Sala Funarte Rio apresenta show de Ed Motta
Nessa quarta-feira (19), Ed Motta apresentou, com entrada gratuita, o show solo AOR, na Sala Funarte Sidney Miller, no Música no Capanema. No show, com casa lotada, o artista entusiasmou o público, ao cantar e tocar, no piano acústico, teclado e guitarra, músicas compostas por ele, do seu mais novo álbum, AOR (2013), com o mesmo repertório das turnês que ele faz por vários países do mundo – além de seus sucessos. Realizado pela Funarte, o Música no Capanema inclui na programação grandes artistas e grupos da música brasileira, dos mais diversos estilos, sempre às 18h30.
“Ao chegar na Sala Sidney Miller, lembrei de apresentações musicais que me marcaram, no final dos anos 70, início dos anos 80, como a do Azimuth – um exemplo, para mim, de como fazer um show –, a do Arthur Verocai, a do Geraldo Azevedo, e muitos outros. O Azimuth é um exemplo de grupo que, na época, era muito mais conhecido no exterior do que no Brasil, mas fazia parte desse circuito de música de qualidade, que sempre existiu. A Funarte colabora na divulgação desse tipo de trabalho”. Ed destacou que projetos como o Música no Capanema são fundamentais para a divulgação cada vez maior de artistas de grande qualidade, mas que, às vezes, não tem tanta projeção na mídia. “Quando criança, quantas vezes vi apresentações bacanas aqui na Sala Funarte Sidney Miller, como no Projeto Seis e Meia. É fundamental que ainda exista isso. É algo culturalmente democrático”.
No show, Ed mostrou como canções ganham vida – no teclado e na guitarra, apenas. O artista alternou esses dois instrumentos e sua coleção de pedais dos anos 70. No repertório, além das músicas do CD, o cantor interpretou Colombina, Manuel, Fora da Lei, Baixo Rio, e Vendaval, em suas versões acústicas. Além delas, inseriu músicas norte-americanas famosas e alguns sucessos de outros compositores, todas com a interpretação característica do artista - tais como Caso Sério, de Rita Lee e Roberto de Carvalho. Lançado em 2013, o disco foi inspirado no “westcoast sound”, vertente da música pop americana dos anos 1970 e 80. “AOR” é sigla para “album oriented rock”, termo que define uma estética musical voltada para a excelência técnica e um alto padrão de qualidade na produção – elementos aos quais Ed sempre deu prioridade. Ele utilizou no show, além de todos esses recursos, seu inteligente senso de humor, que contagiou a plateia. Entre os presentes estavam o Diretor Executivo da Funarte, Reinaldo Veríssimo; a Coordenadora de Comunicação da Fundação, Camilla Pereira; e servidores do Centro da Música e de outros setores da Instituição.
Sucesso em vários países
Além de cantor, compositor, multi-instrumentista, arranjador e produtor, reconhecido mundialmente, Ed Motta desenvolveu um estilo próprio, sem abrir mão da veia funk-soul. Seu disco AOR foi lançado em vários países. “Ele está muito bem na França e no Japão. Nesse país, a música 1978 esteve em primeiro lugar. Este ano continuam as turnês internacionais. Em abril serão na Inglaterra, Itália e França; em maio, nos Estados Unidos; em julho, novamente na Europa; em outubro, no Japão; em novembro, na Europa e no México. Isso acaba acontecendo quando o tipo de música que se faz se distancia um pouco da que está no mercado”, opina Ed Motta.
Ele explica que o público dos outros países é formado não somente pelos estrangeiros, mas também pelos brasileiros que moram lá. “A música brasileira tem um cartão de visitas muito nobre. Vai de Villa Lobos a Milton Nascimento, passando por Pixinguinha, Tom Jobim e a Bossa nova, entre tantos outros. Grande parte do que foi exposto da produção musical do país no exterior é excelente e é musicalmente complexo. Isso criou a fama do brasileiro – a de fazer música tecnicamente soberba; mas também representa uma responsabilidade, um certo peso. Muitos estrangeiros acham que o músico do Brasil é quase um maestro".
Mas Ed Motta é conhecido no mundo por sua busca pelo aprimoramento musical e pela qualidade do seu trabalho. O artista comenta que, como as músicas são dele, tenta aprimorá-las sempre: “Acrescento detalhes que faltam”, menciona, destacando que o aprimoramento surge nos detalhes. “Por exemplo: às vezes tenho a ideia de mudar um acorde e isso fica na minha cabeça por muito tempo – até na hora de dormir. Levanto e vou mexer naquele acorde; e já começo a trabalhar em outras músicas do repertório”. Ed explica que sua obsessão pela qualidade é “É uma busca constante. Penso sempre em como é possível melhorar cada tema e cada interpretação”.
Ed Motta mescla, funde e transforma influências que vão do jazz à canção brasileira; das trilhas sonoras de Hollywood ao rock; da música erudita aos “standards” norte-americanos; da bossa nova ao reggae. O resultado tem sido aplaudido nas recentes turnês, na Europa, Japão, EUA e vários países da América do Sul. Uma de suas marcas é a técnica de combinar, em alguns momentos da interpretação, uma variedade de sons vocais, usando a voz como instrumento, que já foi batizado de “edmottês”. Com ele, Ed diz “não” ao que considera “a ditadura das palavras” nas canções.
Projeto Música no Capanema
Sala Funarte Sidney Miller
Palácio Gustavo Capanema – Rua da Imprensa nº 16, térreo
Centro – Rio de Janeiro
Programação de 20 a 28 de março
20/03 – Raquel Coutinho
21/03 – Bena Lobo – Valentia
26/03 – Moinho – Gira Moinho
27/03 – Marianna Leporace e Sheila Zagury – São Bonitas as Canções
28/03 – Cidade Negra – Hei, Afro!
Fonte:
20/03/2014 11:50
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