Trabalho de prevenção da Defesa Civil do Estado tem contribuído para reduzir efeitos de desastres
Órgão atua também no socorro de acidentes com cargas perigosas ou com muitas vítimas, além de apoiar vítimas de catástrofes até em outros estados
A população em geral acha que a Defesa Civil só é acionada em casos de enchentes, mas a situação é bem diferente. O órgão trabalha, principalmente, na prevenção de desastres naturais, como enchentes e seca, mas atua também no socorro de acidentes de trânsito com cargas perigosas ou envolvendo muitas vítimas e até no apoio a populações de outros estados ou países que sofreram com catástrofes como o tsunami.
A diretora do Departamento da Defesa Civil do Estado de São Paulo, major Tania Mara, lembra de que na última semana de dezembro de 2004, os paulistas doaram muitos produtos, sensibilizados pelo caos provocado pelo tsunami na Ásia. Mais de 280 mil pessoas morreram e milhares ficaram desabrigadas. Na época, a Coordenadoria estadual da Defesa Civil (Cedec) foi responsável pela logística. "Verificamos a qualidade das doações às necessidades dos desabrigados na Ásia porque muitos produtos doados não poderiam ser encaminhados". Depois da seleção, a major informou que a Cedec pediu o apoio de voluntários para levar a mercadoria para o Rio de Janeiro, de onde o material foi encaminhado para a Ásia. Essa operação envolveu a Defesa Civil dos municípios, Estado e da União.
Um outro caso que teve participação importante da Cedec foi o acidente com um ônibus que transportava parentes de presos, no município de Assis, em outubro de 2002. Dezoito pessoas morreram e 40 ficaram feridas. "O município não tinha condições de socorrer as vítimas nem de fazer a identificação dos corpos", declarou. A coordenação estadual ajudou no resgate dos feridos e encaminhou os corpos para os Institutos Médicos da região, além de providenciar o transporte dos familiares. "Como envolvia muitas famílias carentes, nós trouxemos os corpos para o Memorial da América Latina e fizemos um velório coletivo", relatou.
Estrutura da Defesa Civil
A Coordenadora estadual da Defesa Civil é composta por representantes de todas as Secretaria de Estado, que em casos de emergência são acionados. A Cedec está instalada no Palácio dos Bandeirantes e conta com o Centro de Gerenciamento de Emergências, que funciona 24 horas, e um serviço de meteorologia que permitem o monitoramento de todo o Estado. Tem também 15 Regionais da Defesa Civil distribuídas pelo Estado.
Todos as cidades São Paulo têm Coordenadorias da Defesa Civil Municipais de Defesa Civil (Comdec), que contam com representantes de todas as Secretarias na esfera municipal.
O governo federal tem o Sistema Nacional de Defesa Civil, com um representante de cada Ministério. É responsável por convênios com estados e prefeituras em situações de calamidade pública.
De acordo com a major Tania, São Paulo é o único Estado do país que tem Coordenadorias da Defesa Civil em todos os municípios.
Apoio
Em situações que a Coordenadoria Municipal de Defesa Civil não tem estrutura para atender a determina ocorrência, a Coordenadoria Estadual é acionada. Major Tania cita, como exemplo, a enchente de 2000 em Campos de Jordão, que isolou a cidade. Morreram na época 10 pessoas, 103 ficaram feridas e cerca de 1.300 desabrigadas.
"O município se desestruturou completamente, o acesso por terra foi interrompido por deslizamentos e o socorro só podia chegar pelo ar", conta. Ela declarou que a Cedec criou ambulatórios para atender as vítimas, arrumou um abrigo e se mobilizou para que fossem reabertas as estradas.
Essa operação contou com toda a estrutura estadual, além de ajuda de muitos voluntários. De acordo com a major, há algumas instituições cadastradas no Estado como voluntárias. "Contamos com o apoio de muitas entidades, entre elas a União Brasileira dos Escoteiros, a Cruz Vermelha e a Abra, que é uma instituição de evangélicos".
A diretora do Departamento da Defesa Civil do Estado ressaltou que fundamental inserir na sociedade e nas autoridades a cultura de prevenção. "Muitos prefeitos resistem em adotar procedimentos que evitariam incidentes porque acham que, como ainda não ocorreu no seu município, isso nunca acontecerá. Só adotam as medidas preventivas depois que ocorrem tragédias", destacou. Segundo ela, isso torna a população vulnerável a qualquer tipo de situação, como acidentes de trânsito, com produtos tóxicos e combustíveis, e fenômenos naturais como enchentes, seca e estiagem.
O principal objetivo da Defesa Civil, de acordo com a major Tania, é o trabalho de prevenção para evitar mortes e minimizar os prejuízos provocados pelos incidentes. "Além disso, trabalhamos no socorro, na assistência e na recuperação". Ela disse, ainda, que o Estado de São Paulo foi pioneiro na recuperação e têm verba destinada para isso.
A Coordenadoria Estadual de Defesa Civil trabalha a prevenção com cursos como o de Administração de Emergências para Municípios (Caem), para a capacitar os profissionais especializados para agir em situações de emergência, e os Encontro de Capacitação em Defesa Civil (Ecadec), cujo o objetivo é desenvolver e aprimorar os sistemas preventivos e de ação de municípios, além de palestras. Os cursos são ministrados por técnicos da Cedec, do Instituto de Pesquisas Tecnológicas, do Instituto Geológico, Cetesb, e bombeiros da Polícia Militar. Este ano, 752 pessoas de 90 municípios de São Paulo participaram dos encontros e cursos organizados pela Coordenadoria Estadual.
A major destacou também o plano preventivo da Defesa Civil para o período de chuvas, que é baseado em três pontos (previsão meteorológica, leitura do pluviômetro e vistoria nos locais de risco), tem obtido bons resultados. Durante todo o ano, a Cedec dá o material e orienta as equipes que trabalham nos municípios. Os Institutos de Pesquisas Tecnológicas e Geológico fizeram um estudo nas regiões do Estado e constataram que o índice pluviométrico pode oferecer risco de deslizamentos entre 80 a 120 milímetros, dependendo do tipo de solo do município. "O Cedec manda os boletins meteorológicos e avisa que há risco de deslizamentos determinada área, o município faz a leitura do pluviômetro e retira as famílias quando atingir o limite de risco de deslizamento", acrescentou.
André Muniz -
08/23/2006
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