São Paulo terá mais Parques Tecnológicos em 2012



Confira entrevista exclusiva com a coordenadora do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), Desireé Zouain

Incentivo à ciência, tecnologia e inovação no Estado, além da transformação, para melhor, de comunidades inteiras. Esses são os objetivos que norteiam os Parques Tecnológicos, em franca expansão no Estado de São Paulo.

Em todo o Estado, existem 30 iniciativas para implantação desses empreendimentos. O Parque Tecnológico de São José dos Campos foi o primeiro a receber o status definitivo no sistema, em 2010. Outras dezoito iniciativas estão com credenciamento provisório: Araçatuba, Barretos, Botucatu, três em Campinas, Ilha Solteira, Mackenzie-Tamboré, Piracicaba, Ribeirão Preto, Santo André, Santos, duas em São Carlos, São José do Rio Preto, duas em São Paulo e Sorocaba, que deve receber o credenciamento definitivo em 4 de junho.

Os parques tecnológicos em negociação são das seguintes localidades: Rio Claro, Americana, Santa Bárbara D´Oeste, Grande ABC, Guarulhos, Jundiaí, Limeira, Pirassununga, Bauru, Atibaia e Campinas.

Um parque tecnológico é formado por: universidades, laboratórios de pesquisa, empresas de alta tecnologia, prestadoras de serviços e incubadoras empresariais e tecnológicas. Neles, são exploradas diversas áreas do conhecimento, dependendo da vocação regional de onde está instalado: mecatrônica, tecnologia da informação, agribusiness, energias limpas, saúde, nanotecnologia, mídia e gerontologia, engenharia de software, biocombustíveis, dentre outras.

O Portal do Governo de São Paulo entrevistou a coordenadora de Ciência e Tecnologia da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, Desireé Moraes Zouain. Especialista na implantação de parques tecnológicos, Desireé falou sobre as oportunidades trazidas por esses empreendimentos e a atuação do Sistema Paulista de Parques Tecnológicos (SPTec), que tem como objetivo fomentar, impulsionar e apoiar as iniciativas de criação dos parques. Confira a entrevista:

Portal: Qual o impacto de um parque tecnológico no desenvolvimento econômico do Estado e na região em que é instalado?

Desireé: Há o aspecto da inovação e do aprimoramento do conhecimento científico, da pesquisa virando produto. O parque de Santos, por exemplo, fechou uma parceria muito boa com a Petrobras, focada em pré-sal. Isso trará uma enorme contribuição em áreas estratégicas como biocombustíveis, engenharia de sistemas, modelagem de dados. Outro benefício é a aproximação do ambiente universitário com as reais necessidades de mercado, formando jovens pesquisadores e empreendedores com melhores condições de competitividade.

O Parque Tecnológico de São José dos Campos, inaugurado em 2006, excedeu as expectativas. Esperávamos, inicialmente, que o parque atuasse nas áreas espacial e aeronáutica. Com o tempo, ganhou destaque também nas áreas petroquímica, automobilística, de defesa, farmacêutica e tecnologia da informação e comunicação (TIC). A Ericsson, por exemplo, acaba de implantar lá um centro de pesquisa e será a empresa âncora do local, realizando soluções inovadoras em TIC. O parque de São José, que faz parte da Associação Internacional de Parques Científicos e Tecnológicos (Iasp), é uma referência, tendo expandido tanto parcerias com entidades de pesquisa da região (Embraer, IPT, ITA, USP São Carlos, dentre outras) quanto a área física da lei de zoneamento da região (hoje com 2,5 milhões de metros quadrados). Sem contar as diversas ações para a área de ensino e capacitação: há uma Fatec no parque com quase 800 alunos, e em breve o número de vagas crescerá para 1,4 mil.

O impacto na economia local onde os parques se instalam também é muito grande. O retorno em atração de mão de obra qualificada é significativo. Em São José dos Campos, há várias universidades de alto nível e, com a presença do parque, temos conseguido fixar profissionais especializados na região. O aumento nos empregos de nível técnico é outro destaque positivo. Muitos jovens da comunidade local se capacitam para trabalhar nas empresas sediadas nos parques. Prova disso é a presença de Fatecs e Etecs nas cidades dos parques, muitas vezes dentro dos próprios parques, como acontecerá em Sorocaba.

Sem contar que um parque costuma trazer grandes empresas que buscam uma gama de serviços qualificados na região, movimentando a economia local. Em Sorocaba, com a vinda da Toyota ao parque, há vários hotéis se instalando na cidade. Condomínios residenciais são construídos em torno dos parques, visando a qualidade de vida das pessoas, chegando inclusive a revitalizar áreas deprimidas. O Parque de São Carlos, por exemplo, é baseado num modelo eco-tecnológico, de sustentabilidade.

Portal: O que é preciso para que um parque tecnológico obtenha credenciamento definitivo e quais são os próximos com previsão de obtê-lo?

Desireé: Para obter o credenciamento definitivo, é preciso atender a uma série de requisitos, como contar com uma área de pelo menos 200 mil metros quadrados pertencente ao poder público, um terreno de prefeitura ou universidade, por exemplo. É preciso ainda criar uma entidade gestora especificamente para o parque; entregar estudos e planos que comprovem o plano de viabilidade técnica econômica; plano diretor do projeto arquitetônico; de marketing e captação de empresas; de segurança ambiental, dentre outros.

Além disso, é necessário que exista uma legislação municipal de incentivo às entidades que venham a se instalar nos parques tecnológicos. A coordenadoria da SPTec analisa esses documentos e verifica a capacidade e a vocação da região, com base em suas universidades, atividades econômicas e a associação existente esses agentes e o poder público. Se existir esse cluster, há uma vocação clara de apoio. Com a região reunindo condições mínimas, encaminhamos quais seriam as demandas e todas as necessidades previstas no parque tecnológico.

O credenciamento definitivo permite que o parque atraia mais empresas, além de benefícios urbanísticos e fiscais. O próximo parque a ter credenciamento definitivo é o de Sorocaba, que será inaugurado em 4 de junho. Dez universidades estarão lá, além de várias empresas da região, principalmente de energia eólica. Outros parques em fase adiantada para obter o credenciamento definitivo são os de Barretos, Ribeirão Preto e São Carlos.

Portal: Como é a atuação do Governo de São Paulo no fomento aos Parques Tecnológicos?

Desireé: Os investimentos do Estado são em infraestrutura e desenvolvimento de estudos. Contribuímos para obras civis, reformas e adaptações de prédios, dependendo do tipo de construção. Em Sorocaba, por exemplo, foram investidos R$ 12 milhões pelo governo na obra e R$ 22 milhões pela prefeitura. O trabalho do governo do Estado é principalmente fazer a indução do processo. Já os recursos destinados aos estudos ficam em torno de R$ 600 mil para cada parque. Depois, ajudamos na articulação das empresas para o parque, a organizar os centros de pesquisa. O trabalho de articulações é tão importante quanto o repasse de recursos. 

Do Portal do Governo de São Paulo


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04/19/2012


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