Suassuna considera um risco a Argentina aproximar-se dos Estados Unidos



O risco de a Argentina aproximar-se dos Estados Unidos, com prejuízos para o Brasil no âmbito do Mercosul, foi apontado nesta quarta-feira (dia 11) pelo senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que identificou o cancelamento da viagem que o presidente Fernando Henrique Cardoso faria a Buenos Aires como o primeiro sinal de que o governo brasileiro acordou para esse perigo.

Lembrando que o principal objetivo da viagem de Fernando Henrique era revitalizar as relações entre os dois principais parceiros do Mercosul, Suassuna disse que as medidas do ministro da Economia argentino, Domingo Cavallo, são tão adversas aos interesses brasileiros que a visita deixou de fazer sentido. Ele condenou sobretudo a iniciativa de Cavallo de facilitar a importação de bens de capital vindos de qualquer país, baixando sua alíquota de importação para zero.

- Ora, isso afeta diretamente o Mercosul e, principalmente, o Brasil, mesmo que a medida se limite a bens de capital, isto é, máquinas - argumentou Suassuna, observando que essa união aduaneira alinha seus países-membros segundo a mesma tarifa de importação de mercadorias de outros países, enquanto os produtos dentro do bloco circulam livres de impostos. Para o senador, ao aplicar uma tarifa zero generalizada de importação, a Argentina mudou unilateralmente as regras do Mercosul.

O senador definiu como ameaçadora a aproximação da Argentina com os Estados Unidos:

- Há, no mínimo, o risco de que nosso principal parceiro do Mercosul tome o partido do governo norte-americano na preferência por acelerar a entrada em vigência da Alca, a Área de Livre Comércio das Américas, coisa que não interessa ao Brasil - disse ele.

Na mesma análise, Suassuna considerou duvidoso que a Argentina leve alguma vantagem nessa aproximação com os Estados Unidos, visto que os produtos que os argentinos têm a vender - petróleo, trigo, automóveis etc. - dificilmente seriam comprados na América do Norte, principalmente na vigência da paridade peso-dólar.

Constatando que a concorrência já custou muito caro ao Brasil e à Argentina, ele aconselhou: "Não nos interessa buscar divergências, mas pontos de similitude". Em aparte, o senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) disse que a idéia básica do Mercosul não é a competição entre os países que o integram, mas a união para, todos juntos, poderem competir com mais força.

11/04/2001

Agência Senado


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