Trechos da entrevista coletiva do governador Geraldo Alckmin nesta terça-feira, após inauguração do
Parte final
Parte final Segurança Repórter - Com relação à segurança. A gente já sabe que o senhor é um homem sério, mas com relação à segurança, principalmente aqui nos bairros pobres, nós temos muita preocupação com o apagão que está acontecendo, então a gente, dos bairros mais pobres, Saúde, Jabaquara, Vila Vera, a gente que trabalha, tem uma preocupação muito grande em sair à noite, governador? Alckmin - Bom, como é que se melhora a segurança? É com mais Polícia na rua para poder mais rapidamente (inaudível)... e tenho notícia de que se a Assembléia Legislativa não aprovou ontem está aprovando hoje a lei que autoriza contratar quatro mil agentes especiais penitenciários. Nós vamos abrir quatro mil empregos novos para os guardas de muralha, vamos tomar quatro mil policiais militares que estão nas penitenciárias e colocar para proteger a população, fazer policiamento de rua. Então, aumentar o efetivo da Polícia; equipar melhor a Polícia, desde helicóptero, armamento, sistema de telecomunicação, informática, geo-referenciamento; Polícia comunitária, Polícia mais perto da sociedade civil, município e Conseg; logística nesse trabalho; integração maior das Polícias Civil com a Militar; e fazer penitenciárias. A Polícia trabalhando prende pessoas e é preciso ter um local seguro para diminuir o risco de fuga e rebelião. Nós estamos fazendo simultaneamente nove penitenciárias fechadas hoje, dois Centros de Progressão Penitenciária e seis Centros de Detenção Provisória. E tirar preso de delegacia e distritos policiais para os CDPs para a Polícia Civil poder trabalhar mais na investigação. Repórter - Governador estourada mais uma central telefônica do PCC em São Bernardo. O que o senhor achou disso? É mais um exemplo da ramificação desse tal partido ou é a Polícia que está atuando melhor para coibir a atuação desse partido? Alckmin - Isso mostra duas coisas. Uma questão é que, infelizmente, crime hoje é empresa, isso é bussiness. O crime organizado é negócio, isso se organiza como empresa. É uma coisa que tem estrutura, central telefônica, é uma barbaridade. A outra é o aspecto positivo, o Governo agindo firmemente e com eficiência. E mais, agora isso não termina porque à medida que você vai tendo acesso e desarticulando essas centrais de comunicação, você vai prendendo mais criminosos e tendo conhecimento de como eles trabalham. Então, você prendeu catorze na semana passada, agora mais uma central foi estourada, aí você vai tendo mais acesso e vai desarticulando o crime organizado. A outra preocupação é o que eu chamaria de crime desorganizado, que é até mais complicado. É aquela pessoa que vai sozinha no semáforo e ameaça a pessoa, rouba relógio, carteira. Essa também é uma tarefa dura. Então, de um lado combater o crime organizado, do jeito que a Polícia está fazendo, de maneira eficiente. Aliás, a primeira medida, qual foi? Tirar os líderes do crime organizado do Carandiru. Ela foi tão necessária e eficiente que houve uma mega rebelião e o Governo não recuou. A segunda foi tirar mais duzentos. O Governo não recuou. Houve até o seqüestro de uma filha de um diretor da penitenciária de Taubaté (inaudível)... A terceira foi estourar essas centrais telefônicas. Agora uma nova... Esse é o trabalho que tem que ser feito, provar que o crime não compensa. Repórter - O Governo teme alguma represália a esse tipo de ação? Alckmin - Problemas podem existir e precisam ser enfrentados. Meio Ambiente / Rádios Comunitárias Repórter - Governador, a gente está no Dia do Meio Ambiente. O senhor tem alguma novidade a respeito da questão do Rio Pinheiros? Alckmin - Tá quase. Nós estamos num entendimento muito bom com a Petrobrás e, fazendo com a Petrobrás, a Procuradoria Geral do Estado está avaliando que fica dispensada a licitação, porque a EMAE é uma empresa pública, ela é do povo de São Paulo, a Petrobrás também é uma empresa pública, então aí se ganharia tempo já poderia fazer a primeira fase da despoluição do Pinheiros. Ontem eu ainda cobrei do secretário de Energia, Mauro Arce, ele deve estar essa semana fechando os entendimentos com a Petrobrás, aí vamos assinar o convênio e as obras começam. Repórter - Quanto tempo o senhor acha que o Governo do Estado consegue assinar esses convênios? Alckmin - Se correr tudo bem, entre uma e duas semanas. Repórter - Governador, aproveitando a presença do senhor aqui hoje, muitos homens da imprensa, é o seguinte: a gente sabe que o presidente Fernando Henrique Cardoso, na época do ministro Sérgio Motta, assinou uma lei com relação a rádio comunitária no Brasil, nós representamos uma rádio comunitária, a rádio estrada, nós nos preocupamos com a questão social dos bairros carentes da zona Sul. Eu queria saber o que o senhor pensa a respeito da rádio comunitária? E agora, no dia 4 de maio, o presidente da República assinou uma medida provisória. Aproveitando sua presença aqui, eu gostaria que o senhor conversasse com o presidente a respeito da rádio difusão comunitária no Brasil. Alckmin - Olha, a rádio comunitária é positiva, porque nós vivemos num mundo globalizado onde você sabe o que está se passando lá na Chechênia. Você sabe online o que se passa do outro lado do mundo, e nem sempre sabe o que está acontecendo no seu bairro. Então ela é positiva, ela traz uma contribuição para a sociedade, informação, ela aproxima as pessoas, fortalece o espírito comunitário, preserva a cultura local, ela é positiva. Agora ela tem que estar dentro da Lei, das regras e do ordenamento jurídico. Repórter - Porque foi aprovada em 1998 e ainda não foi totalmente legalizada, não é governador? A Polícia Federal ainda continua fechando rádios. Alckmin - É, isso depende da área federal, não é da competência do Estado, mas eu acho que o Governo deve avançar nesse caminho. Salário / Eleições Repórter - Governador, o que o senhor acha dessa manifestação aí fora, do sindicato dos funcionários do Zoológico reivindicando aumento? Alckmin - Eu acho normal. Nós estamos numa época em que o Governo está estudando possibilidade de reajuste então é normal que o pessoal... Repórter - inaudível... Alckmin - Não houve perda de salário no período do governador Mário Covas. Os reajustes foram superiores à inflação no período. Agora você perguntar se o salário é ótimo, não é. É evidente que se pudesse ser mais alto seria melhor. Agora nós temos o problema da Lei da Responsabilidade Fiscal e a própria limitação orçamentária. Eleições Repórter - Sobre a cena política. Serra seria o candidato do Fernando Henrique Cardoso. Bornhausen e o Tasso falando do seu nome. Isso não poderia provocar nenhum embate em relação à presidência? Alckmin - Olha, primeiro eu não sou candidato. É engraçado, vocês não acreditam muito. Eu não sou candidato. Segundo, eu vou apoiar o candidato do meu partido, o PSDB. Terceiro, eu acho que não deve decidir agora. Repórter - Quem seria o candidato do seu partido? Alckmin - Nós vamos decidir mais à frente. Repórter - O senhor não respondeu à pergunta. O senhor aprendeu então com o governador Mário Covas a dizer 'eu não sou candidato' até o último momento? Alckmin - Não, eu aprendi com o governador Mário Covas muitas coisas positivas. Eu acho que não é a hora de antecipar o processo sucessório. Tudo tem uma agenda. Eu sou médico, cada coisa vem ao seu tempo. Sarampo, catapora,06/05/2001
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