Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após formatura da escola profissionaliz



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Última Parte Sucessão Presidencial Repórter - O governador do Amapá, João Capeberibe, já manifestou a idéia de ser pré-candidato à presidência da República. Como o senhor vê isso, sendo um dos favoritos também dentro do partido? Alckmin - Não, eu não sou candidato. E acho que agora não é hora de decisão de escolha de candidatura. Nós temos tantos problemas para resolver, tanto trabalho para ser feito e tanta coisa boa que pode ser feita - veja esse caso aqui da Febem: é um novo esforço, uma nova visão, um novo futuro, um novo modelo. Há tanto trabalho, cada coisa tem seu tempo. Antecipar o debate sucessório é ruim para o povo, é ruim para o Governo. Eu não vou participar dessa antecipação. Repórter - O senhor não deve ser candidato em momento algum? Alckmin - A eleição é o ano que vem. Repórter - O senhor defendeu as prévias, e em relação às primárias? Eu queria que o senhor falasse o porquê das prévias em relação às primárias. O senhor também defende as primárias? Alckmin - Não, o que eu defendo, acho que no momento oportuno, no caso do meu partido, é que se escute os que participam do partido. Acho que uma primária, uma prévia é boa para a escolha de cargo majoritário, porque fortalece a vida partidária. O Brasil tem muita cultura de personalismo na política, mas não tem cultura de vida partidária, de partidos com programas, com propostas, com fidelidade partidária. Então a primária legitima mais o candidato, fortalecendo a vida partidária. Repórter - O deputado Sérgio Machado, líder do PSDB, defende o voto facultativo e também a proibição dos 15 dias anteriores à eleição para divulgação de pesquisas. Isso é a reforma política que o senhor vem defendendo, não é? Alckmin - O voto facultativo, quando eu fui constituinte, já defendia. Acho que nada deve ser obrigatório, a gente deve confiar nas pessoas. Aliás, o voto no Brasil já é facultativo para quem tem de 16 a 18 anos e para quem tem mais de 65 anos de idade. Por que os outros são obrigados? Deve ser fruto de cidadania e não de obrigação, de medo de multa, coisas desse tipo. Repórter - E quanto à proibição das pesquisas nas vésperas das eleições? Alckmin - Eu não vejo isso de forma tão grave não. Acho que a pesquisa tem seu efeito. Proibir as pesquisas 15 dias antes para não induzir o eleitor, não sei, acho que isso precisa ser mais bem avaliado. Desapropriações no Rodoanel Repórter - Governador, no Trecho Oeste do Rodoanel, as desapropriações dos terrenos têm apresentado aumentos de valores em média de 68%. O governo está chegando a pagar R$ 326,00 pelo metro quadrado de um terreno que o próprio dono e o mercado dizem que vale R$ 80,00 o metro quadrado. O Ministério Público abriu uma série de investigações e a Assembléia Legislativa pretende fazer uma CPI. Como é que o senhor vê isso, uma das principais obras do Estado com denúncias de superfaturamento nas desapropriações? Alckmin - Mas o Governo é vítima. Porque não há uma decisão dessas que o Governo não tenha recorrido, qualquer decisão da Justiça sobre a qual o Governo entende que o valor é elevado, nós recorremos. Então, todos esses casos citados, o Governo recorreu. Só vamos pagar se for condenado pelo Tribunal, caso contrário não vamos pagar. Aliás, como não estamos pagando os precatórios ambientais da Serra do Mar, que existe até caso transitado e julgado, já correu todas as instâncias. Nós estamos indo à Brasília e estamos conseguindo reabrir esses processos para rever os valores. Repórter - O senhor acha que pode ocorrer com o Rodoanel o que aconteceu com esses superprecatórios da Serra do Mar? Alckmin - Não, porque não tem nenhum caso transitado e julgado. Os precatórios da Serra do Mar passaram por todas as instâncias, ou seja, têm uma decisão final. Mesmo assim, nós solicitamos ao Superior Tribunal de Justiça a reabertura de vários processos. Ganhamos seis agora há 15 dias. O Governo não paga enquanto não houver nova avaliação dos valores, que será feita por novos peritos a serem nomeados. Repórter - Governador, os mesmos peritos e boa parte dos advogados que ganharam processos milionários na Justiça com as desapropriações da Serra do Mar estão agindo no Rodoanel e a história está se repetindo. Não é muito estranho isso ocorrer novamente, ainda mais numa obra que leva o nome do governador Mário Covas? Alckmin - O problema não é do Rodoanel, o problema é das desapropriações. Vou dar um exemplo claro para você: o Parque Villa Lobos. Quando o governador Covas assumiu, havia uma decisão judicial desse parque, determinando que teria de pagar a desapropriação, eram R$ 650 milhões naquela época. Nós mandamos fazer duas avaliações: uma pela CPOS (Companhia Paulista de Obras e Serviços) e outra pela Nossa Caixa. Uma avaliou a área em R$ 150 milhões e a outra em R$ 160 milhões. Só que o Governo estava sendo condenado na Justiça a pagar R$ 650 milhões. Essas coisas são tristes e o pior é que correm juros moratórios e juros compensatórios sobre estes precatórios, que viram uma bola de neve, ou seja, bilhões de reais. Então, o que se pode fazer? Lutar judicialmente para reduzir esses valores e, mesmo os casos transitados e julgados, pedir para reabrir o processo e reavaliar. Eleições 2002 Repórter - Governador, ontem o governador do Espírito Santo se desligou do partido. O PSDB já perdeu alguns nomes e tem ainda governador do partido sendo investigado. Não vai ficar difícil levantar a bandeira da ética em 2002? Além disso, o partido não vai perder peso por conta dessas desistências? Alckmin - Acho que essa medida do governador foi correta, acho que ele se antecipou a uma decisão partidária. Se você verifica que algum membro do partido - seja ele prefeito ou governador - tem comportamentos que não estão de acordo com a conduta partidária, que é a ética da moralidade, da austeridade e do respeito ao dinheiro público, ele deve ser afastado. O governador do Espírito Santo se antecipou e se desligou. Repórter - Qual é o melhor nome que o senhor acha que deveria ser indicado pelo PSDB para as eleições do próximo ano? Alckmin - No ano que vem. Racionamento de Água Repórter - Governador, o nível do Sistema Cantareira continua caindo apesar das chuvas dos últimos dias. Chegando agora no fim de julho, início de agosto, o Governo vai fazer uma nova análise? Poderemos ter racionamento em São Paulo? Alckmin - Essa análise é permanente. A Sabesp acompanha diariamente o nível de água da Cantareira, da Guarapiranga. Isso é permanentemente monitorado, estando dentro do nível de segurança e a população ajudando como está, ou seja, fazendo economia, não haverá necessidade de racionamento. Nós estamos com 13% de redução de consumo, o frio ajuda também, porque quanto mais frio, menor o consumo de água. Se houver necessidade de racionamento, o Governo vai tomar atitudes, mas por enquanto não há. Esse monitoramento é permanente. Leia também: