Senadoras dizem preferir igualdade a galeria de retratos



Na inauguração dos retratos das novas senadoras na galeria em que são destacadas as mulheres que até o momento desempenharam o cargo, nesta quinta-feira (31), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) sugeriu que aquela exposição permanente seja extinta no futuro, quando as mulheres foram metade dos integrantes da Casa. Como disse, a galeria é uma homenagem "sincera", mas só existe por causas das desigualdades de gênero, expressa na reduzida presença das mulheres em todos os espaços de poder.

- Não há galeria de senadores, mas há de senadoras. Acho mais importante que o objetivo final nosso seja extinguir essa galeria. Na hora em que formos metade dos senadores, não haverá mais necessidade de termos uma galeria para as mulheres - defendeu.

Situada no corredor da Ala Alexandre Costa, a galeria é uma homenagem às mulheres que exerceram ou estão no despenho do cargo de senadora. A inauguração de novos retratos ocorre sempre em março, o Mês da Mulher. A iniciativa surgiu de idéia da ex-senadora Serys Slhesssarenko e foi adotada em 2005, como uma das atividades em comemoração ao Ano Internacional da Mulher.

A 1ª vice-presidenta do Senado, Marta Suplicy (PT-SP), que também teve seu retrato aposto na galeria, considerou oportuno manter uma segunda parede da ala reservada para retratos de senadoras. Conforme argumentou, as mulheres "batalham" muito mais que os homens para chegar ao Senado.

- Penso que merecemos sim o outro lado da parede não só até sermos cinquenta por cento [na Casa], mas até que sejam absolutamente equânimes as dificuldades a serem enfrentadas - justificou.

Abertura com Dilma

Assim como Vanessa Grazziotim, Marta Suplicy salientou que ainda é recente a presença das mulheres na vida parlamentar - perto de 11% em todos os níveis, das Câmaras de Vereadores ao Senado. A primeira senadora foi Eunice Michilles, pelo Amazonas, de 1979 e 1986. Marta considerou, porém, que a eleição de Dilma Rousseff para comandar o país está sendo uma "abertura de portas". Segundo ela, um reflexo disso foi sua própria chegada à 1ª vice-presidência do Senado e de outra mulher, a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), ao mesmo posto na Câmara dos Deputados.

Na avaliação de Gleisi Hoffmann (PT-PR), agora também na galeria, a coleção de retratos pode ter importância como documento histórico, depois de a participação das mulheres no Parlamento passar a ser um fato natural. Ficaria como uma referência do tempo em que, conforme assinalou, as mulheres foram "exóticas" na vida parlamentar, pelas dificuldades de acesso a esse espaço público.

Também presente, Ana Amélia Lemos (PP-RS) concordou que a eleição de Dilma Rousseff de fato estimula as mulheres ao desafio da vida política. Depois, assinalou que assumiu seu primeiro mandato com o compromisso de representar as mulheres e defender a igualdade de gênero como uma missão "democrática e cidadã".

Prestigiaram o ato os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ), Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) e Casildo Maldaner (PMDB-SC), que discursou em homenagem às colegas. A convite das senadoras, participaram ainda a secretária-geral da Mesa do Senado, Claudia Lyra, e a diretora-geral da Casa, Dóris Marize, citadas como exemplo de ascensão feminina na vida pública.

31/03/2011

Agência Senado


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