Senado vai debater ato que proíbe pulverização aérea de inseticidas na cultura do algodão



A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária (CRA) aprovou nesta quarta-feira (6) requerimento para a realização de audiência pública com a finalidade de debater portaria do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) que proíbe pulverizações por meio de aeronaves de quatro inseticidas usados em lavouras de algodão.

O presidente da CRA, senador Acyr Gurgacz (PDT-RO), que sugeriu o debate, pede que sejam convidados a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o secretário-executivo do Mapa, José Carlos Vaz, além do presidente do Ibama, Volney Zanardi Junior. Sugere ainda a presença de especialistas e representantes da cadeia produtiva do algodão, mas também da soja, outra cultura atingida pela proibição.

A portaria foi adotada com base na avaliação do Ibama de que os inseticidas provocam “iminente perigo” à sobrevivência das abelhas. O órgão alega que foi necessário adotar o “princípio da precaução” devido à importância desse inseto como agente polinizador.

Assim como os produtores, Gurgacz salienta que não há estudos no Brasil comprovando o alegado risco. Por isso, ele também reivindica a suspensão da portaria enquanto se realizam estudos definitivos sobre os efeitos dos quatro produtos por disseminação aérea.

A proibição envolve os inseticidas Imidacloprido, Tiamexotan, Fipronil e Clotianidina. De acordo com o senador, a manutenção da portaria causa danos às lavouras e prejudica toda a cadeia produtiva do algodão, com impacto negativo sobre o próprio PIB brasileiro.

- Parece uma conspiração contra a economia brasileira – comentou Gurgacz.

Em carta dirigida ao Ministério da Agricultura e lida por Gurcacz na reunião, o então presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, Sérgio de Marco, alerta que a medida provocará uma “catástrofe”. Ele disse que há o risco imediato da perda de controle sobre o manejo do bicudo do algodoeiro, praga que dizimou a cultura do algodão no Brasil há menos de duas décadas.

Haveria ainda a ameaça da disseminação da mosca-branca e dos pulgões, insetos que também provocam danos diretos à cultura e que podem ser controlados com eficiência em aplicações por via aérea dos produtos citados, conforme o Sérgio de Marco.

Na correspondência, ele destaca que a safra de algodão 2010/11 contribuiu com cerca de US$ para a formação do PIB no ano passado. Disse que a cultura emprega mais de 79 mil pessoas, movimenta uma massa salarial de US$ 787 milhões e gera US$ 7,7 bilhões.

Mudanças no meio rural

Foi aprovado na reunião um segundo requerimento de Gurgacz, no qual o senador propõe audiência em conjunto com a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) para debater as transformações socioeconômicas no meio rural latino-americano, com foco na realidade brasileira e seus impactos.

Havia apenas dois projetos de lei em pauta, um deles (PLS 396/2011) com votação adiada por falta de quorum para decisão terminativa e outro (PLS 32/2008) a pedido do relator, senador Sérgio Souza, para reexame.



06/12/2012

Agência Senado


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