Sarney nega nepotismo



O senador José Sarney (PMDB-AP), em discurso no Plenário nesta quarta-feira (5), lembrou que está há 55 anos no Congresso Nacional, afirmando que, neste período, nunca adotou a norma de chamar parentes para assessorá-lo. Ele negou ter praticado nepotismo e comentou uma por uma a lista de nomeações que lhe são atribuídas em representações abertas no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar.

Dos 17 nomes listados nas representações, José Sarney reconheceu ter influído apenas na contratação da sobrinha Vera Portela Macieira Borges, funcionária do Ministério da Agricultura, requisitada pela Presidência do Senado e cedida ao gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), em Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. Sobre as outras nomeações Sarney ressaltou que as contratações de gabinetes são privativas dos respectivos senadores.

Uma delas, a de João Fernando Sarney, seu neto, foi feita pelo senador Epitácio Cafeteira (PTB-MA), sem seu conhecimento, disse Sarney. Outras, disse o senador, foram feitas por sua filha, a ex-senadora Roseana Sarney (PMDB-MA), atual governadora do Maranhão.

- A lei brasileira não passa responsabilidade de filha para pai - assinalou.

Sarney disse ainda que desconhece alguns dos funcionários cujas nomeações lhe são atribuídas. Ele negou também ser responsável pela nomeação dos filhos do ex-diretor de Recursos Humanos do Senado, João Carlos Zoghbi.

- Todos sabem que eu nunca me relacionaria aqui com o senhor Zoghbi e, ao contrário, mandei abrir inquérito contra ele - disse.

Em relação à nomeação do namorado da neta, Henrique Dias Bernardes, para um cargo no Senado, Sarney explicou que se trata de um funcionário competente, formado em Física e pós-graduado, que trabalha com assiduidade e recebe elogios dos chefes. Disse que os diálogos divulgados pela imprensa "de maneira ilícita" em que a nomeação de Bernardes é discutida são "conversas coloquiais entre familiares, que nada têm com um processo em segredo de justiça e pela lei deveriam ser eliminados". Além disso, acrescentou, nesses diálogos não há menção a nomeação por ato secreto.

Sobre a denúncia de que seu neto José Adriano Cordeiro Sarney teria sido privilegiado com agenciamento de créditos consignados de forma fraudulenta, o senador esclareceu que o neto "nunca teve nenhuma relação com o Senado". José Adriano tinha na verdade, disse Sarney, relações profissionais com o HSBC, banco que foi autorizado a operar com a instituição em 2005, quando ele não tinha cargo gestor na Casa.

- Quando assumi, em 2 de fevereiro deste ano, meu neto não era mais credenciado do HSBC e o banco não trabalhava mais com crédito consignado no Senado, conforme nota do próprio banco - informou.

Outra denúncia abordada por Sarney é a de que teria enviado quatro policiais do Senado para sua casa em São Luiz (MA), que estaria sob ameaça de atentado. Sarney afirmou que esse tipo de pedido é comum entre os senadores e que essa é uma das funções da Polícia do Senado.

Por fim, informou não ter funções administrativas na Fundação José Sarney desde 1990, e lembrou que o recebimento de auxílio-moradia é legal mas que, por uma decisão pessoal, pediu que os valores que recebeu na forma desse benefício fossem estornados do contra-cheque.



05/08/2009

Agência Senado


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