Taxa de mortalidade de jovens é maior entre negros, diz estudo do Ipea
Homens negros jovens, com idade entre 15 a 29 anos, têm mortalidade maior do que os brancos na mesma faixa etária. Metade das mortes entre os negros é causada por fatores externos, como homicídios. As informações fazem parte de estudo do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) sobre a população negra. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (12).
Em 2001 e 2007, os homicídios foram responsáveis pela morte de 50% da população negra com idade entre 15 e 29 anos. Já no caso da população branca, apesar dos homicídios também representarem a principal causa de mortes em 2001, o índice só chegou a 36,2%. Em 2007, a maior parte das causas das mortes de pessoas brancas foram os acidentes de transporte (35,3%).
A pesquisadora do Ipea responsável pelo estudo, Ana Amélia Carneiro, disse que a taxa de mortalidade dos jovens negros foi um dos dados que mais chamou sua atenção. "Se a gente pensar que a população jovem está diminuindo, e começa a morrer muitos jovens, qual vai ser o nosso futuro? Isso é muito preocupante porque essa diferença está ligada à questão da violência", afirmou.
No caso das mulheres negras, a principal causa de mortes foram doenças relacionadas a problemas circulatórios. O fenômeno se repete no caso das mulheres brancas.
Também existem diferenças quanto ao envelhecimento da população. Há um maior número de pessoas idosas negras (3,6 milhões) do que brancas (3,2 milhões). Segundo o estudo, essa diferença se dá por causa da taxa de fecundidade maior entre a população negra.
A taxa de fecundidade das mulheres negras passou de 2,7 filhos em 1999, para 2,1 filhos dez anos depois. Na população de mulheres brancas, essas taxas passaram de 2,2 para 1,6, no mesmo período.
O estudo chama a atenção para a taxa de fecundidade das adolescentes entre 15 e 19 anos. Nessa população, houve variação maior entre brancas e negras nos anos analisados. Em 1999, a taxa de fecundidade das adolescentes negras era 38,9% maior do que das meninas brancas e, em 2009, essa diferença foi ampliada para 65%.
Outro dado importante da pesquisa é que há um número maior de mulheres negras com filhos chefiando os lares do que na população branca. Quase 20% das mulheres negras com filhos são responsáveis pelo lar, enquanto que na população branca esse índice chega a 14,3%.
O estudo também mostra que a população brasileira de pessoas negras e pardas é maior do que as que se declararam brancas. No censo do ano passado, 97 milhões de pessoas se declararam negras ou pardas e 91 milhões se declararam brancas. A causa para esse fenômeno está na maior fecundidade da população negra e também ao aumento do número de pessoas que se declararam negras ou pardas.
Fonte:
Agência Brasil
12/05/2011 19:29
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