Tião Viana visita José Alencar
O primeiro compromisso externo do presidente interino do Senado, Tião Viana, foi uma visita às 11h desta segunda-feira (15) ao vice-presidente José Alencar, em exercício na Presidência da República durante viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à África. Tião Viana disse que fazia uma visita de caráter institucional e por amizade, pois José Alencar recupera-se de problema de saúde. Ao sair do gabinete para esse compromisso, ele foi indagado pelos jornalistas sobre o sabor do poder.
- Que tal o novo gabinete, o novo carro; a mosca azul não o picou?
- Eu já disse que não arderei pela fogueira das vaidades e muito menos serei picado pela mosca azul porque fui vacinado desde criança contra isso - disse.
- O presidente Renan continua na residência oficial?
- Olha, é da tradição da Casa. Sempre se deu um prazo para quem ocupa a residência oficial ou apartamento funcional desocupar. Eu não tenho que estar preocupado com isso. Eu estou muito bem acomodado no apartamento funcional da 309 Sul.
- Mas dizem que o PT não vai largar de jeito nenhum essa cadeira aqui - comentou outro jornalista.
- Da minha parte, não haverá esse tipo de ambição - afirmou Tião Viana.
Na mesma entrevista, ele foi questionado sobre o interesse do PMDB em preservar a presidência da Casa. Respondeu que, tradicionalmente, quem comanda o Senado é o partido com maioria na Casa ou a aliança majoritária.
- Hoje, quem tem direito de ser o presidente do Senado é o senador Renan Calheiros, que está afastado. Eu não acho conveniente antecipar qualquer discussão sobre a situação do senador Renan após esses 45 dias. Quando o assunto é quem deve presidir o Senado, é claro que a resposta é o representante do partido que é maioria ou o representante de quem faça aliança majoritária na Casa - afirmou.
- E a hegemonia do poder nas mãos do PT? A Câmara, o Senado e a Presidência da República?
- Eu não vislumbro essa possibilidade. Eu entendo que o PT é a quarta força dentro do Senado. Nós temos que ter a humildade de entender que os interesses da instituição Senado são maiores que os interesses partidários. E que hoje o direito de estar sentado na Presidência é do PMDB. Eu cumpro a interinidade e quem quiser ser presidente vai ter que construir a maioria. Da minha parte, não haverá um milímetro de movimento para esse tipo de pretensão. Hoje eu disse ao líder ValdirRaupp (PMDB-RO) que eles têm o direito histórico de pleitear a manutenção da função com Renan, ou achar alternativa, caso seja da conveniência deles - disse ainda.
Agenda
Tião Viana informou aos jornalistas que, em sua primeira manhã no gabinete da presidência do Senado, conversou com os servidores e marcou para as 16h reunião com a Mesa. Disse que pretende discutir a agenda de votações que tem pendentes 18 indicações de autoridades, duas medidas provisórias e dezenas de requerimentos para serem votados.
- Eu me reúno amanhã (16) com os líderes numa reunião-almoço, onde vamos discutir toda a agenda legislativa, aspectos delicados como a CPMF e outras matérias que fazem a parte da pauta, para ver o calendário de votações, tentando fazer com que haja de fato a pacificação do ambiente político no Senado - informou.
- A Mesa diretora vai decidir hoje sobre a quinta representação contra Renan? - indagou um jornalista.
- Eu já pedi à Advocacia do Senado que emita o parecer até às 16h para que nós possamos tomar uma decisão ainda hoje - disse Tião Viana.
- O senhor acha que o afastamento [de Renan Calheiros] muda o ambiente dentro da Casa a ponto de arquivar aqui na Mesa a denuncia?
- Acho que a intenção de Renan foi permitir o distensionamento na Casa. E a minha decisão é construir a pacificação das relações políticas na Casa sem, com isso, abrir mão de prerrogativas éticas; sem abrir mão da imparcialidade e respeito que a instituição deve ter. A instituição deverá ser sempre maior que todos nós nessa hora de crise que estamos atravessando - ressaltou o presidente Tião Viana.
15/10/2007
Agência Senado
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