Seguem a Plenário indicações para embaixada na Rússia e representação na OMC
Antonio Guerreiro, o senador Ricardo Ferraço e Marcos Abbott Galvão, na sabatina
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) aprovou nesta quinta-feira (24), por unanimidade, a indicação de Antonio José Valim Guerreiro para o cargo de embaixador do Brasil na Rússia e, cumulativamente, no Uzbequistão. Obteve também aprovação geral o diplomata Marcos Bezerra Abbott Galvão, designado para representar o Brasil na Organização Mundial do Comércio (OMC) e outras organizações econômicas com sede em Genebra. Agora as indicações vão a Plenário, para decisão final.
A Rússia é o país com maior extensão territorial do mundo e se inclui entre os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A OMC, além de atuar como foro de negociações de acordo para liberalizar o comércio internacional, julga contenciosos comerciais entre os países membros.
Na exposição inicial, Antonio Guerreiro disse que a Rússia continua ocupando posição destacada no cenário internacional. Em parte, disse que essa posição se deve ao legado deixado ao país pela União Soviética. Um dos ganhos seria o próprio assento no Conselho de Segurança, que garante ao país poder de veto nas grandes questões internacionais. Citou ainda o arsenal de armas nucleares que antes estava espalhado pelas demais repúblicas soviéticas.
Quanto ao relacionamento entre o Brasil e a Rússia, Guerreiro disse que se desenvolve com “grande fluidez”, com troca de opiniões sobre todos os assuntos da agenda internacional. Assinalou que a participação dos dois países no grupo dos Brics (ao lado da Índia, da China e da África do Sul) tem sido importante oportunidade para o exame de convergências de posições.
Guerreiro registrou que, em 2012, o Brasil exportou US$ 3,14 bilhões para a Rússia. Como as importações daquele país foram de US$ 2,79 bilhões, observou que o saldo é bastante favorável ao Brasil. Ele acrescentou que os dois países desejam incrementar o comércio bilateral, concordando com uma meta global de intercâmbio da ordem de US$ 10 bilhões ao ano.
- Nunca se conseguiu essa meta, porém não é algo impossível de obter, desde que arrefeçam os efeitos negativos da crise internacional – previu.
Impasse
Marcos Galvão, indicado para a OMC, afirmou, durante sua sabatiba, que o grande desafio que a organização enfrenta é fazer funcionar seu “braço negociador” nas questões de comércio, o que chamou de “função legislativa” da organização. Ele reconheceu que a organização enfrenta um impasse, já que a Rodada de Doha está chegando aos 12 anos de instalação e as negociações não avançam.
- Essas negociações tinham natureza especial, que era a vocação declarada de atender especialmente aos interesses de países subdesenvolvidos e emergentes, que até então não tinham sido satisfatoriamente contemplados – lembrou.
Como registrou o diplomata, o lançamento da rodada ocorreu ainda sob os impactos do atentado de 11 de setembro, ocorrido em 2001. Naquele momento, observou, houve maior “sensibilidade às frustrações de países em desenvolvimento e seu potencial explosivo”. Porém, conforme sua avaliação, hoje é mais difícil obter acordos em relação ao período do sistema do Acordo Geral de Tarifas e Comércio (Gatt), sucedido em 1995 pela OMC, que hoje é dirigida pelo brasileiro Roberto Azevedo.
- No passado, pequeno grupo de grandes potencias comerciais ditava as regras, restando aos demais a adesão. Agora os países emergentes participam da definição ativamente e com peso crescente. Então, o consenso se torna mais difícil – explicou, esclarecendo que a organização só decide por consenso.
Marcos Galvão foi questionado sobre os novos blocos regionais buscando convergências comerciais, bem como a respeito da multiplicação de acordos bilaterais entre países ou blocos, à margem da OMC. Para o diplomata, o Brasil deve buscar essas alternativas de inserção, mas sem deixar de lado esforços para acordos globais por meio da OMC, a seu ver um organismo fundamental aos interesses nacionais.
- Não se trata de uma questão de escolha. A OMC é importante para todos os países e especialmente para países como o Brasil, cujo comércio é distribuído de modo equilibrado entre todas as regiões do mundo e que, portanto, tem interesse em abordagem mais global na regulação do comércio – justificou.
Currículos
Antonio Guerreiro ingressou na carreira diplomática em 1974, alcançando a função de ministro de 1ª classe em 2001, quando ocupou o cargo de diretor-geral do Departamento de Organismos Internacionais. No exterior, foi embaixador junto à Agência Internacional de Energia Atômica. Em 2012, assumiu a função de representante especial junto à Conferência do Desarmamento. Ele é filho do já falecido ex-chanceler Saraiva Guerreiro.
No currículo de Marcos Galvão, está registrada passagem como embaixador no Japão, onde se encontrava em 2011, quando ocorreu a tragédia de Fukushima. Ele participou do curso preparatório para a carreira em 1979 e hoje também compõe o quadro de ministros de 1ª classe. Ainda jovem, participou do grupo que negociou a reestruturação da dívida externa do país na década de 80.
29/08/2013
Agência Senado
Artigos Relacionados
Vão a Plenário indicações de nomes para embaixada na Rússia e representação na OMC
CRE sabatina indicados para embaixada na Rússia e representação na OMC
Plenário aprova indicações de embaixadores para Rússia e Reino Unido
Indicações para o Cade são aprovadas na CAE e seguem para o Plenário
Seguem para Plenário as indicações de três ministros para o STJ
CRE analisa indicações para as embaixadas da Rússia e do Irã