Senado aprova indicação de Rodrigo Telles para o Banco Central



O Plenário do Senado aprovou nesta terça-feira (19), com 37 votos a favor e seis contra, a indicação do economista Rodrigo Telles da Rocha Azevedo, 40 anos, para o cargo de diretor de Política Monetária do Banco Central (BC). A indicação já havia sido aprovada, desta feita por unanimidade, pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), que determinou ainda a tramitação da mensagem presidencial em regime de urgência.

Ao fazer uma rápida análise da economia brasileira, Rodrigo Telles se mostrou otimista com o atual quadro. Para ele, o governo está no caminho certo já que adota o que chamou de uma "combinação adequada", baseada no tripé da responsabilidade fiscal, estabilidade monetária e um regime de câmbio flutuante. A seu ver, somente dessa maneira o país poderá crescer de modo sustentável e gerar empregos, "como vem ocorrendo".

Rodrigo Telles alertou, entretanto, que em um horizonte imediato o desafio maior da política econômica reside em estimular o investimento, como forma de acelerar o crescimento da capacidade produtiva do país. Mas condicionou o alcance dessa meta ao desenvolvimento em bases permanentes, "com marco regulatório adequado, ênfase à estabilidade de regras e cumprimento das condições contratuais".

A longo prazo, Rodrigo Telles previu que o sucesso da política econômica brasileira vai depender da poupança de longo prazo e à abertura de investimentos, progresso tecnológico, via adoção de políticas de inovação, modernização da atividades produtiva, além da expansão dos mercados, por meio de maior inserção internacional do comércio exterior no país. Telles também defendeu políticas sociais mais eficazes, centradas na educação e saúde.

- É necessário, portanto, que o Congresso Nacional, em conjunto com setores econômicos do governo, adote medidas destinadas a ampliar o crédito e reduzir o custo do capital, que passam, necessariamente, pela redução do spread bancário, criação da chamada conta-investimento e da cédula de crédito bancário, além do cadastro positivo e central de risco do Banco Central - defendeu Rodrigo Telles.

Autonomia do BC

Durante a sabatina, Rodrigo Telles, ao ser indagado pelo líder do governo no Congresso Nacional, senador Fernando Bezerra (PTB-RN), se mostrou favorável à autonomia do Banco Central. Mas admitiu a necessidade de maior debate sobre o assunto, "já que não estamos amadurecidos para a independência", apesar de reconhecer que a autonomia é uma tendência verificada em alguns países. A experiência no exterior, segundo ele, vem obtendo resultados positivos, como taxas baixas de inflação a longo prazo.

O senador Ney Suassuna (PMDB-PB), relator da mensagem presidencial de indicação do economista, chegou a anunciar, durante a reunião, que vai apresentar até o final do ano projeto de lei que dá autonomia ao BC. O senador Rodolpho Tourinho (PFL-BA) informou que apresentou um projeto (PLS 317/03) que também concede independência à instituição.

Fernando Bezerra quis saber ainda o que Rodrigo Telles, como futuro diretor do BC e integrante do Comitê de Política Monetária (Copom), poderia fazer para diminuir o spread bancário no Brasil, considerado por ele como um dos mais altos do mundo, "um verdadeiro escândalo". Em resposta, o economista condicionou a diminuição do spread, "que o governo deseja" a uma série de quesitos, entre os quais à queda da inadimplência e aumento do volume de crédito.

O presidente da CAE, senador Ramez Tebet (PMDB-MS), voltou a criticar os altos juros pagos pelos consumidores brasileiros, com destaque para o chamado cheque especial que atinge, conforme acrescentou, a cifras astronômicas, que chegam a 72% ao ano.

Já o senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) pregou a flexibilização das reuniões do Copom, que são realizadas a cada mês. Para ele, as anunciadas reuniões, a portas fechadas, criam incertezas, o que não é salutar para a política monetária. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) propôs que as reuniões do Copom fossem gravadas pelo sistema Radiobrás (rádio e TV) para que fossem transmitidas 24 horas depois para toda a sociedade. Somente dessa maneira, explicou Suplicy, as reuniões seriam transparentes. Em resposta, Rodrigo Telles afirmou que apesar de o Copon trabalhar com informações sigilosas e elementos técnicos, divulga os resultados seis dias após as decisões tomadas, o que representa a transparência do colegiado.

Já o senador Delcídio Amaral (PT-MS), ao enaltecer as palavras do economista, afirmou que dois quesitos são importantes para se atrair novos investimentos ao país: regras estáveis e cumprimento de contratos.

> Plenário dá andamento à discussão de dez PECs


19/10/2004

Agência Senado


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