Sul deve enfrentar seus problemas no setor primário



A região Sul do estado, que vem sofrendo há décadas dificuldades no setor econômico, teve ontem a possibilidade de debater possíveis soluções para alavancar o seu desenvolvimento. O encontro do Fórum das Desigualdades Regionais aconteceu em Pelotas, no auditório da Universidade Católica.

O fato de ter baseado sua economia no setor primário, principalmente na agricultura familiar, foi apresentado como uma das causas desse empobrecimento e a aplicação de recursos e incentivos fiscais para a região, foram apresentados como hipóteses para solucionar esses problemas.

Para o deputado Bernardo de Souza (PPS), a falta de ferrovias, a fundamentação da economia no setor primário, a decadência da atividade industrial e a dispersão dos centros urbanos são as principais causas do processo de perda econômica. “Nós temos meios, temos pessoas, temos condições, território e inteligência para nos desenvolvermos”, afirmou o deputado.

Ele destacou também a idéia de que as regiões mais desenvolvidas não devem empobrecer, mas sim as mais enfraquecidas devem buscar seu desenvolvimento para um crescimento harmônico do estado. A adesão da comunidade a um plano de desenvolvimento também foi classificada como fundamental pelo deputado “Nenhum projeto de desenvolvimento vai ser eficaz se a comunidade não aderir a ele”, lembrou. Quanto à necessidade de incentivos para a região Sul, o deputado destacou a emenda de sua autoria aprovada por unanimidade na Assembléia Legislativa que estabelece a redução de impostos para regiões ou municípios do Estado que tenham índice de desenvolvimento econômico e social inferiores à média estadual. No entanto, lembrou que a região Sul não tem recebido a atenção que merece do governo do Estado e o descumprimento da Lei de Diretrizes Orçamentárias, que determina a duplicação dos recursos para a Metade Sul do Estado.

A deputada Cecília Hypolito (PT) destaca que o tipo de desenvolvimento que foi implantado na Metade Sul, baseado na grande propriedade, com poucas culturas, e vinculada à agricultura familiar, exclui socialmente a maioria da população. “Hoje estamos trabalhando para que aqueles que estiveram por muito tempo excluídos socialmente tenham a possibilidade de ser incluídos através de uma série de programas”, afirmou a deputada, lembrando o RS Rural, que agora está incluindo os pescadores artesanais e as iniciativas para estimular pequenas empresas, como o setor de conservas.

A presidente do Conselho Regional de Desenvolvimento da Região Sul, Roselani Sodré, falou sobre os desafios locais de Desenvolvimento, em um painel apresentado em conjunto com o assessor técnico do Corede, João Carlos Medeiros Madail, e com o prefeito de Santana da Boa Vista, Ruy de Freitas. Roselani lembrou as dificuldades culturais que dificultam o avanço da diversificação da matriz produtiva e da modernização da região. Também falou sobre as distancias territoriais, que, por serem muito grandes, dificultam o escoamento da produção. Ela ainda destacou a necessidade de incentivos fiscais e de financiamentos compatíveis com as necessidades da região.

Gustavo Maia Gomes, diretor de Estudos Regionais e Urbanos do Ipea, destaca que há um conjunto de circunstancias que favorecem ou desfavorecem o desenvolvimento das economias locais. Dentre elas, ele destacou um cenário nacional de crescimento econômico e a criação de redes de conexão, também chamadas de capital social, espírito de associativismo e cooperação. Segundo ele, essas iniciativas estão sendo desenvolvidas em âmbito nacional.

Também participaram da audiência os deputados João Luiz Vargas (PDT), relator da Subcomissão das Desigualdades Regionais, Érico Ribeiro (PPB), Adilson Troca (PSDB), Onyx Lorenzoni (PFL) e Jussara Cony (PcdoB).




11/23/2001


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