SENADO APROVA VOTO DE LOUVOR EM HOMENAGEM A DOM PAULO EVARISTO ARNS



O plenário do Senado Federal aprovou nesta terça-feira (dia 17), por unanimidade, voto de louvor ao cardeal dom Paulo Evaristo Arns, ex-arcebispo de São Paulo. A homenagem é prestada quando o religioso se aposenta, deixando a Arquidiocese depois de 28 anos. O voto foi proposto pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS) e teve parecer favorável da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), relatado pelo senador Romeu Tuma (PFL-SP).Ao justificar sua proposição, Simon ressaltou a dignidade, a seriedade e a correção que caracterizaram a "presença marcante" do cardeal em um momento muito difícil da história recente do país. Enfatizou também seu papel preponderante na criação das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) na Grande São Paulo.- É uma homenagem muito justa a um dos grandes nomes da Igreja Católica, um dos grandes nomes da sociedade civil brasileira - afirmou Simon.O senador manifestou seu apoio ao convite formulado pela Mesa do Senado a dom Paulo, para que este venha celebrar a missa de final de ano, nos festejos de Natal dos parlamentares. Romeu Tuma enalteceu a iniciativa de Simon e recordou a ajuda de dom Paulo em momentos delicados, como nas greves da região do ABC durante o processo de redemocratização do país. O senador lembrou que, então diretor da Polícia Civil de São Paulo, recebeu o cardeal em seu gabinete, por mais de uma vez, na tentativa de uma posição conciliadora.- Ele esteve sempre pronto a estabelecer uma situação de paz - afirmou.Ao associar-se à homenagem, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiou a proposta "de inegável justiça e oportunidade" de Simon. O parlamentar lembrou a iniciativa de dom Paulo de criar a Comissão de Justiça e Paz na Arquidiocese de São Paulo, após ter sido impedido de visitar presos políticos. Suplicy rememorou ainda o ato ecumênico que reuniu cinco mil pessoas contra o regime ditatorial na Catedral da Sé, após a prisão e morte do jornalista Vladimir Herzog nas dependências do 2º Exército.O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse ser grande a honra dos catarinenses na homenagem prestada a dom Paulo, nascido há 77 anos em Forquilinha (SC). Para ele, o cardeal projeta-se no cenário do mundo inteiro, notadamente no mundo católico. Lembrou, quando governador do Estado, ter agraciado o religioso com a medalha Anita Garibaldi, a maior condecoração de Santa Catarina.Já a senadora Benedita da Silva (PT-RJ) ressaltou que o rebanho católico segue dom Paulo convencido de que os compromissos do cardeal não são políticos partidários, mas de um Evangelho pleno.Ao declarar a aprovação do voto de louvor, o presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, declarou que a mesa se associava às homenagens a dom Paulo, pelos serviços que prestou não só à Igreja mas a todo o povo brasileiro. Antonio Carlos afirmou que o cardeal se afastava "para melhor servir à Arquidiocese que presidia" e que louvava as palavras de Simon relativas a seu amigo dom Paulo Evaristo Arns.

17/11/1998

Agência Senado


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