela maior parte dos integrantes da CPI, sob os protestos do senador Fernando Collor (PTB-AL), que vinha defendendo a presença de Gurgel na comissão. Para Collor, as declarações de Gurgel – que acusa parlamentares de tentar convocá-lo para pressioná-lo e desviar atenção do julgamento do Mensalão no STF – demonstrariam que ele tem algum problema e não quer enfrentar a CPI.

- Eu absolutamente não concordo com o requerimento aprovado na CPI porque isso aqui não é local para apresentar requerimento. A pessoa deve estar presente – afirmou o senador.

Durante a discussão, parlamentares, como o senador Pedro Taques (PDT-MT), avaliaram que Gurgel não poderia falar à CPI e que, se fosse convocado, não compareceria, amparado pela Constituição. Deputados e senadores também lembraram que a CPI não pode perder o foco da investigação, que não é a Procuradoria Geral da República.

- É importante nós termos clareza de que não estamos investigando a conduta de qualquer membro do Ministério Público federal. Nós estamos investigando, e é preciso que repitamos isso muitas vezes, a organização criminosa criada pelo senhor Carlos Cachoeira e suas ramificações – lembrou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).

Balança

O deputado Fernando Francischini  (PSDB-PR) se disse frustrado com o andamento dos trabalhos da CPI. Para ele, a “balança” está pesando para o lado errado, já que a comissão gastou tempo em excesso discutindo a convocação de Gurgel.

- Do outro lado da balança nós temos desvio de dinheiro público, corrupção de altos funcionários, um senador e deputados federais, formação de quadrilha, fraude em licitação lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas. É essa a balança que a opinião pública brasileira está assistindo.

O senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) observou que a CPI ainda não produziu nada de novo. O senador criticou o fato de arquivos que deveriam estar disponíveis aos parlamentares na sala secreta da CPI, exigirem acesso por senhas. Além disso, criticou, há material desnecessário em excesso, como gravações de ligações que foram atendidas pela caixa postal.

- Rogo e apelo para que se criem as condições para que possamos investigar.

Teor

O requerimento aprovado pela CPI questiona em que circunstâncias chegou à Procuradoria Geral da República a investigação da operação Vegas. Também questiona em qual data isso ocorreu. E quais foram as providências adotadas pela Procuradoria à época, já que o nome do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) já era mencionado nessa investigação, realizada em 2009.

Além disso, questiona em que data e em quais circunstâncias a Procuradoria Geral da República teve conhecimento da operação Monte Carlo, realizada neste ano, e quais as providências foram adotadas.



15/05/2012

Agência Senado


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