Sessão de homenagem destaca contribuições de Eliseu Resende ao país



O país perdeu um grande professor, um destacado gestor público e um atuante parlamentar com a morte de Eliseu Resende. A afirmação foi feita pelo presidente do Senado, José Sarney, nesta quarta-feira (9), na sessão especial do Congresso para reverenciar a memória do mineiro de Oliveira que foi ministro dos Transportes de 1979 a 1982 e teve passagem ainda pelo Ministério da Fazenda. Ele faleceu em 2 de janeiro, aos 81 anos, no exercício de mandato de senador que iria até 2015.

Antes de convidar Itamar Franco (PPS-MG) para presidir a sessão, como destaque às origens do homenageado, Sarney disse que Eliseu será uma lembrança constante pela obra que deixou. Com sua experiência política, disse ainda, o político mineiro estaria agora auxiliando o Congresso a dar conta, com mais rapidez e eficiência, de tarefas relacionadas à modernização da infraestrurura do país.

- Mas não é tempo de prantear, e sim de lembrar sua obra no que ela revelará mais perene para as gerações futuras do país. É tempo de relembrar sua vida de grande homem deste país - disse Sarney.

Depois de afirmar que toda nação tem os seus símbolos, o senador José Agripino (DEM-RN), um dos autores do requerimento para a homenagem, destacou que a infraestrutura brasileira tem o seu e que esse se chama Eliseu Resende. Assim como outros oradores, ele mencionou grandes obras realizadas por Eliseu, à frente do antigo Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER) ou do Ministério dos Transportes, como a Ponte Rio-Niterói e quase 31 mil quilômetros de estradas.

- De 1974 até hoje, somados todos esses anos, não se atingiu a marca do que seu marido capitaneou ou realizou - disse Agripino, dirigindo-se à viúva Dinah Nogueira de Resende, presente à sessão com os dois filhos.

O senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), outro subscritor do requerimento, disse que Eliseu Resende protagonizou momentos importantes da história do país. Conforme Azeredo, ele era um "homem sem rancores e sempre disposto ao entendimento". Na disputa pelo Senado, em 2006, destacou, o homenageado saiu consagrado das urnas, com mais de 5 milhões de votos.

Conhecimento e preparo

Em seu primeiro pronunciamento em Plenário desde a posse, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou que a perda de Eliseu Resende empobrece o Parlamento. Segundo ele, há uma perda em "inteligência, preparo, experiência e bom senso". Observou ainda que Eliseu detinha conhecimento poucas vezes comparável da realidade brasileira.

Aécio destacou também a disposição com que o falecido senador trabalhou para conquistar seu último mandato, compondo a chapa em que ele próprio buscava, em 2006, sua reeleição para o governo de Minas. Além disso, relembrou que Eliseu e seu avô, Tancredo Neves, foram adversários políticos - "adversários duros, mas leais". Eles disputaram o governo de Minas, em 82, eleição em que Tancredo saiu vitorioso, mas então começaram a convergir para o mesmo campo.

- Ali começavam a se tornar concretos os novos contornos da reconquista democrática brasileira. E souberam, Tancredo e ele, com a dimensão que tinham, convergir no momento certo, quando o que estava em jogo eram os interesses de Minas e o interesse do Brasil - comentou Aécio.

Fildaguia

Quando prefeito de Juiz de Fora, pelo antigo MDB, o senador Itamar Franco (PPS-MG) disse que tratou de interesses do município junto ao então diretor-geral do DNER. Apesar das diferenças políticas, observou, Eliseu o atendia com "fidalguia", acima dos interesses partidários. Itamar Franco leu também a carta em que Eliseu pediu para deixar o Ministério da Fazenda, durante o seu governo. Ele saiu agastado com notícias sobre o uso de uma diária de hotel. Itamar retratou o episódio, que teria obrigado o então ministro a se explicar ao Senado, como exemplo das injustiças que atingem homens públicos.

- Era este documento que eu queria registrar no Senado da República, para que os mais jovens, aqueles que praticamente estão iniciando na vida pública, verifiquem que muitas e muitas vezes nós sofremos injustiças - ressaltou Itamar.

Quase todos os senadores destacaram a forma ética como o homenageado se conduzia na vida pública. Para Francisco Dornelles (PP-RJ), ele simbolizou a "transparência, o respeito ao bem público e a vontade de realizar". Ao fim, observou, Eliseu acumulou o maior patrimônio que um homem público pode desejar: "a honestidade, a dignidade e a credibilidade perante a sociedade".

O senador Fernando Collor (PTB-AL) disse que Eliseu Resende sempre se destacava por apresentar análises didáticas, profundas e especializadas sobre os temas tratados.Segundo Collor, na Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI), a clareza do pensamento e a lucidez de raciocínio do falecido senador eram normalmente "a palavra final e correta". Jayme Campos (DEM-MT) lembrou que as grandes obras rodoviárias de seu estado têm "as digitais" de Eliseu Resende.

Três deputados federais também discursaram na sessão de homenagem, todos de Minas Gerais: Mauro Lopes (PMDB), Paulo Abi-Ackel (PSDB) e Toninho Pinheiro (PP). Outro orador foi o secretário de Transportes e Obras Públicas, Carlos Melles, que representou na sessão o governador de Minas, Antonio Anastazia. José Alexandre, filho de Eliseu, disse que o Brasil, Minas Gerais e o Senado "perderam um pequeno grande homem".



09/02/2011

Agência Senado


Artigos Relacionados


Encerrada sessão de homenagem a Eliseu Resende

Sarney ressalta contribuições de Eliseu Resende

Eliseu Resende destaca equilíbrio e pioneirismo do Estado de Minas

Iris Resende destaca sua participação na 25ª Sessão Especial da Assembléia da ONU

Eliseu Resende abre reunião da CI

Congresso reverencia a memória de Eliseu Resende