SENADORAS DISCURSAM NA SESSÃO SOLENE DA MULHER
Apesar dos preconceitos, da discriminação e até mesmo da violência, a presença feminina foi fundamental em todos os acontecimentos populares e na instituição de novos direitos, avaliou a senadora Emilia Fernandes (PDT-RS), durante sessão solene do Congresso em homenagem ao Dia Internacional da Mulher. Para a senadora, uma das requerentes da homenagem, as mulheres já estão prontas para assumir posições cada vez mais importantes na política. - Nós já estamos prontas, preparadas e temos demonstrado nossa competência em diversas atividades. É nosso dever alterar radicalmente o atual quadro das relações econômicas, sociais e humanas. É inaceitável a continuidade da fome, do desemprego, da falta de saúde e moradia e das mínimas condições de vida, que atingem milhões de pessoas, em especial as mulheres, que ocupam 40% do mercado de trabalho, mas recebem 40% menos - disse. A participação política também foi citada pela senadora Luzia Toledo (PSDB-ES). Para ela, o Legislativo é o Poder que mais tem se mostrado sensível em relação aos direitos da mulher. "Reafirmar a efetividade das decisões do Congresso na conquista dos direitos da mulher não é apenas reconhecer o papel expressivo que vem desempenhando nas questões de gênero, é mais que isso, é ratificar o compromisso de nossas ações parlamentares". Luzia Toledo citou dados de pesquisa do instituto Vox Populi, segundo os quais a sociedade confia na mulheres no exercício de atividades públicas.- Não por acaso, a bancada feminina vem crescendo a cada eleição. Uma pesquisa de opinião mostrou que 84% dos brasileiros votariam preferencialmente numa mulher para prefeito, 80% deles se fosse para governador e 72% numa eleição para presidente da República. É a constatação coletiva de que a mulher é mais séria e honesta do que o homem em posições de administração pública - afirmou.A senadora Marluce Pinto (PFL-RR) lembrou as conquistas de direitos pelas mulheres durante a elaboração da Constituição, em 1987 e 88. Apesar de haver na ocasião, apenas 25 mulheres parlamentares, entre elas a própria Marluce Pinto, houve um avanço, graças à cooperação entre homens e mulheres. - Para se conquistar a aprovação de uma emenda, precisávamos de 281 votos. E se os homens não tivessem reconhecido o trabalho das mulheres no Parlamento, tenho certeza de que não teríamos conseguido conquistar estes direitos - afirmou a senadora, citando como conquistas importantes os direitos da mulher relativos à titularidade de terras, a permissão de assinar escrituras e de registrar filhos.A senadora Heloísa Helena (PT-AL) defendeu a união das mulheres contra a pobreza e a violência, não apenas no âmbito do Congresso, mas principalmente nas ruas. "É de fundamental importância trazermos a esta Casa e levarmos às ruas a palavra pela reforma agrária, a palavra contra a violência, a palavra contra a venda de pequenas meninas nas ruas por um prato de comida"Na oportunidade, a senadora repudiou mais uma vez o comportamento do presidente do Senado, Antônio Carlos Magalhães, diante das acusações feitas por Nicéa Pitta, ex-esposa do prefeito de São Paulo, Celso Pitta.- Não poderia deixar de registrar o meu protesto, que é de todas as mulheres brasileiras, pela atitude desqualificada, truculenta, machista e intolerante do presidente do Congresso Nacional, ao atribuir palavras como "prostituta" e "louca" a uma mulher que fez uma denúncia - afirmou.A senadora Maria do Carmo (PFL-SE) afirmou em seu pronunciamento que o direito ao voto foi a mais importante conquista do movimento feminino, concedendo prerrogativas políticas às mulheres, antes marginalizadas da vida pública. A senadora fez previsões otimista com relação à conquista de espaço pelas mulheres no próximo século e enumerou característica que as tornam aptas à vida pública.- Temos tudo que a natureza nos proporcionou para decidirmos com sabedoria. Somos naturalmente educadoras, temos senso de organização, desenvolvemos uma apurada sensibilidade, amamos a justiça e somos mães da humanidade. E, por essa razão, queremos o melhor para o gênero humano.
15/03/2000
Agência Senado
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