Transportar etanol por hidrovia diminui custos e impacto ambiental



Custos são oito vezes menores quando comparados aos do transporte rodoviário

Os custos do transporte fluvial de etanol são oito vezes menores quando comparados aos do transporte rodoviário. Essa é a conclusão do trabalho de mestrado do pesquisador Newton Narciso Pereira, apresentado na Escola Politécnica (Poli) da USP. O trabalho, defendido no início do ano, comparou os custos e o impacto ambiental desses dois meios de transporte. Além do custo mais baixo, o transporte fluvial polui três vezes menos.

“Em 2005, a Petrobrás manifestou o interesse em transportar por meio fluvial o etanol produzido no interior de São Paulo destinado à exportação. Nós decidimos então comparar os aspectos econômicos e ambientais entre o transporte hidroviário e o rodoviário, mais empregado atualmente no País”, explica o professor.

Para obter os custos de cada modal foram consideradas rotas na hidrovia Tietê-Paraná. No caso dos transportes fluviais, o cálculo baseou-se em estimativas de custo para construção de portos, aquisição de embarcações especiais e manutenção. Quanto ao transporte rodoviário, foi realizada uma pesquisa de mercado. “Até existem modelos matemáticos para calcular o frete por rodovia. Mas nem sempre eles correspondem à realidade de preços e condições oferecidas pelo mercado. Por isso, optamos por fazer um orçamento com uma cooperativa que faz esse tipo de transporte”, justifica.

Segundo o professor, a disparidade de custos se deve principalmente à diferença de capacidade de carga dos dois veículos. “Um comboio fluvial carrega, por viagem, cerca de 5000m³. Um caminhão-tanque, apenas 20m³”, explica. “Embora os caminhões sejam mais velozes [trafegam entre 60 e 80 quilômetro por hora (km/h) enquanto comboios viajam à 10km/h], são precisos muitos caminhões para compensar a diferença de capacidade. Isso encarece o frete”, afirma Pereira.

Em relação ao impacto ambiental, foram considerados cinco itens: contribuição para o aquecimento local; o aquecimento global; poluição dos rios; esgotamento dos recursos naturais, em especial o petróleo; e a poluição do ar. Concluiu-se que os caminhões são mais danosos ao meio-ambiente, principalmente no quesito aquecimento global.

De acordo com Pereira, a opção pela via fluvial representaria um ganho em dois aspectos. “Além de reduzir os custos de operação, a empresa que estiver administrando o sistema ainda pode lucrar com o recebimento de créditos de carbono”, afirma. Para o pesquisador, “outro ponto importante é a imagem da empresa que, além do lucro em dinheiro, ganha uma imagem de ‘responsabilidade social e ambiental’”.

A perspectiva de crescimento da exportação de álcool combustível é o principal motivador para utilização do modelo hidroviário. Pereira revela um dado surpreendente: “Atualmente o Japão tem um programa para, até 2010, incorporar 3% de etanol na mistura da gasolina. Se fossem 5%, isso consumiria todo o álcool produzido hoje no Brasil”.

Segundo o Ministério dos Transportes, existem 28 mil quilômetros de vias navegáveis e mais 15 mil podem ser explorados. No entanto, apenas 8500 são utilizados para transporte de cargas. O sistema hidroviário brasileiro responde por apenas 13% da movimentação de cargas do País, ou seja, aproximadamente 23 milhões de toneladas por ano.

Da USP Online



11/21/2007


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