Seminário apresenta curso do Pronera a agricultores do RS
Cerca de 200 agricultores participaram de seminário de sensibilização para o curso superior de Tecnologia em Agropecuária – primeira iniciativa do Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (Pronera) voltado para beneficiários do Programa Nacional do Crédito Fundiário (PNFC). O evento, realizado na terça-feira (28) aconteceu no auditório da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI).
O curso está com inscrições abertas até o dia 14 de fevereiro. Serão ofertadas 40 vagas, e o seminário reuniu interessados para esclarecer dúvidas e repassar informações.
"É muito gratificante iniciar este curso inédito neste que é o Ano Internacional da Agricultura Familiar", afirmou Conceição Melo, asseguradora do Pronera no Rio Grande do Sul. Ela explicou que o Pronera surgiu em razão de demandas dos movimentos sociais ligados à reforma agrária, que buscavam um modo de educação próprio, que valorizasse a vida do campo, com a adoção da pedagogia da alternância – um tempo para o estudo, outro para as atividades na terra. Apenas em 2010 o Pronera, por meio de decreto, passou a atender outros públicos além dos agricultores assentados.
Ela enfatizou que este curso em parceria com a URI é voltado para um público bem específico. "Pode se inscrever o beneficiário do PNCF ou seu dependente que more no lote adquirido", informou Melo.
Formação
Para o coordenador do curso, professor Luis Pedro Hillesheim, o diferencial da proposta, além da especificidade do público, é proporcionar uma formação que torne os agricultores sujeitos e agentes do desenvolvimento regional. "O aluno inicia um projeto para sua propriedade no primeiro dia de aula. Quando conclui o curso, ele vai gerar emprego, não procurar. É o desafio de sair com uma oportunidade de espaço de vivência e renda da família", afirmou o professor, destacando que a experiência contribui para a questão da sucessão rural.
De fato, é o que preocupa os agricultores. Sandra de Cezar, de Vista Alegre, trouxe a filha Chanauana para o seminário. O financiamento da área de 13 hectares saiu em nome da filha, de 20 anos, e a família planeja trabalhar na produção leiteira. Chanauana quer ser médica veterinária e a mãe ficou interessada no curso do Pronera. "Achei muito bom. É direcionado para a agricultura familiar, para a gente planejar, investir na propriedade, viver bem", disse Sandra, que pensa em se inscrever.
Para Elenir Migliolini, de Cerro Grande, não havia ainda aparecido uma oportunidade assim. Ela vive com o marido e duas filhas pequenas na área que adquiriram pelo PNFC em 2004, onde plantam de tudo um pouco, e o forte é a produção de milho. O que chamou sua atenção foi a facilidade proporcionada pela alternância.
Já Suélen Veloso Petter concluiu o segundo grau no ano passado, e busca opções. "Gosto de trabalhar com agricultura. É bom. É minha vontade ficar", declara.
Crédito Fundiário
O Programa Nacional do Crédito Fundiário possibilita que trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra possam comprar um imóvel rural por meio de um financiamento. O recurso ainda é usado para viabilizar infraestrutura necessária para a produção e assistência técnica e extensão rural. O programa já beneficiou 28.138 famílias no Rio Grande do Sul em 13 anos de atuação, com aquisição de 306.930 hectares.
A iniciativa passou por importantes reformulações em 2013. "Demos passos importantes. As condições econômicas mudaram muito nos últimos dez anos, e para melhor. Revisar juros e prazos era necessário", explicou o delegado federal do Ministério do Desenvolvimento Agrária no Rio Grande do Sul, Marcos Regelin. "Costumo dizer que praticamente relançamos o programa, que agora tem uma perspectiva de combate à pobreza rural, uma linha específica de financiamento para a juventude e novos valores de juros", complementou a diretora interina PNFC, Raquel Santori.
O curso
A seleção dos alunos será realizada no dia 17 de fevereiro, com aplicação de uma prova, incluindo questões de português e sobre agricultura, além de uma redação. As inscrições podem ser feitas até o dia 14 do mesmo mês. Podem concorrer a uma vaga jovens e adultos beneficiários do PNFC residentes na região do Médio Alto Uruguai e na região do Rio da Várzea.
O curso terá 2.430 horas/aula e mais 60 horas de atividades complementares. As aulas serão ministradas na URI/Campus Frederico Westphalen. Além da parceria entre URI e Incra formalizada por meio de convênio pelo Pronera, outras entidades também apóiam a iniciativa, como Emater e a Associação Regional das Casas Familiares do Sul do Brasil (Arcafar Sul).
Fonte:
Instituto Nacional de Colonização da Reforma Agrária
29/01/2014 17:13
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