São Paulo Companhia de Dança inicia atividades
Instituição pública selecionou 37 artistas para seu elenco
Aulas de várias técnicas de dança, ensaios intensos, concepção e produção coreográfica, cênica, de iluminação, de figurinos, de trilha sonora e, como resultado, montagens de espetáculos, edição de material educativo, produção de documentários e outros projetos audiovisuais. Assim é como a diretora da São Paulo Companhia de Dança, Iracity Cardoso, descreve brevemente o futuro dia-a-dia da nova instituição artística do Estado, que começa a funcionar no mês de abril.
Ela conta que a Companhia nasceu de uma proposta da Secretaria Estadual da Cultura de elaborar um instrumento de fomento a essa arte. Para tal, desde meados do ano passado foram consultados diversos profissionais e estudiosos da área no País. O esforço resultou num projeto que reúne tradição e inovação, com a finalidade de se refletir na diversidade cultural brasileira. “O repertório incluirá desde coreografias dos séculos 19, 20 e 21 (de grandes peças clássicas e modernas) a obras contemporâneas especialmente criadas por coreógrafos brasileiros e estrangeiros para a Companhia”, explica a diretora artística.
Por conta dessa variedade, na seleção do elenco inicial, composto de 37 bailarinos, um dos principais aspectos considerados, além da técnica e habilidade, foi a versatilidade dos candidatos, tendo em vista o intuito de que estejam aptos a abraçar essa proposta. É o que dizem alguns dos próprios escolhidos, como Duda Braz e Milton Coatti. A preocupação foi percebida pelos dois durantes os testes, que ocorreram em fevereiro deste ano. Eles se sobressaíram, ao lado de mais 35 bailarinos, entre 800 participantes das audições (como são chamadas as apresentações de teste).
As audições foram realizadas nas cinco regiões do Brasil e na Argentina, compostas de provas eliminatórias de técnica clássica e de aprendizado de frases coreográficas de diferentes técnicas. Os 68 pré-selecionados para a audição final ainda passaram por entrevistas e teste definitivo, que exigiu deles apresentações de técnica clássica solo e em duos, além das danças moderna e contemporânea. O nível dos participantes foi considerado bem alto pelo grupo de avaliadores, que, além da diretora artística da Companhia, foi formado pela diretora-adjunta, Inês Bogea, pelos professores e ensaiadores Ricardo Scheir e Daniela Stasi e pelo coreógrafo Luís Arrieta. “Foi um processo árduo, pois havia muitos candidatos excelentes”, conta Iracity.
Oportunidade e desafio – Havia muitos casos interessantes entre os finalistas, conforme revela a diretora. Entre eles o de uma candidata paulista de Santos que estava de férias em Recife e soube quase por acaso das audições realizadas lá. Participou sem pretensão e acabou selecionada. Teve também o caso de um pré-selecionado gaúcho que trabalha em uma refinaria de petróleo e o de uma bailarina (que Iracity considera excelente), há tempos afastada da dança. Foi só surgir a oportunidade, que ela se preparou e foi muito bem nas audições.
“A Companhia, além de apresentar grandes montagens de alta qualidade, abre mais uma opção no mercado de trabalho para o jovem bailarino brasileiro, talentoso, mas com poucas opções”, avalia Iracity. Informa que ele é freqüentemente obrigado a abandonar o País ou a dança. De acordo com ela, as companhias no Brasil (que são poucas, por volta de dez mantidas pela iniciativa pública) trabalham com apoios oferecidos por projeto ou para períodos determinados. Então, a grande dificuldade é conseguir a criação de corpos de dança estáveis.
A perspectiva aberta pela nova instituição é considerada o seu maior mérito. A diretora prevê a possibilidade de um trabalho amplo e sólido, que congregará tradição e ruptura e apresentará a diversidade cultural em que a dança está inserida. Trata-se do fomento à criação, difusão e sustentação da dança. “A importância de uma companhia estável se apóia na necessidade de amparo sólido a expressões artísticas que demandam recursos de longo prazo, mas se encontram excluídas pelo sistema de mercado da indústria cultural ou pela moda”, analisa.
Ressalta ainda o aspecto democrático da dança que, embora tenha origem na arte erudita européia, dialoga com as manifestações contemporâneas e populares, como as danças tradicionais, o hip-hop e a própria dança moderna. O principal objetivo perseguido por Iracity à frente da Companhia é que ela se estabeleça como uma referência em pesquisa, produção e difusão da dança aos mais diversos e amplos públicos.
Simone de Marco
Da Agência Imprensa Oficial
04/01/2008
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