Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin após inauguração do Centro de Integraçã
Parte I
Parte I Pergunta: Qual a finalidade do Centro de Integração da Cidadania? Alckmin: ... Juizado de Pequenas Causas, Ministério Público, Polícia Civil, Polícia Militar, tira documentos, carteira de trabalho, carteira de identidade, antecedentes criminais, serviços sociais, CDHU, Secretaria de Emprego, Programa de Auto-Emprego, Procon, uma área de cultura, teatro de arena, é um espaço da comunidade. Pergunta: A meta é instalar quantos CICs até o final de 2002? Alckmin: Esse é o quarto, o primeiro da Zona Norte. Nós temos um na Zona Leste, Itaim Paulista, um na Zona Sul, Jardim São Luís, um na Zona Oeste, Parada de Taipas e o primeiro da Zona Norte aqui no Jaçanã. Essa é a maneira de você trazer o Governo mais perto da população e de você agir mais nas causas da violência, unindo mais a comunidade, colocando o Judiciário, a polícia, o serviços social muito perto da população. A proposta é ter mais nove. A idéia é ter mais 10, os projetos de nove já estão prontos. Isso é uma parceria também com o Governo Federal. O prédio custou 1 milhão e 200 mil reais, o Governo do Estado que arcou com a despesa e o Governo Federal, através do Ministério da Justiça, entrou com os equipamentos, R$ 147 mil. Pergunta: Esse especificamente ou os outros também? Alckmin: Neste especificamente, então, 1 milhão e 200 mil reais o prédio, R$ 147 mil os equipamentos. Aqui nós teremos também toda a parte de laboratório de informática, computação, Infocentro, para o pessoal aprender informática e um laboratório do PAE, também do Programa de Auto-Emprego. Pergunta: Governador, como o senhor recebeu essa ação do governador de Minas Gerais tentando tumultuar a privatização da CESP? Alckmin: Olha, ele está no direito dele, se ele acha que deve entrar com a ADIN, nós vamos aguardar com tranqüilidade o pronunciamento do Supremo Tribunal Federal e respeitá-lo qualquer que ele seja. Pergunta: Não existe hierarquia entre os estados, o edital não poderia não permitir a participação de outros estados no processo privatização? Alckmin: É, esse é o argumento alegado, na realidade essa lei é de 1996 e em todo o Programa de Privatização isso nunca foi levantando. Vamos aguardar o Supremo, o que ele decidir o Governo de São Paulo vai cumprir. Pergunta: Governador, a ação contem o pedido de suspensão cautelar do leilão. De que maneira o governo paulista está se preparando para rebater essa possível liminar que adie o leilão? Alckmin: Isso não é novidade. Os opositores da privatização a estratégia deles é sempre a de postergar e de entrar no caminho jurídico, buscar liminares, suspensão, adiar leilão...Nós não tivemos um leilão em São Paulo que não foi objeto de tentativa de adiamentos de mandado de segurança de liminares, essa é a batalha jurídica... o que nós vamos fazer, nós temos que enfrentar. Pergunta: O senhor já acionou a PGE, já está tomando alguma providência nesse sentido? Alckmin: Claro, evidente, a hora que o Supremo Tribunal Federal ouvir, São Paulo vai se manifestar. Pergunta: O senhor recebe hoje o ex- governador de Minas, Eduardo Azeredo, que é um adversário político, declarado, do governador Itamar Franco. O encontro vai trazer alguma estratégia para tentar interceptar a ação do Itamar? Alckmin: Não tem nada a ver uma coisa com outra. O Eduardo Azeredo, logo depois que eu assumi o Governo, pediu para vir tomar um café, bater um papo, faz mais de um mês, eu não marquei antes porque não deu tempo, coincidência. Aliás eu quero dizer que essa questão jurídica envolvendo a CESP, não tem nada a ver com Minas Gerais, o povo de Minas Gerais é muito amigo, nós paulistas temos muitas raízes mineiras, aliás eu tenho uma cota do bom sangue mineiro, em Delfim Moreira existe uma fabriqueta de doces, marmelada, goiabada, pessegada, chamada AlquiMinas. Meus avós são mineiros, nós vamos manter um bom relacionamento, essas questões jurídicas serão superadas. Pergunta: Governador, então não é preciso avisar o Itamar Franco sobre isso? Alckmin: Não, isso infelizmente já faz parte da luta eleitoral que se avizinha o ano que vem. Pergunta: Falar em luta eleitoral governador, como é que o senhor avalia essa estratégia do Presidente Fernando Henrique Cardoso de ter trocado as multas por um bônus, agora às vésperas do racionamento? Alckmin: Eu acho uma boa medida, eu acho que você sempre deve ver o lado positivo, eu acho que mais do que punir, até porque não há porque punir, a população não é responsável porque não choveu ou porque está faltando energia. Então ao invés de punir, o que se deve é estimular. Eu fiz uma reunião com os funcionários mais próximos lá do Palácio, desde a copeira que serve café, a cozinheira, falei olha, economia de água e de luz, vai fechando a torneira vamos economizar apagando a luz... e todo mundo falou: em casa nós já estamos fazendo. Então você vê, sempre dá para economizar um pouco sem diminuir a qualidade de vida. Pergunta: Isso não demonstra uma certa falta de unidade na estratégia que vai ser adotada? Porque até ontem, o Ministério de Minas e Energia e o próprio operador nacional do sistema, eles traziam essa idéia da multa e de ontem para hoje não é mais multa, é bônus. Alckmin: Desde que você mude para melhor...Eu acho que é mais inteligente, acho que você estimula mais a população. Se ela fizesse economia ela não ia ganhar nada, se ela gastasse mais, seria punida. Agora você estimula, se você fizer economia você vai ter um bônus, vai ter um prêmio. Acho que é uma medida inteligente. Pergunta: Mas os apagões vão continuar... Alckmin: Se não chover nós podemos ter problemas, isso é evidente. Agora eu acho que nós precisamos agir com cautela, acho que a população vai responder positivamente a essa campanha. Pergunta: Não é um pouco irracional uma empresa pedir à população que consumam menos o produto dela? Alckmin: Mas é necessário, porque se todo mundo colaborar, você vai ter problemas menores. A matriz energética do Brasil é muita assentada sobre hidroelétricas, então nós temos dois problemas em razão dessa matriz energética. O primeiro é que se não chove e os reservatórios não têm água, você não têm energia. O segundo é que a possibilidade de aumentar a oferta de energia por hidroelétricas vai se esgotando. Você veja aqui em São Paulo terminando Porto Primavera no Rio Paraná, o Governo está colocando a décima turbina e cada turbina tem cem megawatts, hidroelétrica que começou na década de 70, levou mais de 20 anos para terminar. Você não tem mais por onde expandir, o caminho vai ser por termoelétricas e co-geração, então tem que acelerar as usinas termoelétricas a partir do gás natural que é uma energia limpa não poluente, energia verde... e também co-geração. Pergunta: Como o senhor vê a atitude do Ministro da Integração Nacional, Ferrando Bezerra com essa conversa que ele tem hoje com o presidente Fernando Henrique Cardoso, você acha que ele deve se demitir do cargo, o que o FHC deveria fazer? Alckmin: Olha eu acho que essa é uma decisão pessoal do Ministro, que eu respeito, mas acho há duas questões importantes, a primeira é que na vida jurídica é que quem acusa é que deve ter o ônus da prova. Na vida política eu acho que é o inverso, o homem público tem a obrigação de explicar, ai inverte, o político é que não pode deixa dúvida e o Brasil tem que acabar definitivamente com essa promiscuidade entre o público e o privado. Não é possível mais essa coisa misturada, precisa romper com essa cultura. Eu aprendi desde cedo, homem público não compra não vende e não troca. Você é pago pelo povo, exerce o mandato para trabalhar pela comunidade, para o bem comum, espírito coletivo. Essas decisões são da esfera federal. Pergunta: A denúncia de desvio de verba envolvendo o ministro Fernando Bezerra fortalece a instalação da CPI? Alckmin: Eu sempre fui contra essa CPI genérica, continuo sendo contra. Eu acho que uma coisa é você ter um foco fazer uma investigação, colaborar com ela, encaminhar para o Ministério Público... mas na realidade CPI genérica com vinte e tantos itens... isso não serve, eu sou contrário e acho que isso não é bom para o país. Eu acho que esse casos têm que ser resolvidos e você tem instrumentos para resolver. Pergunta: inaudível (muitos falando ao mesmo tempo...) Alckmin: Nós criamos uma comissão cumprindo a lei Estadual formada por representantes da agricultura, setor de serviços comércio e da indústria, do setor empresarial e dos trabalhadores, dos deputados estaduais, do Governo Estadual e dos prefeitos. Para o Governo não tem muito nexo essa discussão, porque o nosso piso é R$ 300,00 então esse piso superior a R$ 180,00 vai valer para a prefeitura e para o setor privado, não é o governo que vai pagar, então você tem que ouvir para ver microempresas, setor agrícola, o que é possível suportar. Então essa Comissão vai estudar vai analisar, debater, refletir e encaminhar uma proposta. Pergunta: Em uma questão sobre política, o envolvimento de Arruda, de Jader, do ministro Bezerra, não poderia enfraquecer a base aliada e fortalecer a oposição, no caso do PT em 2002? Alckmin: Olha, isso não ajuda o governo, evidente, mas eu acho que não, acho que na realidade, a sucessão no ano que vem, vai se dar por outros fatores. Acho que nunca o país num regime democrático, com todas as garantias democráticas, avançou tanto na reforma do Estado, na estabilização da economia, da moeda estável, nos avanços sociais... Ontem eu recebi o Ministro da Reforma Agrária e ele disse que o presidente faz questão de vir a São Paulo para comemorar 500 mil famílias assentadas na reforma agrária, 2,5 milhões de pessoas. Então você avançou na educação, na saúde, na reforma agrária, na economia, uma conquista que a minha geração não conhecia que é ter a moeda estável, tudo isso num regime democrático, não é fácil, com essa quantidade de partidos políticos, essa falta de cultura partidária que o Brasil tem, as questões regionais que o país tem, um país de dimensões continentais que o país tem. O trabalho do presidente é um trabalho que vai05/08/2001
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