Sarney registra ação de Dom Eugênio Sales na época da ditadura



O senador José Sarney (PMDB-MA) solicitou, nesta terça-feira (4), que seja transcrito nos Anais do Senado reportagem publicada pelo jornal O Globo que revela o trabalho realizado pelo Cardeal dom Eugênio Sales durante os anos em que a América do Sul abrigou diversas ditaduras militares.

- Foi sua ação vigorosa e cristã que salvou a vida de milhares de refugiados políticos. Ele intermediou, com seu temperamento, solturas e dissuadiu muitas ações militares de perseguição e violência. Dom Eugênio salvou vidas e evitou muitos sofrimentos. Ele o fez, despojado das luzes de quem quer aparecer. Eu sou amigo, há muitos anos, de Dom Eugênio Sales. Com ele, já tive oportunidade de ter muitos e muitos encontros, mas nunca ouvi de seus lábios nenhuma referência a esses fatos, levados ao conhecimento do país pelo jornal O Globo - relatou.

Sarney assinalou que Dom Eugênio não era um militante, e, sim, um homem de ação e de resultados, além de discreto, religioso e cristão, que evitava aparecer no noticiário da época. O peemedebista disse que o cardeal desejava apenas cumprir uma missão humanitária e que a cumpriu muito bem. Na oportunidade, também citou o "Sermão da Sexagésima", do Padre Antônio Vieira, e disse que Dom Eugênio encarnaria a essência do texto.

- Ele diz, nesse sermão, que há dois tipos de sacerdotes: aqueles que pregam pela palavra e aqueles que pregam pela ação; aqueles que não têm outra finalidade senão aquela de, pelas obras, darem os seus exemplos. Nesse sermão, o Padre Vieira desenvolve um tema baseado no Velho Testamento, do semeador que sai a semear. Nesse caso, percebemos que Padre Vieira faz duas distinções: o semeador e o homem que semeia, que não são a mesma coisa. O semeador é uma palavra, mas o homem que semeia é o homem de ação - comentou.

O senador disse ainda que, agora, dom Eugênio é um homem que já envelheceu, dele tendo ouvido que, nas suas noites de solidão no Palácio São Joaquim, passa o tempo ouvindo os tiros das metralhadores da guerra que se trava entre traficantes e criminosos nos subúrbios e nas favelas do Rio de Janeiro.

- Ele então disse: 'Eu, hoje, só tenho para cumprir com meu trabalho, a minha oração'. É esse homem que envelhece e que ainda está com os ouvidos abertos para essa luta da violência urbana. É um homem, portanto, que merece nosso respeito e nossa admiração. Devemos ter orgulho de ter um homem da dimensão moral e pessoal, com a história de dom Eugênio Sales - concluiu.



04/03/2008

Agência Senado


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