Simon alerta para número de homicídios no país, que, em um ano, superou mortes de civis no Iraque



O senador Pedro Simon (PMDB-RS) disse, nesta sexta-feira (2), no Plenário, que cerca de 50 mil pessoas morrem assassinadas por ano no Brasil. O número total de homicídios no país, em 2004, foi de 48.374 e, em 2003, de 51.043, enquanto nos últimos dez anos chegou a 450 mil, segundo dados da Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura. Ao fazer uma comparação com a guerra do Iraque, o senador disse que naquele país ocorreram, no ano passado, 34.500 mortes de civis.

- Esse número, em um ano, na guerra declarada do Iraque, é muito menor que o da guerra não-declarada no Brasil - disse Simon, para quem a matança brasileira, em dez anos, equivaleria, mantida a média anual, a 13 anos de guerra no Iraque, com toda a força destrutiva do arsenal aliado.

Ao comparar outros conflitos internacionais com a violência no Brasil, Simon informou que, na guerra de Angola, morreram 13 mil pessoas por ano. Na luta pela independência do Timor Leste, aproximadamente quatro mil, e, em quase quatro décadas de lutas na guerra civil da Colômbia, conduzida pelo narcotráfico, morreram cerca de 30 mil pessoas.

Para o senador, que se diz desiludido com qualquer tipo de proposta de mudança nesse cenário nacional, no Brasil a impunidade é a regra, o desrespeito às leis é a rotina e a irresponsabilidade é o dia-a-dia. O que deveria ser feito, segundo ele, é uma grande conscientização da população pelos meios de comunicação, para que valores da família, Igreja e escola sejam resgatados na cultura e em cada cidadão.

- Esse tripé, por definição e por ideal, se une pelo laço comum da paz e precisa, agora, se transformar em três trincheiras. As igrejas, escolas e famílias devem ser conclamadas, portanto, para discutir ações transformadoras de valores. Que sejam debatidas, em todos os templos, em todas as salas de aula e em todos os lares, as principais razões que levaram à barbárie humana, e que se encontrem medidas no sentido de que o mapa da violência, em escala mundial, seja redesenhado - propôs Simon.

Para o senador, a campanha de conscientização é importante porque o país passa por um grande conflito de valores. Ele lembrou que, no dia 13 do mês passado, escreveu uma carta aberta a Rosa Cristina, mãe do menino João Hélio Vieites, morto depois de ser arrastado por várias ruas do Rio de Janeiro, pendurado num cinto de segurança de um carro dirigido por bandidos. A carta teve grande repercussão, segundo o senador, que recebeu várias manifestações por escrito.

- A população demonstrou, através de mensagens, desejar o resgate do tripé que, outrora, fundamentava valores mais nobres: Igreja, escola e família - contou.

Outra preocupação manifestada pelo senador é quanto ao avanço da violência para as cidades do interior do país.

- Cidadezinhas antes pacatas, até bucólicas, hoje incorporam medos antes exclusivos da grande metrópole. Lugarejos antes conhecidos apenas nos registros censitários povoam agora as páginas policiais. Eu diria que não há apenas a interiorização da violência. Há, na verdade, uma globalização da barbárie - afirmou.

O parlamentar registrou ainda que o maior número de mortes ocorre na faixa etária mais jovem da população, na qual houve elevação de assassinatos da ordem de 63% na última década.

02/03/2007

Agência Senado


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