Sarah Abrahão e Antônio de Araújo Costa recebem medalhas por dedicação ao Senado
O presidente do Senado, José Sarney, condecorou com a Medalha Prêmio, por 50 anos dedicados ao serviço público, Sarah Abrahão, ex-secretária da Mesa Diretora, e Antônio de Araújo Costa, que foi chefe de gabinete da Presidência na gestão de Teotônio Vilela. Em solenidade realizada nesta segunda-feira (14), Sarney disse estar "especialmente feliz" por ter iniciado o dia recebendo os novos servidores concursados e encerrá-lo com uma justa homenagem a servidores cujo exemplo deverá ser seguido pelas gerações atuais.
Sarah Abrahão tomou posse na Casa em junho de 1960 e exerceu o cargo de secretária da Mesa em dois períodos (1972-1973 e 1975-1980). Antônio de Araújo Costa tomou posse em 1956, trabalhou com os presidentes Petrônio Portela (1977-1979) e Luiz Vianna Filho (1979-1980) e em inúmeros gabinetes. Ele já tinha recebido outras condecorações, como as medalhas José Bonifácio e Almirante Tamandaré.
- Se pudesse fazer uma pequena homenagem a Sarah, que me acompanhou dia e noite, sem faltar um único dia, como exemplo de serviço público, a denominaria de 'santa de altar' - disse Sarney.
Embora salientando que não teve o prazer de trabalhar diretamente com Antônio de Araújo Costa, o presidente da Casa lembrou que muitos outros senadores expressam o orgulho de tê-lo tido como auxiliar. Ao elogiar o servidor por sua discrição, o senador fez uma brincadeira, dizendo que o funcionário é um homem "de muitas palavras, de grande eloquência".
Entre as qualidades de Araújo Costa foi mencionada igualmente sua habilidade no trato de situações politicamente delicadas. Entre os que foram homenagear o servidor, o ex-presidente do Senado e atual deputado federal Mauro Benevides (PMDB-CE) mencionou momento da transição do regime militar para a fase de redemocratização. Estava em curso a chamada "abertura lenta e gradual", promovida pelos militares por pressão da sociedade e dos grupos oposicionistas. Uma propaganda eleitoral do então MDB havia sido considerada abusiva, o que poderia levar à cassação do mandato do líder do partido, Alencar Furtado, comprometendo os avanços tímidos conseguidos até ali. Diante da crise, o então presidente do Senado Petrônio Portela precisava conversar sobre o assunto com o então ministro da Justiça Armando Falcão, mas o encontro teria de ser confidencial, o que foi providenciado por Araújo Costa, chefe de gabinete de Portela.
Sarney recordou o apoio recebido de Sarah Abrahão no dia em que teve de tomar posse como presidente da República, em substituição ao presidente eleito Tancredo Neves, que estava gravemente doente, e de quem era vice. Ele contou ter chegado ao Senado às 9h daquele 15 de março de 1985, quando a cerimônia de posse seria às 10h. Num momento de especial emoção, foi apoiado por Sarah Abrahão, que ainda lhe presenteou com a caneta utilizada para assinar o termo de posse no cargo.
O presidente Sarney confirmou que inúmeros episódios da história, importantes para o país, foram testemunhados por Antônio de Araújo Costa, mas nenhum deles foi divulgado pelo servidor.
Tanto o presidente Sarney quanto Cláudia Lyra e ainda Angélica Passarinho, da Secretaria de Relações Institucionais, referiram-se a
Sarah Abrahão como a "papisa do regimento", conhecedora das leis e de seu entrelaçamento com o processo legislativo. Mauro Benevides disse que ambos auxiliaram o Senado a cumprir sua missão e asseguraram "o prestígio do Legislativo brasileiro".
A própria Sarah Abrahão recordou momentos marcantes de sua carreira, entre os quais a participação nos procedimentos para revogação de atos institucionais implementados pelo regime militar. Já Antônio de Araújo Costa considerou relevante o momento em que, no dia 25 de agosto de 1961, em sessão noturna, o Congresso Nacional se reuniu, por convocação de seu presidente, Senador Auro de Moura Andrade, para comunicar a renúncia de Jânio Quadros ao mandato presidencial.
O diretor-geral do Senado, Haroldo Tajra, salientou que o Senado é um "órgão vivo" e que os 50 anos de dedicação de Sarah Abrahão e Antônio de Araújo Costa ficarão marcados no "coração da Casa".
Já a diretora da Secretaria de Recursos Humanos, Doris Marize Peixoto, observou que a experiência dos dois servidores foi além do cumprimento de tarefas inerentes aos cargos. Ambos presenciaram em seu convívio diário a construção de famílias e "selaram amizades". Segundo a diretora, eles foram "coadjuvantes dos verdadeiros atores, presenciando sua atuação em momentos importantes do Senado".
Também participaram da homenagem o 3º secretário da Mesa, senador Mão Santa (PSC-PI); os senadores Valdir Raupp (PMDB-RO) e Adelmir Santana (DEM-DF); e os ex-secretários da Mesa Sara Figueiredo, Guido Carvalho e Nerione Cardoso.
14/06/2010
Agência Senado
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