Senadores prestam homenagem à Maçonaria
O Senado realizou nesta quinta-feira (20) a décima sessão especial de homenagem à Maçonaria brasileira, pelo transcurso do Dia do Maçom, com a presença de diversos representantes da instituição. Primeiro subscritor do requerimento para a homenagem, o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR) destacou a "verdade e a tolerância" como valores da Maçonaria e ressaltou a necessidade de que a democracia brasileira esteja cada vez mais pautada pela tolerância.
- Hoje, a nossa democracia precisa ser muito mais permeada por essa tolerância; não se pode dividir a sociedade entre esquerda, direita e centro, entre brancos, negros e índios. Nós temos de ter, realmente, tolerância e saber que todos somos iguais - afirmou ele.
O senador também conclamou os seus pares a passar de uma atitude discursiva para uma atitude mais proativa. Segundo disse, há perfeita sintonia entre os princípios que regem a instituição e aqueles que começam a se impor como prevalecentes no século XXI. O lema da Maçonaria, que é "ciência, justiça e trabalho", continuou ele, constitui valores que têm se mostrado cruciais neste início de século.
Mozarildo lembrou que os integrantes da Maçonaria, embora tenham se dedicado a atividades lícitas e ao bem comum, foram, ao longo da história, vítimas da intolerância e de perseguições, o que explica o caráter sigiloso dos encontros que eram mantidos pelos maçons. Eram nesses encontros, lembrou ele, que se difundiam os ideais de liberdade, igualdade e fraternidade que vieram a inspirar, no século XVIII, alguns dos movimentos mais marcantes da história como a independência dos Estados Unidos e a Revolução Francesa.
Além de ressaltar o papel político da Maçonaria na história mundial e brasileira, Mozarildo observou que a instituição participa atualmente de diversos trabalhos sociais nos municípios nas áreas de educação, saúde, atenção ao idoso e aos jovens.
Data
Ao lembrar também a participação da Maçonaria nos grandes momentos históricos do país, o senador Valdir Raupp (PMDB-RO) observou que a própria data escolhida para a comemoração do Dia do Maçom serve de atestado da relevante contribuição da instituição para a constituição do Brasil. Afinal, acrescentou ele, a celebração do Dia do Maçom, em 20 de agosto, rememora a reunião ocorrida na mesma data, em 1822, quando, em assembléia geral maçônica no Rio de Janeiro, votou-se, por unanimidade, em favor da independência do Brasil.
O senador Jayme Campos (DEM-MT), ao lembrar a criação de "lendas" em torno da figura do maçom, disse que o maior segredo dos integrantes da Maçonaria é desvendado nas suas próprias ações, que é fazer desinteressadamente o bem ao próximo, pois, agindo assim, disse ele, estará fazendo o bem à humanidade.
Verdade
O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) aproveitou a sessão para destacar a importância da verdade, um dos valores básicos da Maçonaria, nesses tempos de "mentira", em que se discute qual a autoridade fala a verdade. Após aparte de um integrante da Maçonaria presente à sessão, que falou sobre a importância do perdão, Alvaro Dias disse concordar que é preciso perdoar o pecador, mas não o pecado.
- Perdoaremos o ser humano com as suas fraquezas, mas jamais a corrupção, o desrespeito à sociedade - afirmou ele.
O senador também criticou a atuação do Conselho de Ética do Senado, que ele disse acreditar estar colaborando para consagrar a imoralidade no país. Alvaro fez ainda críticas a propostas de fechamento do Senado e disse que, nesse caminho, o próximo passo seria o fechamento da imprensa.
O senador Cristovam Buarque (PDT-DF) conclamou a Maçonaria a contribuir para o surgimento de um "novo Brasil", um "Brasil Limpo", contemporâneo com o mundo inteiro, que mude em diversos aspectos, sobretudo na área da educação. Segundo o senador, a Maçonaria pode ser uma força capaz de ajudar a tirar o Brasil do atraso em que se encontra, como ocorreu em outros momentos no país.
O senador Romeu Tuma (PTB-SP) aproveitou a sessão para prestar homenagem a seu pai, que era maçom e fundou várias lojas no estado de São Paulo. Segundo o senador, juntamente com seu tio mais velho, que foi presidente do tribunal maçônico, seu pai teve uma vida dedicada ao relevante papel social que a Maçonaria dirige no estado.
Calendário
O senador Efraim Morais (DEM-PB) defendeu que o Dia do Maçom conste do calendário cívico brasileiro, bem como sejam acrescidas ao nome das personalidades inscritas no livro Heróis da Pátria e que participaram da Maçonaria a designação "maçom". Efraim ressaltou que, no âmbito da Maçonaria, encontravam-se destacados patriotas do movimento da Inconfidência Mineira, que resultou na independência do Brasil. Esses personagens, acrescentou, conceberam também um projeto político, econômico e social para o Brasil. A instituição, observou ainda, introduziu padrões éticos e morais e tem por objetivo ampliar a cultura e a visão espiritual das pessoas.
- É uma instituição que historicamente agrega homens de saber que buscam o bem comum - destacou Efraim Morais, ao explicar que a expressão mineira "uai" tem origem na senha de acesso às reuniões inconfidentes, iniciais das palavras união, amor e independência.
Valores
A senadora Rosalba Ciarlini (DEM-RN) disse que a Maçonaria incentiva a observância de valores morais e de princípios humanistas, uma vez que, segundo a senadora, o ser humano é naturalmente inclinado ao bem. Para Rosalba, as circunstâncias nas quais vivem as pessoas são responsáveis pelos desvios em relação à tolerância e à solidariedade.
Rosalba Ciarlini observou também que, apesar dos avanços tecnológicos, a humanidade ainda convive com desigualdades econômicas e sociais. Como exemplo, ela citou o fato de crianças ainda morrerem em razão de doenças causadas pela falta de água potável ou do tratamento de esgotos. Mesmo havendo tecnologia para produção de alimentos em qualquer lugar do mundo, ressaltou ainda, nem todos os seres humanos têm garantido o acesso à alimentação diária. Em sua avaliação, esses contrastes podem ser corrigidos pela fraternidade, um dos princípios da Maçonaria.
Fraternidade
O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) também destacou a contradição entre o avanço tecnológico e as condições em que vivem as pessoas, especialmente as menos favorecidas economicamente.
- Embora estejamos vivendo uma época de enormes facilidades nas comunicações, é sabido que todo o desenvolvimento tecnológico que se apresenta aos nossos olhos não é suficiente para aproximar os homens num sentimento desinteressado e fraternal - disse Lucena, ao ressaltar a importância da Maçonaria para continuar a inspirar a fraternidade
A sessão foi aberta pelo senador Mão Santa (PMDB-PI), que lembrou o papel da Maçonaria nos mais importantes movimentos libertários do Brasil. Além de Mozarildo, assinam o requerimento para a realização da homenagem os senadores Efraim Morais, Gim Argelo (PTB-DF), Leomar Quintanilha (PMDB-TO), Papaléo Paes (PSDB-AP), César Borges (PR-BA) e Cícero Lucena, entre outros.
Compareceram à sessão o vice-governador do Distrito Federal, Paulo Octávio; o grão-mestre geral do Grande Oriente do Brasil, Marcos José da Silva; e o grão-mestre do Grande Oriente do Distrito Fed eral, Jafé Torres; além de outros representantes da Maçonaria.
Denise Costa e Iara Borges / Agência Senado
20/08/2009
Agência Senado
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