Simon defende reforma política e critica atuação do presidente Lula nas eleições
Ao fazer uma análise do primeiro turno das eleições municipais, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) defendeu, nesta sexta-feira (8), a importância de uma reforma político-partidária.
-Temos que ter a coragem de querer fazer uma reforma. Os partidos de aluguel não podem continuar, não podemos ter uma campanha séria com dez candidatos falando num debate ao mesmo tempo, sendo que dois são pra valer e oito são só pra fazer de conta.
Simon disse voltar das eleições convencido de que os espaços gratuitos para a campanha eleitoral no rádio e na televisão têm de ser utilizados com os candidatos expondo suas idéias, porque hoje, mais do que nunca, afirmou, se vêem programas em que os candidatos aparecem transformados pelo trabalho dos marqueteiros.
Quanto à atuação do presidente da República, Simon disse esperar que, no segundo turno das eleições, Luiz Inácio Lula da Silva tenha a austeridade e a seriedade que não teve no primeiro turno.
- Que ele entenda que ganhar é muito bom, mas se ele ganhar perdendo o patrimônio maior que tem, que é o ético, terminará se arrependendo.
Simon criticou o fato de, no dia seguinte à eleição municipal, o presidente Lula da Silva ter reunido seus ministros mais importantes e os prefeitos de capitais que venceram no primeiro turno pelo PT. Os eleitos, destacou o senador, foram convocados pelo presidente para serem felicitados, mas também para que se transformassem em cabos eleitorais dos candidatos do PT ao segundo turno.
- Tiraram até fotografia - comentou. Não entendo essa assessoria que perde o sentido da grandeza, do que é o cargo de presidente. Isso é falta de compostura. O PT arromba a porta, abre, tira a fotografia e chama todo mundo pra assistir. Não entendo.
O senador disse também estar convencido de que se deve aprovar o financiamento público da campanha eleitoral.
- A corrupção no Brasil começa na campanha eleitoral. Quando fizemos a CPI do Collor, fomos ver que tudo que apuramos começou na campanha. Há um estágio avançado dessa eleição com relação às anteriores. Nas anteriores, havia os candidatos, e os empresários e banqueiros escolhiam aqueles que queriam ajudar. Agora, querem influenciar a escolha dos candidatos. Um mínimo de moralidade tem de acontecer - protestou.
Simon fez também uma análise do desempenho do PMDB no pleito municipal, destacando que o partido ficou numa posição terciária, acompanhando a disputa entre PT e PSDB, tem presença quase que insignificante nas grandes cidades mas conseguiu mais prefeituras no Brasil inteiro, ficando em terceiro lugar, apesar de não ter candidato em São Paluo, Florianópolis, Curitiba, Belo Horizonte e Salvador.
Em aparte, o senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT) disse que o financiamento público de campanha é uma necessidade urgente. Lembrou que a proposta já foi aprovada pelo Senado e precisa agora ser votada pela Câmara.
08/10/2004
Agência Senado
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