Sessão solene presta homenagem à Pátria e aos gaúchos



Em sessão solene, na tarde de ontem, a Assembléia Legislativa homenageou duas datas, que, como afirmou o presidente do Legislativo gaúcho, deputado Sérgio Zambiasi, “falam ao coração e ao civismo de brasileiros e de gaúchos”. Ele prosseguiu, ressaltando a homenagem ao nascimento de uma nação e à década mais heróica de um povo

Em seu pronunciamento durante o ato solene, o presidente do Parlamento lembrou que a 7 de setembro de 1822, inscreveu-se o nome do Brasil na comunidade dos povos livres da Terra. Zambiasi ressaltou que se tornava realidade, então, "o grande sonho dos Inconfidentes, a máxima aspiração dos patriotas, a de ver nosso país dotado, enfim, da plenitude da independência política e da autonomia administrativa”. E ainda que “lançavam-se às margens do Riacho Ipiranga, os alicerces de uma cultura e os fundamentos de uma civilização”.

O presidente da Assembléia acredita que durante estes últimos 180 anos o “Brasil trilhou a marcha portentosa ao longo da qual soube manter sua integridade territorial e preservar, na comunhão da língua e das tradições, sua vocação à esperança”. Ele afirmou que "nos legaram um espaço geográfico continental que conseguimos preservar sem divisões, já que aqui não prosperaram as rupturas e dissidências que tão profundamente marcaram outras regiões da América Latina”.

Zambiasi falou sobre a contribuição do Rio Grande na construção da Pátria, mesmo não tendo sido isenta de dissensões. “Mas há contudo desacordos que se justificam e se legitimam pelos valores e princípios que os inspiraram. Há, também rebeliões que se fundam em idéias generosas e altaneiras”, disse o presidente do Legislativo.

Para Zambiasi, foi esse o caráter da Epopéia dos Farrapos, que, no próximo dia 20, cumprirá 167 anos. Também, o presidente da Assembléia entende que os comandantes de Bento Gonçalves pegaram as armas contra a Corte para colocar termo a tropelias do Império e constituir, com sua luta prodigiosa, uma federação, de feição republicana, com as demais províncias espoliadas. “A nossa nunca foi uma guerra contra a Pátria, mas contra desmandos insuportáveis para um povo livre”, afirmou. Ressaltando que os anseios do povo gaúcho sempre foram os mesmos, gravados na bandeira do Rio Grande: Liberdade, Igualdade, Humanidade.

E foi ainda nesta busca que o Parlamento gaúcho desempenhou um papel maiúsculo, conforme Zambiasi. Ele lembrou que foi na Assembléia Provincial Legislativa, criada em 1834, que se moldou o mais autêntico espírito liberal dos Farrapos e sua desconformidade com as preterições e perseguições da Corte, quando exarcebara-se o culto ao centralismo retrógrado e uma política tributária escorchante. E assim, desta forma não restou aos gaúchos senão a alternativa da revolução.

O presidente lembrou que o Rio Grande soube encerrar com honra, na paz de Ponche Verde, as divisões para marchar desde então unido com os compatriotas de outras latitudes rumo a um provir de equidade que ainda hoje constrói cotidianamente. Para o presidente “ é esse desafio que continuamos a enfrentar: o de fazer o Brasil a Pátria economicamente própera e socialmente justa que queremos legar às gerações que nos sucederão. E somente atingiremos esse propósito pela afirmação definitiva do senso ético sobre o agir político”.

Zambiasi lembrou Rui Barbosa que disse que “todas as crise pelas quais está passando o Brasil, e que dia a dia sentimos crescer aceleradamente, a crise política, a crise econômica, a crise financeira, não vêm a ser mais do que sintomas , exteriorizações parciais, manifestações reveladoras de um estado mais profundo, de uma suprema crise, a crise moral”. E que elas demonstram que “nossos males vêm de muito longe”. Mas isto, segundo Zambiasi, “não nos exime de prosseguirmos na pugna pelo primado da ética, pela primazia da moral, pela construção de uma obra política incontaminada por ambições subalternas”.

Sérgio Zambiasi afirmou que “é imperativo que saibamos transformar a democracia política que conquistamos em democracia econômica e em democracia social. Para isto, não é aceitável, por nenhum padrão ético, a perpetuação de desigualdades afrontosas à dignidade humana, disse Zambiasi. E ainda que “não se conforma a nenhum preceito moral a existência de brasileiros expostos todas as horas e todos os dias à violência que encontra raiz na disparidade de oportunidades”.

Segundo o presidente da Assembléia, “não há democracia que se sustente sobre as palafitas de populações desassistidas, esquecidas, condenadas sem crime à pena perpétua da ausência dos mais elementares cuidados de saúde, da falta de perspecticas de educação, desamparadas até mesmo de alimento e de moradia”. Com isto, Sérgio Zambiasi, reafirma que “ a República com que sonharam os Farrapos não era seguramente a República dos desiguais”. E finalizou o seu pronunciamento, afirmando que “ é essa a nossa missão irrecusável: a de proclamarmos a independência de tudo quanto signifique miséria ou escravidão do homem pelo homem. Pois só assim, nos mostraremos à altura dos anseios dos Inconfidentes, e das aspirações dos Farrapos. E só assim, poderemos olhar enfim nos olhos dos nossos filhos e dizer-lhes: cumprimos o nosso dever perante o tribunal da História.


09/05/2002


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