Subcomissão do Turismo discute saídas para aviação civil



Audiência pública da Subcomissão de Turismo, presidida pelo senador Paulo Octávio (PFL-DF), na manhã desta quinta-feira (12) realizou um diagnóstico da aviação aérea nacional e apontou perspectivas para o setor. Os dados trazidos ao Senado por autoridades e presidentes de companhias aérea indicam que a crise que atinge a aviação comercial em todo o mundo desde os atentados de 11 de setembro de 2001 tem características específicas no Brasil, graças às dificuldades econômicas por que passa o país.

O major-brigadeiro-do-ar Washington Machado, chefe do Departamento de Aviação Civil (DAC), revelou que a taxa de ocupação das aeronaves gira em torno de 55%, nível considerado muito baixo. A carga tributária brasileira, disse, também onera a operação das empresas aéreas: enquanto a taxa mínima no Brasil está em 17% dos custos, nos EUA não passa de 7,5%. Ele sugeriu que uma redução de custos, principalmente em impostos e combustíveis, pode readequar a oferta à demanda se a economia voltar a crescer.

O presidente da TAM, Daniel Mandelli Martin, lembrou que a crise não é exclusiva do Brasil. Como os demais palestrantes, disse que um país de dimensão continental como o Brasil deve encarar o seu transporte aéreo como uma questão estratégica, já que, sem ele, o país deixa de gerar riqueza, de desenvolver o turismo e de gerar receitas internacionais.

Na opinião do presidente da Gol, Constantino Júnior, uma das soluções para o setor é a inclusão novos consumidores no transporte aéreo. Segundo ele, 25 milhões de pessoas que teriam condições de viajar de avião estão excluídas do mercado. Os 34 a 36 milhões de assentos ocupados por ano, continuou, representam efetivamente 5 a 6 milhões de pessoas. Os baixos custos da Gol, acrescentou, possibilitaram o registro de 9% de passageiros voando pela primeira vez ano passado. O presidente da Vasp, Wagner Canhedo, disse que apenas 5% da população economicamente ativa do país faz uso do transporte aéreo.

- Enquanto nos EUA o avião é meio de transporte, aqui é privilégio de poucos - afirmou Canhedo.

Segundo Roberto Macedo, presidente da Varig, as pequenas margens de lucro praticadas só dão condições de sustentabilidade ao setor se houver grande volume de vendas. Ele lamentou que os governos dos países latino-americanos não tenham ajudado o setor, ao contrário do que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos.

- Existe a consciência de que o setor é estratégico, importante para a integração nacional, para representação do Brasil no exterior e para a balança comercial, mas, na prática, é visto como meramente comercial. É preciso uma definição da indústria de transporte aéreo que dê sustentação para o desenvolvimento que o país precisa - afirmou.

O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), George Ermakoff, apontou o baixo nível de ocupação de assentos das aeronaves nos últimos anos como o maior problema da aviação nacional. No último mês de maio, a redução dos assentos advinda do corte de vôos foi de 15,3%, inferior à queda da demanda, de 16,6%.

- Existe uma recessão específica do setor. Não é possível que uma empresa tenha planejamento e trabalhe com uma redução na demanda nessa ordem. A oscilação é excessiva - afirmou Ermakoff.

Já o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav), Tasso Gadzanis, atribuiu a situação atual da aviação comercial brasileira aos sucessivos governos que não têm assumido suas responsabilidades. Assim, observou, ocorre uma espécie de -autofagia- entre as empresas aéreas, que, pelo excesso de oferta, oferecem preços baixos, diminuindo a rentabilidade a níveis muito baixos.




12/06/2003

Agência Senado


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