SP terá ações para controlar emissões industriais de CO2



Dos 38 milhões de toneladas de CO2 emitidos pela indústria em 2006, 22,8 milhões foram gerados por 5 empresas

 Dos 38 milhões de toneladas de dióxido de carbono (CO2), ou gás carbônico, emitidos pela indústria paulista no ano de 2006, 22,8 milhões foram gerados por apenas cinco empresas, ou seja, 60% do total.

A informação é resultado do primeiro relatório do Inventário Estadual de Fontes Fixas de Emissões de CO 2, que avaliou 329 indústrias paulistas, e foi divulgada durante o 3º Encontro Latino-Americano e Caribenho da Rede de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável (NRG4SD), realizado na capital, no último dia 14.

A Secretaria Estadual do Meio Ambiente foi a responsável pelo levantamento, realizado com base nos critérios para avaliações das emissões do CO2 do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas 2006 (IPCC), órgão das Nações Unidas destinado a produzir informações científicas sobre o tema.

Para isso, encarregou a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental do Estado (Cetesb) de identificar, por meio dos dados dos empreendimentos que ela licencia, as 371 empresas com maior potencial emissor do poluente de origem fóssil (gerado a partir de petróleo, carvão mineral e gás natural). Desse total, 329 forneceram informações, voluntariamente.

Foram relacionadas as 100 maiores poluidoras. As cinco primeiras colocadas, que se destacam em volume, são uma siderúrgica, uma petroquímica e três refinarias de petróleo. Porém, seus nomes e todos os outros serão anunciados nos próximos dias porque, segundo o secretário do Meio Ambiente, Xico Graziano, foi dado um prazo maior para que as empresas que ainda não apresentaram seus dados o façam.

Análises das informações já relacionadas mostraram que os setores de aço e ferro-gusa são os que mais emitem o gás gerador do efeito estufa: 39% do total. Na seqüência vêm o petroquímico, com 25%, e o de minerais não-metálicos, com 17%. Também tiveram participação significativa as indústrias química (8%) e de papel e celulose (6%).

No Estado, indústrias emitem 38% do total de CO 2, enquanto o transporte viário e aéreo, 43%. Juntas, as duas fontes, definidas como fixa e móvel, respectivamente, lançaram na atmosfera 81 milhões de toneladas (mt) do gás em 2006.

Na indústria, 19,5 mt/ano, ou 51%, são derivados do processo produtivo (liberação especialmente na industria de cimento, ferro e cal) e 18,5 mt/ano diretamente da queima de combustível (49%).  Destes, 77% já têm origem em fontes renováveis – etanol, bagaço, lixívia (licor negro), lenha de reflorestamento, biogás e biodiesel. Como as emissões do gás geradas pelos combustíveis renováreis são reabsorvidas na fotossíntese, evitaram em 2006 a permanência de 50 milhões de toneladas do poluente na atmosfera.

O Encontro – O 3º Encontro Latino-Americano e Caribenho da Rede de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável foi realizado no auditório do Ibirapuera e reuniu representantes de governos regionais de cinco continentes em torno do tema Mudanças climáticas: discutir o presente para garantir o futuro. Além do trabalho desenvolvido em São Paulo e em outros Estados brasileiros, foram abordados os realizados na Itália, na Espanha, na Indonésia e na África do Sul.

Em sua apresentação, depois de citar o inventário, Graziano informou os rumos que deve tomar a política para o controle do efeito estufa. Segundo ele, o principal objetivo da criação de lei estadual, em andamento, é estabelecer metas de redução. Um dos mecanismos previstos para isso, no setor industrial, é atrelar limites de emissões às condições de concessão de licenciamento ambiental. Foi aberta consulta pública para a elaboração da minuta para essa legislação específica, que ainda não existe. Com o seu encerramento, no dia 30 de março, a proposta será enviada à Assembléia Legislativa para aprovação.

O secretário destacou, também, que outra ação programada é o incentivo ao uso de combustíveis renováveis. Considera importante, para tal, o reforço da produção de etanol em condições adequadas do ponto de vista ambiental. “As emissões advindas do etanol não são contabilizadas no efeito estufa da terra. Portanto, precisamos melhorar a agenda do etanol”, afirmou. De acordo com ele, hoje, em São Paulo, esse combustível é mais consumido nos postos do que a gasolina. “Esse crescimento pode ajudar muito na redução da emissão de CO2”.

A Rede – A Rede de Governos Regionais para o Desenvolvimento Sustentável (NGR4SD) foi formada em Joanesburgo, na África do Sul, em 2002, durante a Conferência Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável. Reúne representantes de governos regionais subnacionais, incluindo sete Estados brasileiros. No encontro no Ibirapuera, foi fechado um acordo de redução da emissão de dióxido de carbono a ser levado como proposta da Rede à próxima cúpula mundial do clima, marcada para dezembro de 2009, em Copenhague, na Dinamarca. 

Simone de Marco

Da Agência Imprensa Oficial 



03/25/2008


Artigos Relacionados


ACM AFIRMA QUE CONGRESSO TERÁ PODERES PARA CONTROLAR A ABIN

Bovespa terá índice que incentiva redução de emissões de CO2

Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação terá documento finalizado

USP terá R$ 13 milhões para ações de preservação de acervos

Conab terá R$ 205 mi para dar continuidade a ações do Programa de Aquisição de Alimentos

IPI zero para descartes industriais usados por empresas recicladoras