Saúde: Psiquiatras do HC prestam serviço a adolescentes das unidades da Febem
Objetivo é oferecer assistência preventiva e curativa inovadora para melhorar a qualidade de vida dos jovens
A partir de agora os adolescentes que cumprem medidas socioeducativas na Fundação Estadual do Bem-Estar do Menor (Febem) começam a receber assistência psiquiátrica preventiva e curativa mais intensa. Trinta médicos (15 psiquiatras e 15 clínicos) atuarão diretamente nos cinco complexos da capital (Tatuapé, Vila Maria, Raposo Tavares, Brás e internatos). Esse é um dos resultados do Programa de Saúde Mental, criado pela Febem em parceria com o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Os psiquiatras dedicarão 20 horas por semana aos adolescentes: metade do tempo nas unidades e a outra metade dedicada à discussão dos casos com assistentes sociais e psicólogos da fundação.
“Só tínhamos um psiquiatra”, informa a diretora-técnica de saúde da Febem, Maria Eli Bruno. Os psiquiatras iniciaram o trabalho no final do mês passado e os clínicos vão trabalhar à medida que os contratos forem assinados. Os primeiros atendimentos são oferecidos aos casos de emergência e de jovens que expressam maior agressividade. Depois, os outros também terão assistência, que inclui de medicação a psicoterapia. “Entre os adolescentes, há casos aparentes de depressão, rebaixamento mental e problemas de conduta”, relata a diretora.
Atendimento faz a diferença
A ação pretende mudar o ambiente da Febem. Os jovens participarão de oficinas para debater seus problemas. Maria Eli explica que o objetivo é que se reconheçam como protagonistas e transformadores de sua realidade: “Pretendemos levá-los a refletir que têm duas opções: seguir o caminho errado ou o certo. Cada um deles resulta em determinadas conseqüências”. A diretora acredita que o adolescente transgride por falta de oportunidade e de informações. “Quanto mais conhecimento, menor a chance de transgressão.” Os trabalhos em grupo com essa filosofia serão interdisciplinares e englobarão pedagogia, arte-educação, esportes e outras áreas. O complexo de Franco da Rocha não receberá profissionais do HC porque já é atendido pela Diretoria Regional de Saúde local.
A mudança da rotina de trabalho da Febem inclui a assistência e acompanhamento aos familiares dos jovens. “O atendimento que oferecemos é diferenciado e requer sensibilidade dos médicos”, ressalta o psiquiatra Sérgio Rigonatti, diretor do Núcleo de Estudos de Pesquisa em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, do Instituto de Psiquiatria do HC.
Antes do trabalho conjunto, alguns dos infratores eram encaminhados para atendimento no HC. “Agora, será mais fácil porque os garotos serão assistidos nas próprias unidades. Não haverá necessidade de escolta e eles ficarão mais tranqüilos”, observa o médico.
Ele informa que, após 30 dias, haverá a primeira avaliação do trabalho psiquiátrico, iniciado no fim do mês passado. “Nosso objetivo é melhorar a qualidade de vida dos infratores com atendimento humanizado, não somente técnico. Estamos sendo bem recebidos”, afirma o diretor.
Funcionários recebem capacitação
O Núcleo de Estudos de Pesquisa em Psiquiatria Forense e Psicologia Jurídica, do Instituto de Psiquiatria do HC, ajuda na capacitação de psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais e demais integrantes da área de saúde da Febem. O primeiro módulo do curso, de 32 horas, foi direcionado a cerca de 500 profissionais que trabalham na capital, Grande São Paulo, Guarujá, São Vicente e cidades próximas. O treinamento começou no dia 8 de março e terminou no fim do mês passado. “Esses funcionários da Febem foram reciclados e conheceram as terminologias e patologias da área de psiquiatria”, informa Maria Eli.
As abordagens incluíram desenvolvimento psicomotor normal e patológico, retardo mental, alteração do sono, transtorno alimentar, alteração de humor e ansiedade, abuso de álcool e drogas e psicoses. O segundo módulo destina-se exclusivamente a 307 psicólogos da instituição. Começou no dia 9 e terá um mês de duração. Será abordada a avaliação psicológica clínica. Os assistentes sociais terão também treinamento específico ainda em maio. Atenção à família, pobreza, desenvolvimento da comunidade e avaliação social do adolescente são alguns dos tema
05/16/2006
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