Senadores participam de cerimônia em homenagem a Jango



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Os restos mortais do ex-presidente João Goulart chegaram, no fim da manhã desta quinta-feira (14), à Base Aérea de Brasília, onde foram recebidos com honras de chefe de Estado, em cerimônia que contou com a participação da presidente da República, Dilma Rousseff, dos ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva, Fernando Collor de Melo e José Sarney, do presidente do Senado, Renan Calheiros, e de vários outros senadores, além de deputados e ministros.

Devido a um atraso no trabalho de exumação em São Borja (RS), a urna chegou por volta de 11h30 à capital federal, uma hora e meia após o horário previsto. Na Base Aérea, a urna foi recebida com uma salva de tiros e a execução do Hino Nacional. De lá, foi conduzida, numa van sob escolta, ao Instituto Nacional de Criminalística (INC), onde serão feitas coletas para a realização de mais exames, inclusive antropológico e de DNA.

- Isso [exumação] é fundamental para a recomposição da verdade histórica. O próximo passo é o Congresso Nacional anular a triste sessão de 1º de abril de 1964, que declarou vaga a Presidência da República. Já obtivemos o compromisso dos líderes e do presidente do Senado e tenho certeza de que assim o faremos na próxima terça-feira [19], aprovar o projeto de resolução que restaura a justiça - afirmou o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Renan é um dos 27 senadores que assinaram o projeto de resolução que anula a sessão do Congresso Nacional de 1º de abril de 1964. Naquele dia, o Poder Legislativo declarou vaga a presidência, apesar de o presidente Jango estar em território nacional, no Rio Grande do Sul, em local conhecido. A sessão serviu para legitimar a subida dos militares ao poder.
O presidente do Senado considera a aprovação do projeto “uma questão de justiça” e propôs aos líderes que ele seja apreciado diretamente pelo Plenário do Congresso Nacional já no dia 19 de novembro. A sugestão é para acelerar a tramitação da proposta.

Na opinião de Randolfe, comprovado o assassinato de Jango, ficará claro que as ditaduras latino-americanas se uniram para praticar crimes a aniquilar lideranças políticas.

- O que está sendo exumado não é só o ex-presidente, mas as entranhas de um período da história brasileira que não pode se repetir - afirmou.

Emocionada, a presidente Dilma manteve-se ao lado da viúva de Jango, Maria Tereza Goulart. Juntas, depositaram uma coroa de flores no caixão. Pelo Twitter, a presidente disse que a solenidade é uma “afirmação da democracia no Brasil”.

Também participaram da solenidade os senadores Pedro Simon (PMDB-RS), Eduardo Braga (PMDB-AM), Eunício Oliveira (PMDB-CE), Acir Gurgacz (PDT-RO), Randolfe Rodrigues (PSOL-AP), José Pimentel (PT-CE) e Eduardo Suplicy (PT-SP) e João Capiberibe (PSB-AP).

Exumação

A exumação dos restos mortais de João Goulart terminou na madrugada desta quinta-feira, depois de mais de 18 horas de trabalho, envolvendo 12 peritos, incluindo profissionais de Cuba, Argentina e Uruguai.

Essa foi a primeira exumação de um ex-presidente no Brasil. Jango morreu no exílio, na Argentina, em 1976. A causa oficial da morte foi infarto, mas a família acredita na hipótese de que ele tenha sido envenenado, com a participação do governo militar. Na época, o presidente era Ernesto Geisel. Desde 2007, o Ministério Público Federal (MPF) investiga essa possibilidade. Em 2012, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) passou a colaborar com as investigações.

No próximo dia 6 de dezembro, a morte do presidente completará 37 anos, e os restos mortais serão reconduzidos ao mausoléu da família no cemitério Jardim da Paz, na cidade de São Borja para serem novamente enterrados.



14/11/2013

Agência Senado


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