Saúde: Secretaria recruta voluntários para pesquisa sobre os efeitos do HPV
Projeto inédito tem parceria com o Instituto Ludwig e será realizado também nos Estados Unidos e no México
A Secretaria da Saúde, por meio do Centro de Referência e Treinamento DST/Aids (CRT-DST/Aids), e em parceria com o Instituto Ludwig, está recrutando mil homens saudáveis, da Grande São Paulo, entre 18 e 70 anos, para pesquisa sobre o papilomavírus humano (HPV). Trata-se de um projeto inédito no mundo, que inclui, além do Brasil, Estados Unidos e México. Serão pesquisados 3 mil homens, durante quatro anos. "O HPV em mulheres é muito estudado. Agora queremos descobrir seus efeitos em homens", explica a diretora do CRT-DST/Aids, Maria Clara Gianna.
Os participantes serão submetidos a dez consultas clínicas, ao longo de quatro anos, que abrangerão exame físico e análise laboratorial para HPV, coleta de sangue para análises de anticorpos contra HPV e teste de doenças sexualmente transmissíveis. Os voluntários preencherão questionários para determinar fatores de risco sociais e comportamentais associados à infecção pelo HPV.
Alto nível de infecção
De acordo com o Instituto Brasileiro do Controle do Câncer, a infecção genital pelo HPV é a doença sexualmente transmissível mais freqüente na população feminina com vida sexual ativa. Calcula-se que, no Brasil, de 10% a 40% das mulheres que se incluem nesse perfil sofram dessa infecção, que pode levar ao câncer de colo uterino. Apesar de menos de 1% das infectadas desenvolverem efetivamente esse tipo de câncer, a doença representa no Brasil a terceira causa mais freqüente de câncer entre as mulheres, perdendo apenas para o de pele não-melanoma e o de mama.
Estimativas do Instituto Nacional do Câncer (Inca) indicam que mais de 19 mil novos casos de câncer do colo uterino deverão ser diagnosticados neste ano. É o segundo tipo de câncer mais incidente na população feminina, ficando atrás apenas do câncer de mama.
Em todo o mundo, uma em cada quatro mulheres está infectada pelo HPV, transmitido principalmente pelo sexo sem proteção. O Brasil é um dos cinco países mais comprometidos pelo vírus. A diferença é que aqui a detecção do HPV e das lesões pré-malignas é tardia, já que grande parte da população não tem acesso a exames periódicos. Na região Norte, é o tipo de câncer que mais mata mulheres.
Sintomas e tratamento - De acordo com o urologista Roberto Carvalho da Silva, do (CRT-DST/Aids), os principais sintomas são coceira e aparecimento de verrugas (conhecidas como cristas-de-galo) no aparelho genital. A contaminação ocorre por meio de relações sexuais sem uso de preservativos, outras formas de contato íntimo e até em sabonetes, toalhas, roupas íntimas.
O urologista informa que 75% da população sexualmente ativa já teve contato com o HPV, mas somente 1% apresenta as lesões (verrugas). O período de incubação do vírus, segundo estudos, pode variar de três semanas a oito meses. Carvalho da Silva explica que não há tratamento para o vírus, mas somente para as lesões que aparecem na região genital (ânus, vagina, vulva, canal vaginal e canal peniano).
No tratamento, existem dois tipos de procedimentos: No caso de feridas maiores, usa-se o método cirúrgico para a retirada. Quando são menores, podem ser utilizados pomadas ou ácidos na região afetada.
No ano passado, foi lançada a Vacina Recombinante Quadrivalente contra o HPV tipos 6, 11, 16, 18. A vacina só pode ser aplicada em mulheres na faixa etária de nove a 26 anos que não tenham tido contato com o vírus anteriormente. Durante as pesquisas, foi revelado que a vacina impediu 100% de pré-cânceres de alto grau e cânceres de colo do útero não-invasivos associados ao HPV tipos 16 e 18. A vacina está sendo aplicada nos Estados Unidos. No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o tratamento, mas a vacina ainda não está disponível na rede pública.
Estima-se que 99% dos casos de câncer do colo do útero sejam causados pelo HPV, transmitido nas relações sexuais. O estudo que será realizado agora servirá como base para verificar a porcentagem de homens infectados com o vírus que desenvolvem câncer na próstata ou na região anal. As principais medidas preventivas são o uso de preservativos nas relações sexuais e a visita regular ao ginecologista, para a realização do exame de Papanicolau, ou ao proctologista.
SERVIÇO
Interessados em participar do estudo podem obter informações pelo telefone (11) 5549-1967 ou pelo e-mail es
01/30/2007
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